Policiais militares e civis protagonizaram um espetáculo, ontem à tarde, por volta das 14h, bem no cruzamento das avenidas Júlio César com a Pedro Álvares Cabral.
Estavam em dois carros, com sirenes ligadas e tudo o mais.
Caçavam um Renault verde, que enfim foi trancado no cruzamento.
Os policiais saíram de arma em punho, tiraram de dentro o motorista, um senhor de cabelos brancos – e com aparência de ser bastante idoso – e passaram a revistá-lo em plena via pública. O carro também passou por rigorosa revista.
Enquanto isso, o trânsito – àquela hora intenso no local – estava completamente parado. E todo mundo na expectativa.
E o que aconteceu, depois de tanto aparato, de revistas, de armas ostensivamente exibidas e de tanta expectativa?
Nada. Absolutamente nada.
Se a montanha, às vezes, pare um rato, essa diligência nada pariu.
Não pariu coisíssima alguma, uma vez que o motorista do Renault não era quem os policiais procuravam.
Ah, sim: talvez a diligência pariu cocos, um monte de coco encontra no bagageiro do Renault.
E quando isso se confirmou, os policiais, vejam só, cumprimentaram o dono do carro, talvez – talvez, vejam bem - devem ter-lhe pedido desculpas e o mandarem seguir em frente. Em seguida, eles mesmos, os policiais, foram embora.
Pronto. E a vida voltou ao normal.
Mas não deve ser tão normal assim para quem passa por um constrangimento desses, que não é tão raro, como se sabe.
Em agosto passado, o chefe de gabinete do deputado federal Gerson Peres (PP-PA), Maurício Bororó, e três amigos enfrentaram constrangimentos semelhantes em plena avenida Generalíssimo Deodoro, no bairro de Nazaré, e ainda por cima sob a mira de metralhadoras.
Tem que investigar? Tem.
Tem que caçar? Tem.
Tem que abordar? Tem
Mas tem que ser assim?
E se uma pessoa idosa, submetida a um constrangimento desses, fica de tal forma abalada – pelo susto, pela visão da arma apontada para sua cabeça e tudo o mais – que vem a falecer?
E aí? Como indaga a música - quem é que vai pagar por isso?
Quem?
2 comentários:
Puliça despreparada numa "terra de direitos"...
Pois é, Anônimos.
De direitos pisoteados, como você sabe.
Abs.
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