quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

O tribunal das redes sociais já investigou, julgou e condenou os supostos responsáveis pela queda do avião do Irã


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Vamos combinar algumas coisas.
Das 176 pessoas a bordo do avião ucraniano que caiu no aeroporto de Teerã, nesta quarta-feira (08), 78 eram iranianos, 63 eram canadenses e 11 ucranianas (incluindo nove tripulantes), além de 10 suecos, sete afegãos, quatro britânicos e três alemães.
É crível, é racional, é lógico, é razoável acreditar-se que o Irã abateria intencionalmente uma aeronave em que a maioria dos passageiros era formada, justamente, por seus nacionais?
A aeronave, supostamente atingida por mísseis, caiu quando estava voltando ao aeroporto. Haveria tempo sequer de fazer uma simples manobra, caso tivesse mesmo sido atingida por mísseis?
O Irã negou-se, inicialmente, a compartilhar dados da caixa-preta com a Boeing, porque a empresa é americana. Isso seria natural, num contexto de enfrentamento com os Estados Unidos.
Mas o Jornal Nacional informou, há pouco, que o Irã recuou dessa posição e decidiu admitir os Estados e a Boeing nas investigações, bem como o Canadá e outros países. Se tivesse mesmo abatido a aeronave, o Irã faria isso?
Todas essas questões precisam ser sopesadas com muito cautela.
Mas, nos tribunais das redes sociais, os autores já estão escolhidos, investigados, julgados e condenados por terrorismo. Tudo isso, há pouco mais de 24 horas da tragédia com a aeronave.
Esses julgamentos – mais do que sumários, sumaríssimos – são muito parecidos com aqueles feitos em botequins, quando amigos se reúnem num final de semana pra jogar conversa fora e corrigir o mundo com régua e compasso.
Nos tribunais das redes sociais, funciona do mesmo jeito. Com a diferença de que as sentenças, normalmente condenatórias, são disseminadas em escalas infinitas em questão de minutos, para não dizer em segundos.
Isso equivale a um míssil de milhares de megatons, que esmaga, dizima e pulveriza a verdade.
Com 176 vidas de inocentes perdidas de forma horrorosa nessa tragédia, valeria a pena esperar o deslinde de investigações – que ainda nem começaram, vale dizer – para que a verdade possa sobrepor-se às dúvidas, versões e especulações.
E que, afinal de contas, sejam responsabilizados os verdadeiros culpados (se culpados houver, é claro) pelo evento.
Independentemente do diktat das redes sociais.

Um comentário:

Pedro do Fusca disse...

Foi o Iran que derrubou este avião de passageiros por não ter coragem de abater algum avião americano. Os iranianos são um povo barbaro, vivem a fazer terrorismo e deveriam já ter sido varrido da terra. Triste é que estão colocando culpa neste episódio em um pobre soldado que será enforcado para justificar este absurdo. Vamos ptistas aplaudir este abate deste avião de passageiros que não tinham nada a ver com a perda de seu terrorista maior por um drone americano.