quinta-feira, 29 de abril de 2010

Belo Monte: um novo modelo de desenvolvimento

Por CARLOS BORDALO

Os indicadores econômicos do Brasil estão numa velocidade estonteante. A economia cresceu pelo menos 10% no primeiro trimestre. Só as vendas de automóveis, 18% no mesmo período, tendo o investimento estrangeiro direto alcançando US$ 26,3 bilhões nos 12 meses que antecederam a março. Eses são dados do Goldman Sachs.
Já, segundo números do Ministério do Planejamento, anunciados anteontem, 26, tudo indica que a economia do Brasil se expandirá 5,5% este ano, ainda que alguns economistas esperem uma taxa de 7%. Pelas projeções do Ministério, essa será a tendência de uma década.
No Pará, a ALPA vai, finalmente, verticalizar nossa produção, superando a condição de exportador de commodities, gerando 18 mil empregos e um fututo imenso de possibilidades de crescimento. Sem contar a retomada do aumento do PIB parauara. Só em março, o Pará registrou mais de 25 mil postos, com a projeção de alcançar 30 mil até o fim do ano.
É dentro desse contexto que se situa o debate em torno da construção da hidrelétrica de Belo Monte. O Brasil e o Pará precisam produzir energia limpa e barata para sim - e porquê não? - sustentar um crescimento alto e distribudor de renda e riqueza, como vem ocorrendo nos últimos 8 anos. Ela é imprescindível, mas tal como nossa expansão econômica se dá socializando renda e poder, essa obra tem que gerar, simultâneamente - são lados da mesma moeda - conservação do meio ambiente e melhoria na qualidade de vida da população.É por esse viés de raciocínio, de que não basta mais o progresso a qualquer custo ou só para uma minoria próspera, que uma disputa está sendo travada há 34 anos em torno do projeto de Belo Monte.
Neste governo estamos resolvendo a questão em favor dos interesses do Pará, do povo e da natureza, implantando a terceira maior hidrelétrica do país, que fornecerá energia limpa, renovável e incluindo-s, num plano de desenvolvimento regional sustentável, as vantagens tarifárias para o empreendedores e povos locais, cuidando dos nossos índios, dos nossos produtores rurais, dos nossos ribeirinhos.
Desse modo, não se pode levantar a idéia de que falta debate, afinal a sociedade brasileira discute a construção de Belo Monte há pelo menos 20 anos, entre polêmicas, idas e vindas, que já alteraram 100% do projeto inicial, a fim de torná-lo socialmente justo e ambientalmente correto e responsável com a conservação da natureza e da cultura da região. Tanto é que já são 1,4 bi previstos só para as compensações sócio-ambientais. Só a licença ambiental passou 5 anos em estudo para ser concedida. Houve uma redução de 60% na área ocupada pelo reservatório da usina e o lago previsto hoje é 40% daquilo que era anteriormente. Quanto às áreas indígenas, Arara da Volta Grande, Xingu e Paquiçamba, que antes seriam atingidas, não vão mais ser e há previsão de realocação de 16 mil pessoas em melhores condições de vida do que as atuais.
Dizer que os índios lutam para "preservar seu paraíso", mostrá-los dizendo que não sabem se os rios vão secar e que acabará a "água para beber" e "peixe para comer"; a famosa índia que “levantou seu facão" contra a obra nos anos 80 "temerosa" quanto a sua filha pequena e sua "mãe velhinha" é uma manipulação da informação que merece o acionamento imediato do Judiciário, já que nenhuma dessas coisas está em questão.
Por outro lado, temos um potencial hídrico de 260 mil megawatts. Se o Brasil deixar de produzir isso para começar a utilizar termelétrica a óleo diesel será um movimento insano contra toda a luta que nós estamos travando no mundo pela questão climática (que parece não preocupar certo tipo de "ecologista"). Para quem gosta de falar em meios "alternativos", cuidado com os números: Belo Monte vai custar R$ 78,00 o megawatt/hora; uma usina eólica custa R$ 150,00 o megawatt/hora; e uma usina a gás, R$ 200,00 o megawatt/hora.
Toda a grita pela suposta repentina "pressa" do governo não faz o menor sentido, justamente porque o tema se arrasta - e bom que se arrastou a tempo de ser corrigido pelo presidente Lula - há três décadas e temos diante de nós um autêntico - incomode quem incomodar - boom econômico para responder. Nesse momento histórico que se abre, Belo Monte é tão essencial quanto investir na juventude.
Quem se lança ao jus sperneandi por conta da debandada da iniciativa privada do consórcio que vai "levantar" Belo Monte também está equivocado. É claro que um investimento dessa magnitude terá de ser liderado pelo Estado, embora com apoio empresarial. Assim foi ao longo da nossa história para os projetos estruturantes. Não só aqui como em todas as nações que se desenvolveram.
Quanto ao argumento de que o aporte de verbas do BNDES para o projeto vai aumentar a dívida pública, é razoável se ater à conjuntura. Não estamos mais na Era FHC dos juros galopantes, temos as contas sobre controle e a expansão econômica que Belo Monte trará vai sanar tranquila, gradual e processualmente esse investimento, que tem seu pagamento tanto de médio prazo quanto o funcionamento da hidrelétrica.
Portanto, Belo Monte é uma nova concepção de "grande projeto", radicalmente oposta a que prevaleceu durante a ditadura e no processo de "colonização" da Amazônia. É justo que se tema pelos erros do passado, porém é injusto que se rejeite o novo sem conhecê-lo.
Na verdade, há quatro posições que se envolvem nessa discussão: a que desconhece o projeto e, ao invés da busca pela informação, opta pela resistência; a ultra-minoria ideológica contrária a qualquer tipo de desenvolvimentismo; a que não quere que se viabilize a energia necessária porque, politicamente, desejam um "apagão" para poder justificar o de 2001, fruto de uma ideologia livre-cambista que desdenhava do necessário planejamento estatal, aliançado com a iniciativa privada; e a que opera para desqualificar o PAC, que passa a ser reconhecido ao invés de proclamado como "inexistente", usando as boas intenções e justezas da ecologia para servir a propósitos eleitorais incofessáveis e servir aos poderosos interesses de quem pouco importa se a saída restante, sem Belo Monte, seja a energia poluidora, incrementadora do aquecimento global, alta nos custos para o Tesouro e estratosférica para os almejados lucros privados.

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CARLOS BORDALO é deputado estadual pelo PT

4 comentários:

Anônimo disse...

Só faltou ele informar que Belo Monte vai gerar menos da metade da energia que o governo diz que vai (4.500 mw em vez de 11.000 mw). E também faltou falar que se as 157 hidroelétricas do país tivessem as turbinas trocadas por outras mais modernas, o Brasil iria gerar mais 18.000 mw, a um custo menor que os nossos 30 bilhões que o Lula tá tão entusiasmado em gastar na usina. E isso sem prejudicar o meio ambiente e quem vive graças aos rios.

Mas é fácil entender essas omissões convenientes partindo de um político: se Belo Monte não for construída, ele vai acabar perdendo as valiosas fontes de financiamento que as empreiteiras são. Todo mundo sabe
como a política funciona: as empresas doam dinheiro pra campanhas e, em troca, recebem contratos com o governo pra compensar. Belo Monte é apenas mais uma dessas compensações.

Anônimo disse...

Claro inteligência rara e é por isso que o presidentá quebrando o maior pau com elas porque estão fazendo corpo mole. Falar em caixa de campanha mostra bem o quanto são "bons" os argmentos de vcs, "avatares" rsrsrsrs
E que trocassem as turbinas. Isso não daria conta do abastecimento do crescimento do Brasil.
E quando se joga números, como esse de que não é verdade a quantidade de energia que se diz que BM vai gerar, é preciso citar a fonte. Caso contrário, basta eu dizer que vc está enganado e fica por isso mesmo.

Chico Feitosa Jr. disse...

Quero parabenizar o deputado pelo ótimo texto acerca de Belo Monte. Com relação a energia, a usina terá 11 mil mega instalados.. e que serão usados por exemplo agora no inverno (cheia do rio).. qdo chegar o verão a vazão diminui.. essa diferença nos garantirá a média de 4.500... Se o deputado omitiu a informação, vc a distorceu, o q é bem pior...
Só uma correção, Belo Monte será a 3ª maior usina do mundo, e com ela nós paraenses seremos líderes em energia no limpa no Brasil... e com a garantia de 20% aos auto produtores, que dizer que mais ALPAS virão pra cá... esse é o medo da oposição da esquerdalha e direitalha....

Anônimo disse...

Assino em baixo das duas primeiras considerações. E só para acrescentar e mudar o foco, eu pergunto aonde está e como está o processo de acomodação sas populações dos locais que serão alagados,(lhes será assegurado que pelo menos eles tenham a mesma condições de sobrevivencia? nem vou tocar na questão cultural do lugar, familia, tradição etc. E a fauna já está sendo manejada de acordo, para que não façam vomo ja fizeram em outros projetos. Remanejam alguns animais para efeito de satisfação geral. Porem quem conhece sabe que o estrago é grande. Além de morrer uma grande maioria de espécie e espécime, os que sobrevivem não encontraram um habitat adequado para continuar a cadeia natural de interação com o bioma ao qual estavam inserido. Sendo assim não tem como ser favorável a um projeto que não leca a serio o que temos de mais precioso, a vida.