A frase de Martin Luther King é conhecida.
“O que me preocupa não é o grito dos maus. É o
silêncio dos bons”, disse uma vez o pastor e líder emblemático do ativismo
negro norte-americano.
A presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia,
está sob pressão - intensa, terrível, horrorosa, quase irresistível.
Pressionam-na, terrivelmente, para que ela paute
ação para ser revista decisão do próprio Supremo, que há dois anos julgou ser
legal e constitucional a prisão imediata de réus condenados em segunda
instância.
Qualquer réu, vale dizer. De um humilde e
anônimo cidadão comum a figurões da República.
Cármem Lúcia já disse que não colocará o
processo em pauta porque isso seria casuísmo e representaria vilipendiar a
própria Corte Suprema.
A pressão tem um propósito evidente: evitar que
o ex-presidente Lula, virtualmente condenado em segunda instância, vá preso.
Se a questão dissesse respeito a um réu
qualquer, um anônimo, desses que ninguém sabe quem é nem tampouco o que fez,
mas que já foi condenado em segunda instância, aí ninguém estaria falando no
assunto.
Cármen Lúcia está sozinha – ou quase isso –,
resistindo às pressões.
Se os bons não se mantivessem em silêncio, a
esta altura estariam acampando na Praça dos Três Poderes, em frente ao Supremo.
Acampando, sim. Com tenda e tudo. Aos milhares.
Em defesa da ministra e da posição que ela defende.
Mas ninguém faz isso.
É
uma pena.Luther King tinha mesmo razão: o que preocupa - muitíssimo - não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.
Nenhum comentário:
Postar um comentário