Era uma menção ao general Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde há cerca de dois meses.
Gilmar Mendes, um boquirroto juramentado (como diria o sábio Odorico Paraguaçu, aquele de Sucupira), pode ter exagerado na dose da comparação. Parece ter-se excedido no linguajar. Mas permanece irretocável a essência do que disse.
E eles não estão no oitavo, no décimo ou no vigésimo escalão.
Eles estão nos primeiros escalões da República, em quantidade como nunca antes fora registrada desde o fim da ditadura que se implantou no Brasil em 1964.
Um levantamento do site Poder 360 (vejam o infográfico ao lado), feito em meados de junho, apontou que, dos 2.930 integrantes das Forças Armadas cedidos aos Três Poderes, 92,6% estão em postos abertos no governo Jair Bolsonaro e 7,2%, no Poder Judiciário. Apenas um trabalha no Congresso (0,03%).
E aí?
Nada contra militares encastelados em órgãos da administração civil. Muitos podem até ser competentes no que fazem, mesmo estando fora da caserna.
Mas quando os militares, por inspiração e por princípios do próprio presidente da República, assumem um protagonismo tamanho, como tem sido no governo Bolsonaro, fica difícil, muito difícil, dissociar reveses administrativos - como a tragédia que tem sido a política do governo federal de combate à pandemia - da imagem institucional das forças armadas.
É isso que precisa ficar claro.
Até agora, são mais de 74 mil mortos no Brasil.
Bolsonaro diz e repete todo dia que nada tem a ver com essa tragédia, porque o próprio Supremo deu poderes plenos a governadores e prefeitos fazerem o que bem entendessem no combate à pandemia.
O Capitão se engana.
Ou então tenta enganar os outros.
A falta de uma política global, nacional, articulada, concertada, afinada entre o governo federal e as unidades federativas concorreu decisivamente para estarmos assistindo a essa tragédia mortandade.
Ou a esse genocídio, na visão de Gilmar Mendes.
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