Vejam, vocês mesmos, a que ponto chegou o
governo errático, atabalhoado, atrapalhado, confuso, atropelado e
destrambelhado do Capitão.
Na quarta-feira (27), ao ser confirmada como a
nova líder do governo no Congresso, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP)
defendeu que o Capitão seja erigido à condição de “garoto-propaganda
da reforma da Previdência e emendou dizendo textualmente o seguinte: “Ele
é um fenômeno de comunicação nas redes e foi chamado pelos líderes para fazer
também essa campanha”.
Hehehe.
Pois no dia seguinte, quinta-feira (28), o
Capitão teve um encontro com jornalistas, no qual acordou
para o fato de que, sim, ele é o presidente da República.
No encontro, entre outras pérolas, não descartou
a possibilidade de que a idade mínima para a aposentadoria das mulheres seja
fixada em 60 anos, dois a menos do que prevê a PEC da Previdência.
Disse ainda que o modelo proposto para
benefícios pagos a idosos carentes poderia ser discutido, além da fórmula de
cálculo da pensão por morte.
E aí?
E aí que
o governo do próprio Capitão entrou em pânico. E acontece isso aí, traduzido
em manchete de primeira página da Folha
de S.Paulo deste sábado (02): ao que parece, o maior opositor dos termos da
PEC da Previdência é o próprio governo, pela voz de ninguém menos que do
presidente da República, aquele que todos querem ver atuando como
garoto-propaganda.
Que goroto-propaganda é esse, gente?
É esse mesmo o garoto-propaganda que vai
viabilizar a aprovação da reforma da Previdência?
Convençam-se de um fato: parodiando Romário, em
sua célebre tirada sobre Pelé, Bolsonaro, calado, é um poeta, um
estadista, um garoto-propaganda de qualquer coisa.
Bolsonaro venceu as eleições porque, justamente,
não foi aos debates para debater.
Porque preferiu – como ainda tem preferido –
fazer suas alocuções solitárias – enclausurado, isolado, longe de públicos ou
de plateias que possam testar seu poder de persuasão, de convencimento sobre
qualquer tema.
Por isso, por exemplo, ele não enfrenta
jornalistas em uma entrevista coletiva – cara a cara, frente a frente, olho no
olho, sem temas preliminarmente proibidos a abordar.
Por isso, por exemplo, o
Capitão fugiu de uma entrevistas em Davos, onde fez um discurso
meteórico e depois sumiu, evitando conversas com jornalistas do mundo inteiro
que gostariam de conhecer suas ideias, inclusive sobre o laranjal que põe sob
suspeitas seu filho Flávio Bolsonaro, senador pelo PSL do Rio.
O Capitão, vamos e convenhamos, já é rodado,
bastante rodado na vida pública, muito embora tenha sido eleito com um discurso
de que inauguraria a “nova política”. Mas sua “novíssima
política” é um revival da velha – da velhíssima.
Enfim, como político rodado, Bolsonaro nunca foi
acostumado a articular nada, a negociar nada, a participar de contraditórios
com ninguém.
Então quer dizer que agora, na condição de
presidente, vai virar um garoto-propaganda da PEC da Previdência, que enseja debates
sobre temas tecnicamente intrincados?
Então quer diz que agora, na condição de
presidente, o presidente será capaz de comandar ele próprio, pessoalmente, uma
negociação com todos os segmentos sociais, que têm restrições à reforma como
foi proposta?
Com todo o respeito, contem outra.
Porque
nessa, sinceramente, nem o Capitão acredita.
Um comentário:
Blog, esquece essa paixão bolsonariana.... tá ficando feio
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