terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Advogado e dois amigos também foram barrados no Utinga



Então é assim.
Lembram a história que o Espaço Aberto contou aqui, ontem, do psicólogo que foi ao Parque do Utinga mas não pôde entrar, porque portava uma câmera fotográfica?
Lembram da imbecilidade - rematada, assustadora e quase inacreditável - que consiste em proibir que se entre com câmera fotográfica no Utinga, mas não se proíbem os celulares, usados fartamente para fotografar e filmar a amplidão, as reentrâncias e os recantos prazerosos do parque ambiental?
Lembram quando o blog mostrou foto como a do alto - tirada de celular pelo próprio pôster no Utinga - e imagens como as que estão acima, capturadas no Google Maps e provavelmente obtidas com com celulares no Parque do Utinga, tudo isso resumindo o contrassenso, o disparate que representa restringir-se a utilização de câmeras fotográficas no parque ambiental?
Pois é.
O psicólogo não foi a primeira vítima, não foi o primeiro destinatário dos efeitos da ordem esdrúxula, transmitida sabe-se lá por que e constante sabe-se lá de que ato expedido por autoridade competente - talvez da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema).
O advogado Ismael Moraes, leitor aqui do Espaço Aberto, também já testemunhou história idêntica, ao acompanhar dois amigos ao Utinga, há cerca de dois meses.
Leiam, abaixo, o relato de Ismael, ao fazer um comentário sobre a postagem O Utinga, a Sema, a foto e o cúmulo da imbecilidade:

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Veja o que aconteceu comigo: há uns dois meses, um amigo francês acompanhava outro que fazia um documentário sobre florestas em áreas urbanas na Amazônia e que deixara de ir a Manaus para filmar em Belém. Ao me procurarem, assegurei-lhes que o local mais importante para mostrar era o Parque do Utinga, onde os levei no início de uma bela tarde. Em lá chegando, o guarda também nos impediu de entrar com a filmadora, argumentando que havia uma ordem, que ele não sabia qual e de quem partira. Fui ter com a direção da administração do Parque, a poucos metros dali. O gerente do Parque não estava e a substituta saíra-se com aquele clássico “não posso fazer nada” – detalhe, ninguém sabia qual era a norma que impedia a nossa incursão com a câmera. Após insistir, colocaram-me com ele ao telefone, que então me narrou qual o longo trâmite burocrático para permitirem a entrada ali com o aparelho de filmagem, que se iniciava com uma petição e terminaria com uma reunião que apreciaria o deferimento ou não do pedido. Ao que concluiu o gerente, de nome Vitor: “Isso não é assim, não, aqui é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral!”.
Não conformado, procurei saber se ali se encontrava o diretor-geral das Unidades de Conservação, Crisomar Lobato, cujo bom-senso peculiar é reconhecido por todos que o conhecem. Recebeu-me, mesmo cercado de papéis a despachar. Ao ouvir o que ocorria, exclamou “Mas que bobagem! Fulana, vem cá. Acompanha essas pessoas até o guarda e diz que ele está autorizado a entrar e filmar o Parque por ordem minha!”
Acompanhei a filmagem da floresta, do lago, das fezes de capivara, de bandos de aves, e seria tudo de muito bom gosto se na rotuladamente garbosa “Unidade de Conservação de Proteção Integral” os carros da Sema, os caminhões do Exército, das empresas de construção fazendo reforma e de tantos outros “autorizados” não tivessem nos colocado em risco de nos atropelar por transitarem a até mais de 60 Km/hora, ameaçando a fauna que por ali habita e cruza, sem que o rigoroso gerente Vitor tome qualquer providência para essa salvaguarda que realmente importa, em vez de envergonhar o serviço público, felizmente salvo por gente do bom senso do dr. Crisomar Lobato, que se aposentará em poucos anos.

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