Infraero elimina chamadas

No AMAZÔNIA:

Aquela voz aveludada que anuncia o embarque e o desembarque de aviões não está mais sendo ouvida no Aeroporto Internacional de Belém desde a última segunda-feira, 24. Uma determinação da Infraero, anunciada ontem, por meio de informativo enviado à imprensa, confirmou a suspensão das chamadas sonoras de vôos. Agora, os passageiros terão que se informar através dos monitores do Sistema Informativo de Vôo, que estão espalhados pelo aeroporto. Apenas na sala de embarque permanecerá o serviço. Muitas pessoas não aprovam a mudança.
De acordo com o coordenador do Terminal de Passageiros da Infraero no Pará, Sérgio Peralta, Belém foi a última capital brasileira a suspender o serviço. Ele explica que a determinação se deve a vários fatores, como poluição sonora - em aeroportos de grande movimentação - e prestação de informações equivocadas pelas empresas aéreas. 'Acontecia, muitas vezes, de serem feitas as três chamadas aos passageiros de um vôo, que logo depois se sabia que estava atrasado', disse o coordenador, acrescentando que as empresas aéreas não têm interesse em divulgar atrasos de vôos para não comprometer a imagem que possuem junto a clientes e opinião pública.
Para o ano que vem, a Infraero está planejando colocar os monitores nos balcões de chek-in do aeroporto para que os passageiros possam ficar melhor informados. Peralta destaca, no entanto, que a Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) determina que a comunicação deve ser facilitada aos passageiros, mas não define que ela tem que ser oral. Pode ser visual. 'Sabemos que essa é uma questão cultural e que toda mudança nesse sentido causa reações contrárias. Mas depois as pessoas irão se acostumar', disse Peralta, acrescentando que o serviço sonoro só será usado para avisos de emergência, dentre os quais, atrasos de vôos.
A jornalista e radialista Heloísa Huhn é dona de uma das vozes do banco da Infraero e fazia as chamadas de vôo há cerca de nove anos. Para ela, a ação da Infraero é um 'desserviço'.