Um bom relacionamento com as fontes pode render furos e até grandes reportagens. Por outro lado, se a convivência pender para o lado pessoal, o jornalista coloca em risco a independência e isenção de suas matérias. Em um momento que informações erradas transbordam na internet, jornalistas que prezam por uma apuração rigorosa preferem o contato direto com quem realmente sabe do assunto. O grande desafio é se relacionar caminhando em uma linha tênue entre o pessoal e o profissional.
Em palestras que dá sobre o tema, o comentarista esportivo dos canais ESPN e da Rádio Estadão/ESPN, Paulo Vinícius Coelho (PVC), costuma dizer que o limite da relação é o “fio da navalha”. “Não pode se afastar da fonte, mas também não pode ser amigo e perder informações. Esse é um exercício diário de tentativa e erro. Às vezes a relação se confunde, pode se afastar, se aproximar”, explica ao Comunique-se.
Nos bastidores da televisão, cercada de famosos, a colunista da Folha de S. Paulo, Keila Jimenez, diz que nunca pediram para ver a matéria antes de ir ao ar, o que é uma prática comum, porque sempre deixou tudo às claras. “Neste ambiente de televisão as pessoas tem um ego muito grande. Eu mantenho distância. Não costumo aceitar convites pessoais. Eu penso: ‘Quais são os interesses dela ao me passar isso? E ao me convidar pra aquilo?’. Sempre tem alguém tentando te manipular”, alerta.
Os dois concordam que é preciso ter acesso a quem tem a informação certa. “A internet é uma ferramenta excepcional que pode te servir de parâmetro para uma pauta ou ideia, mas não pode acabar ali”, explica PVC. Sobre a melhor maneira de entrar em contato, Keila avalia que vai depender da fonte e do assunto a ser tratado. “Tem coisas delicadas que não podem ser faladas pelo telefone.Como não consigo me ausentar o tempo todo, faço umas 100 ligações por dia, que às vezes só rendem uma nota. Outras vezes não rendem nada”.
Para os estudantes e recém-formados que estão começando na carreira, PVC dá dicas. “Não se deve trocar informação por interesses. A credibilidade é nossa matéria-prima. O jornalista tem a obrigação de publicar tudo que sabe e deve priorizar o leitor”.
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