Sabem Eugène Ionesco (na foto), o mestre francês do teatro do absurdo?
Tem tudo a ver com Paulo Maluf.
Ou melhor: os rinocerontes têm tudo a ver com Paulo Maluf.
Uma das mais famosas peças de Ionesco chama-se "O Rinoceronte".
Aqui pela redação ainda se encontra esse livro, todo esfacelado, vítima daquelas encadernações horríveis de certos livros.
Pois é.
Em "O Rinoceronte", os rinocerontes - de início apenas um, depois dezenas deles - passam correndo pelas ruas de uma cidadezinha, levantando poeira e deixando à beira do pânico os moradores que assistiam à cena.
"Então, o que você diz?", pergunta-se a um personagem que não dava a menor importância àquilo tudo.
A resposta: "Bem... Nada... isto levanta um poeira..."
Era tanto rinoceronte, mas tanto rinoceronte correndo pra cima e pra baixo, que muitos ficavam aterrorizados.
Mas outros não.
A rinocerantada já havia se tornado uma banalidade.
- Então, o que você diz? - poderíamos perguntar a alguém sobre Paulo Maluf.
- Bem... Nada... isto levanta um poeira... - seria a resposta.
Maluf, você sabem, primeiro foi condenado no caso do frangogate.
Pois não é que o Tribunal de Justiça de São Paulo reformou a decisão?
E não apenas reformou - absolvendo Maluf - como analisou o contrato inteiro e constatou que a gestão Paulo Maluf, na verdade, economizou R$ 200 mil.
Com essa decisão, Maluf deixou de ser inelegível e já foi até diplomado deputado federal, ainda que sob vaias.
Olhem só.
Maluf já disse uma vez que ninguém no Brasil tem a ficha mais limpa que ele.
Com decisões como essa do TJ de São Paulo, vamos acabar acreditando.
Ou vamos acabar dizendo, como o personagem de Ionesco: "Bem... Nada... isto levanta um poeira..."
Putz!
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