A execução do sargento da Polícia Militar Silva Lima tem tudo para virar um barril de pólvoroa que, se explodir, poderá causar estilhaços nos escalões superiores da corporação. É que áudios atribuídos ao militar indicam não apenas que ele estaria jurado de morte por uma facção como já tinha dado ciência desse fato ao seu próprio comandante e já estava providenciando formalizar a denúncia à Corregedoria da PM.
Mesmo assim, o sargento deu conhecimento a várias pessoas que estava proibido de usar o seu kit, ou seja, o colete e a arma, indispensáveis para se defender de um ataque, mesmo fora do plantão. Com isso, quando saía do quartel, à noite, tinha que percorrer parte do bairro do Aurá desarmado, ficando assim à mercê de bandidos, entre eles os que o ameçavam de morte.
Silva Lima foi morto a tiros em frente à própria casa neste domingo (12) à noite, em Marituba, na Grande Belém. A esposa dele, que estava no local, também foi baleada, mas sobreviveu e foi levada ao hospital.
A Polícia Civil (PC) informou que os disparos foram feitos por homens ainda não identificados, que chegaram à residência do policial em um carro. Os matadores fugiram logo em seguida. A Delegacia de Homicídios de Agentes Públicos e que também realiza diligências com apoio de policiais militares para identificar, localizar e prender os envolvidos no crime.
Absolvição
A versão de Silva Lima, nos áudios que lhe são atribuídos, é de que ele, desde julho do ano passado, respondia a um procedimento disciplinar, mas já teria sido absolvido em fevereiro fevereiro. Mesmo assim, não tinha conhecimento sobre os motivos da recusa de seu comandante - cujo nome não cita nos áudios - em negar-lhe o kit, mesmo diante das ameaças de morte que vinha recebendo.
O militar relata, inclusive, que estava trabalhando numa escala de plantão das 9h às 14h e tentaram alterá-la para o período das 9h às 21h. Ele diz ter solicitado ao seu comando para não ser adotada a nova escala, que o obrigaria a sair desarmado do quartel e caminhar à noite, desarmado, no bairro do Aurá, onde é alto o índice de criminalidade.
O Espaço Aberto conversou com fonte da área da Segurança Pública, que confirmou ter conhecimento "superficial" do conteúdo dos áudios. Acrescentou que as afirmações do sargento são graves o suficiente para ser apuradas, mas ponderou que ainda será necessário submeter os áudios a perícias, além de levantar outros elementos que possam comprovar a veracidade das informações veiculadas nos aúdios atribuídos ao policial.
Silva Lima foi o terceiro militar morto por bandidos este ano, no Estado do Pará. Outros dois militares, também sargentos da PM, foram mortos em confrontos com bandidos. O primeiro a morrer, mas em troca de tiros, foi o 2º sargento José Vilmar Sousa, de 51 anos, lotado no 15º BPM. Ele foi baleado com um tiro de espingarda no tórax, no dia 7 de janeiro, em Aveiro, no oeste paraense. No dia 13 de fevereiro, o sargento Adalto Lira foi morto durante confronto em Ulianópolis, na região do Rio Capim, nordeste paraense, em meio a um sequestro com reféns.
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