sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Paraense paga caro

No AMAZÔNIA:

Quase cinco meses após ter sido aprovada na Assembleia Legislativa do Pará, a lei que diminui a alíquota do Imposto de Circulação de Mercadorias (ICMS) dos combustíveis ainda não refletiu nos preços praticados para o consumidor. Os donos dos postos alegam que qualquer mudança nos preços das bombas só será possível após a redução do preço de pauta estabelecido pelo governo. Enquanto o impasse não termina, o consumidor paraense continua pagando uma das gasolinas mais caras do País.
Desde o dia 1º de janeiro a alíquota do ICMS no álcool passou a vigorar 2% mais barata, fixada em 28%. Em setembro, um novo desconto vai fazer com que o índice baixe para 26%. No caso da gasolina, a redução de 2% só vai acontecer a partir de setembro.
Porém, de acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Estado do Pará (Sindepa), Mário Melo, a reunião que definiria preços mais baixos também para o preço de pauta do combustível – aquele que o governo estipula como padrão para ser comercializado no mercado e sobre o qual é calculado o ICMS – ficou apenas na teoria.
'Estamos esperando até hoje esta reunião. Até procuramos o secretário da Fazenda, Vando Vidal, mas ele disse que está chegando agora no cargo, mudando equipe e que ainda precisava fazer estudos sobre isso. Nós nos propomos a trabalharmos juntos esta proposta, já temos o nosso estudo, mas temos que aguardar esta primeira reunião', afirmou Melo.
Ele diz que enquanto não houver uma definição, o Pará continuará enfrentando uma concorrência desleal no setor. 'Temos a alíquota e o preço de pauta mais caros do País. Estamos perdendo empregos, muitos postos estão fechando porque os Estados vizinhos oferecem condições muito melhores. Para se ter uma idéia, o ICMS do diesel no Tocantins é de 12%, enquanto no Pará é de 17%', afirmou.
No Pará o preço de pauta está estabelecido hoje em R$ 2,10 para o álcool e em R$ 2,77 para a gasolina. Nos postos o preço médio é de R$ 2,08 para o álcool e R$ 2,74 para gasolina. 'A diferença entre os preços das bombas para o preço de pauta já foi bem maior. Já tivemos um preço para o consumidor quase 0,15 centavos abaixo do que o que o governo estipulou, mas com a alta do álcool aproximamos mais este índice. É uma diferença muito grande, em Goiás o preço de pauta é de R$ 1,54', afirmou.
Nas ruas, a tão esperada redução no preço dos combustíveis já caiu no descrédito. 'Isso é só discurso. O preço do petróleo já caiu e aqui só temos previsão de aumento', afirmou o comerciante Bruno Nascimento. O taxista Odivaldo Batista, que roda em média 150 km por dia, tem a mesma opinião. 'Acho muito difícil cair o preço. Mas se acontecesse seria bom, porque como está fica difícil manter', afirmou.
A opção, para muitos deles, é pesquisar para fugir dos preços altos. Seja na hora de escolher o posto em que vai abastecer ou, no caso dos carros flex, decidir pelo álcool ou pela gasolina. 'Ultimamente tenho preferido o álcool porque é mais conta. Mas ainda assim sai pesado', afirmou o economista Pedro Paulo Oliveira. Ele conta que, por semana, gasta em média R$ 60 com combustível. 'São R$ 240 por mês, o que já daria um bom supermercado', compara.

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