A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão
(PFDC), do Ministério Público Federal, integrou missão emergencial que esteve
no município de Redenção (Pará), onde, na última quarta-feira (24), dez pessoas
foram mortas por policiais civis e militares. Diante dos fatos observados, a
PFDC apresenta indagações, que acredita serem respondidas no curso das
investigações:
1)
Por que a Secretaria Estadual de Segurança Pública endossou tão prontamente a
versão de que os policiais foram recebidos a tiros, por ocasião do cumprimento
dos mandados de prisão e de busca e apreensão na fazenda Santa Lúcia, município
de Pau d'Arco, e a morte das dez pessoas foi resultado de reação legítima?
2)
Considerando que a ação da polícia deve ser orientada no sentido de assegurar o
cumprimento da ordem com o menor dano possível, como foi o planejamento para a
execução dos mandados? Assinale-se, quanto a esse ponto, que o delegado
Valdivino Miranda da Silva Júnior, da Delegacia de Conflitos Agrários, ao
representar por prisões preventivas e temporárias e por busca e apreensão,
informou que havia pessoas portando armas na área.
3)
Como explicar o fato de que a polícia, sabendo da circunstância de que há alvos
armados, ingressa em área de difícil acesso, pouca visibilidade e extensão de
aproximadamente 2km, expondo-se a ataque imprevisto e inesperado?
4)
Em tais condições, de ampla vantagem para os ocupantes que estão escondidos na
área, como justificar a versão da troca de tiros, em que nenhum policial é
ferido e 10 pessoas são mortas?
5)
Por que integrantes da empresa que fornecia segurança privada à fazenda Santa
Lúcia acompanharam a equipe policial que foi em busca das pessoas a serem
presas? A empresa de segurança Elmo está em situação regular? Quem são seus
sócios controladores?
6)
Por que os corpos foram removidos, adulterando a cena dos fatos? Havia dúvida
sobre a morte das dez pessoas? Então, o que explica o longo período transcorrido
(quase três horas) desde os disparos até a chegada ao hospital Iraci, em
Redenção, e a forma como os “feridos” foram transportados, empilhados na
caçamba de caminhonetes?
7)
Foram localizados projéteis na área e devidamente periciados?
8)
Considerando, por fim, que há sobreviventes cujos testemunhos dão conta de
tortura e execução, a PFDC quer acreditar que a preservação de sua integridade
seja de interesse geral.
Sobre a missão
Além da procuradora federal dos Direitos do
Cidadão, Deborah Duprat, a missão emergencial que esteve na região de Pau
d'Arco, em Redenção (PA), contou com a participação do procurador da República
na localidade, Igor Spíndola; do presidente do Conselho Nacional de Direitos
Humanos, Darci Frigo; e do procurador-geral de Justiça do Estado do Pará,
Gilberto Martins, além de outras instituições locais. Saiba mais aqui
e aqui.
Fonte: Assessoria de Imprensa do MPF no Pará
Um comentário:
E ainda temos de aturar o filósofo-deputado-delegado derramando sapiências em vídeo já com julgamento pronto e absolvição dos pms e condenação dos mortos , "todos bandidos".
Julgamento sumário do mesmo tipo que foi a ação dos puliças na chacina.
Triste.
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