De um leitor que se identifica apenas como Otávio, sobre a postagem Exame da Ordem é constitucional e protege o cidadão:
A OAB é mais um símbolo da herança cartorial portuguesa herdado por nossa classe dirigente.
"Eu sou advogado, assim como meu pai o foi e meu filho o será. E todos nós somos membros da Ordem".
Esse deve ser o pensamento padrão desses que se acham os eleitos, escolhidos pelo próprio Todo Poderoso para atuar como operador do Direito.
E eu queria saber desde quando "passar" no exame da OAB é garantia de competência, idoneidade ou qualquer outra marca positiva de caráter.
Basta ver a quantidade de advogados membros da ordem a serviço da bandidagem, quando não são os próprios os bandidos, a extorquir clientes incautos. Mesmo que se reconheça que quando toma conhecimeneto a Ordem tome providências para expurgar os maus profissionais, claro que com direito a ampla defesa.
Quando me refiro a advogado a serviço da bandidagem, não estou aqui referindo-me ao legítmo exercício do ofício jurídico, pois esse é dever. Refiro-me ao puro banditismo mesmo. Basta acompanhar principalmente as notícias sobre o narcotráfico, que cada vez mais se utiliza desses profissionais para romper as condições de isolamento a que suas lidranças são submetidas nas prisões de segurança máxima.
E pra passar nos exames da Ordem hoje, mesmo que a faculdade não seja lá essa coca-cola toda, basta um cursinho desses via satélite das áreas jurídicas, que assim como as faculdades de direito proliferam por aí.
Quem deve dizer se uma instituição de ensino está apta ou não pra formar profissionais é o MEC - e não um órgão de classe -, assim como o próprio mercado de trabalho, que fará a seleção natural, como já o faz hoje mesmo entre aqueles que já são da Ordem.
Além do mais, privar as pessoas da oportunidade de exercer sua profissão é apenas egoismo, medo de concorrência e o rançoso traço cultural de achar que a universisade é apenas para uma minoria. Principalmente da minoria da qual se faz parte.
4 comentários:
Bom dia, caro Paulo:
acompanho sem entusiasmo, confesso, essa discussão, cujo teor, até então, me parecia excessivamente "corporativo". Mas, a opinião do Otávio me deu a visão ampla que eu não tinha. E ele coloca a importância onde ela deve estar: onde o Direito está acima da lei, das isntituições a quem são atribuídas competências para oficializar cursos e das demais profissões? Salvo se for pela nossa herança colonial, e "modernamente" cartorial. Corretíssimo. Obrigada, Otávio, pelo comentário.
Abração, Paulo.
Concordo plenamente.
Éssa é a visão sobre o "direito de dizer o Direito" em Bourdieu. Nem menos,nem mais!
Que texto interessante!
Corajoso, inteligente e fundamentado.
Falar a verdade que uma corporação inteira tentar negar, não é pra qualquer um.
Como estudante de Direito já desconfiava de tal exame, agora, tenho a certeza do seu relativo valor e de quanto o MEC abre mão de funções que são suas. É o Brasil!...
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