No AMAZÔNIA:
A violência em Belém é um empecilho para o trabalho de urbanização de invasões, impulsionado nos últimos meses por verbas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Funcionários de empresas contratadas para as obras em bairros como Guamá, Tenoné e Pratinha convivem com o medo diário de assalto. A parceria com a Polícia Militar não é garantia de tranqüilidade total, pois mesmo assim casos de assaltos continuam a ocorrer.
A situação mais complicada é a dos assistentes sociais. Se por um lado eles não gostam de fazer visitas acompanhados de guarnições policiais, pois consideram intimidadora a situação. Por outro, temem se tornar vítimas de bandidos. Ainda há o fato de que, por caminhar diariamente pelos bairros, para entrar em contato direto com a população e levantar as demandas, se tornam ainda mais vulneráveis a assaltos.
Nesta semana, uma assistente social foi assaltada pouco antes de chegar ao local de trabalho, no Guamá. A ocorrência assustou porque o trabalho social não havia completado sequer duas semanas na área. E mesmo antes disso, quando apenas a parte de engenharia havia começado, o grande número de furtos e roubos já incomodava os profissionais nos canteiros de obras. Tanto que a situação motivou uma reunião para elaboração de um plano de segurança nas obras do PAC. Representantes das construtoras, das empresas e das ONGs de trabalho social trataram do assunto com a Polícia Militar, a Secretaria de Segurança Pública e as associações comunitárias. O acordo, ainda em vigor, é que a PM ficaria à disposição sempre que fosse necessária nas comunidades do Pantanal, Fé em Deus, Pratinha, Riacho Doce, Taboquinha e Jardim Jader Barbalho, em Ananindeua, e Jaderlândia, em Castanhal.
Laura Lima, assistente social da ONG Iágua, garante que é impossível ganhar a confiança dos moradores com uma constante escolta policial. Por isso, ela - e os demais assistentes sociais - muitas vezes preferem se arriscar e sair sem apoio da PM. 'Em vez disso, a gente busca se aproximar de líderes comunitários ou de pessoas influentes, para diminuir o risco. Mas nada impede que sejamos assaltados da mesma forma', explica. Dessa forma, a polícia é solicitada apenas em reuniões, assembléias e momentos mais importantes, pois 'não há efetivo sobrando', diz Laura.
O diretor da ONG, Rodrigo Lopes, afirma que há cerca de 10 anos a instituição faz trabalhos sociais semelhantes em áreas periféricas de alto risco. Segundo ele, as reuniões com a polícia são de praxe e todos tomam os cuidados necessários para diminuir os riscos de roubo. 'Durante todo esse tempo, já houve algumas ocorrências de assalto, mas nada alarmante. A gente sabe do risco, mas também há a consciência de que é necessário fazer esse trabalho para transformar a cidade', afirma.
No próximo dia 29 haverá uma nova reunião com a Polícia Militar para avaliação da segurança feita aos trabalhadores e traçar novas estratégias, caso necessárias.
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