sexta-feira, 25 de março de 2011

Anátemas drogas legalizadas


O que você acha de o governo legalizar o uso e, consequentemente, o comércio da cocaína e do crack, sob o argumento de uma pesada tributação? Um absurdo, não é mesmo? Isso porque, na balança social do custo-benefício, o peso é muito negativo. Agora, o que você pensa se essas drogas fossem bastante diluídas, de modo que o efeito da dependência química pudesse ser igualmente paulatino e gradual?
Em termos comparativos, eis o que acontece com o consumo do cigarro de do álcool no Brasil. São drogas tido como “sociais”, legalizadas e altamente lucrativas para o governo.
A legalização da bebida e do cigarro no Brasil é um grande paradoxo estatal. O governo arrecada fortunas com a tributação. E perde infinitamente mais com os resultados nefastos desse anátema comércio.
Esses resultados vêm de muitas formas. No caso da bebida, com a mortandade em nossas estradas, sendo mesmo o álcool o principal motor dessa tragédia nacional. Depois vêm as doenças. Na mente e no corpo. Câncer. Cirrose. Doenças cardiovasculares, pelo costume de se misturar bebida e gordura animal nos tira-gostos, que tiram, de fato, o gosto de muitos viverem bem.
Vêm as mazelas sociais: a dependência química torna um pessoa improdutiva, afasta amigos, destrói a família, mata uma pessoa em plena vida.
Enquanto isso, o governo continua lucrando alto com a desgraça do povo. Concede incentivos fiscais a indústrias etílicas. Permite que seus anúncios estejam em horário nobre da televisão. Persiste no anátema erro de associar bebida alcoólica ao futebol, ao gosto pela novela, aos reality-shows. Como se não bastasse o carnaval, esse pai de todos os anátemas brasileiros, em termos de produção social.
Depois vem o cigarro: cilindro da morte, pena capital autoexecutável, algo completamente alheio à fisiologia de nosso corpo. Defumador de almas e pulmões. Pulmões enegrecidos pela fuligem que reduz a cinza a obra-prima de Deus.
Aí entra em cena o falso carimbo purificador do governo: cigarro, droga legalizada. Morte legalizada. Loucura tributária. Coisa que nenhum governo de mente sã haveria de classificar como “produto”, seja de importação ou exportação. Isso porque alíquotas elevadas não têm o poder de legalizar o malefício. Tributem-se em 100%, e mesmo assim o cigarro continuará matando. Mesmo assim será veneno. Mesmo assim o governo será eternamente culpado pelo genocídio social causado por essa droga anátema.
Precisamos, enquanto seres inteligentes, pensar acima da máquina estatal. Acima da média. Pensar por nós mesmos e nossos filhos: bebida e cigarro são drogas anátemas. Cocaína diluída. Crack pulverizado. Não tentem nos enganar com rótulos coloridos nem mulheres seminuas. Não misturem beleza, sexualidade e vícios mortais, posto serem coisas completamente distintas. Nenhum ser humano precisa dessas drogas para viver. Só mesmo para morrer. Porém ninguém está interessado nisto.
O Brasil é um país de cristianismo paradoxo. Ainda não vemos por aqui as marcas do evangelho. Somos o país recordista em morte nas estradas. A única nação do mundo que para durante dias para se embriagar. Povo cujo conceito de legalidade provém das cartilhas doentias do governo.
Precisamos nos erguer. O álcool não esconderá nossas emoções para sempre. Nem revelará quem de fato somos. Não nos dará coragem para morrer. Precisamos olhar as coisas de frente. Com o sangue limpo.
Não precisamos de nicotina. Nossos pulmões foram criados perfeitos. Neles corre sangue. E sangue não sem mistura com fumaça. Não tentem nos enganar com essas anátemas drogas legalizadas.

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RUI RAIOL é pastor e escritor (www.ruiraiol.com.br)

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