sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Câmara, teu nome é falta de transparência

A democracia brasileira é, melhor dizendo, uma democracia à brasileira.
Vejam esse caso das notas fiscais que Suas Excelências os deputados federais – vários deles – apresentam para justificar os gastos com a verba indenizatória.
A cada dia, a Folha revela uma novidade.
Uma novidade escabrosa, seja bem dito.
Isso tudo tem sido revelado a partir do exame de um calhamaço de 70 mil notas fiscais a que o jornal teve acesso.
Mas o que fez para ter acesso?
Teve que ir ao Supremo Tribunal Federal.
Isso mesmo: preciso acionar a Corte Máxima do País.
E sabem desde quando a Folha tenta pôr a mão nessa preciosidade?
Desde, acreditem, 2003.
Há seis anos.
Céus!
Mas o dinheiro que a Câmara utiliza não é público?
A verba indenizatória que Suas Excelências utilizam não é pública?
Suas Excelências não propagam que usam a verba indenizatória direitinho, dentro dos conformes legais?
Não dizem Suas Excelências que o Legislativo, dos três Poderes, é o mais transparente é o mais devassado pela Imprensa?
Então, pronto.
Se é assim, por que então a Câmara se recusou a fornecer ao jornal as notas fiscais agora cedida apenas por determinação judicial?
Como é que se explica uma coisa dessas?
Só a democracia brasileira explica.
Ou melhor, a democracia à brasileira, em que as garantias legais servem, parece, mais para uns do que para outros.

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