“Fanfarrice de Martinelli distorce a maltratada Amazônia”

Do fotógrafo paraense Luiz Braga (ao lado), por e-mail:

Acabo de ler as seis páginas de Veja dedicadas a propagar a fanfarrice do Pedro Martinelli e distorcer a nossa já tão maltratada Amazônia.
A foto do índio com santinho de propaganda política pregada na bunda faz piada e ajuda a ridicularizar a figura já tão surrada do índio e em nada ajuda a questão.
Presta um grande serviço à caricaturização do povo que vive (e não apenas passa um tempo de vez em quando) aqui quando elege o cowboy, o índio pintado de Vasco e a japonesa golfista (uau, lá tem até japoneses que jogam golfe!) ou coloca uma criança sobre um toco de árvore queimada.
Fotos medianas que se propõem a servir ao sensacionalismo. No seu depoimento, ele diz que na Amazônia se navega dias sem ver um único pássaro. Que aqui não se vêem animais.
Égua, meu irmão, será que ele está confundindo o atol de Bikini com a nossa terra?
Diz que não há turismo, que os hotéis não têm site. E que os turistas viajam no escuro e com grande chance de se desapontarem. Com certeza, a estrutura de hotelaria da Europa (com quem ele nos compara) é infinitamente superior, mas afirmar que não existe é outra coisa, pois existe, sim. Inclusive, há sites muito bons. Com certeza, há muita coisa a ser feita - muita mesmo -, mas há lugares onde as coisas funcionam e é injusto generalizar.
Enfim, ele ficará como o desbravador de uma terra-deninguém e nós, prontos a apoiar sua próxima empreitada com a hospitalidade de sempre.
Uma pena que o tempo passe, e a visão de parte da Imprensa não enxergue nossa terra como um lugar onde existe vida além dos estereótipos e bizarrices que tanto encantam os sedentos de plantão.
Está feito meu desabafo.