Policiais em frente à casa do prefeito de Oriximiná, Delegado Fonseca, durante operação de busca e apreensão realizada na manhã desta terça-feira (29) |
O Ministério Público do Pará, através do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), com o apoio da Polícia Militar, deflagrou na manhã desta terça-feira (29), em Oriximiná, no oeste do Pará, uma operação que resultou na prisão do prefeito do município, William Fonseca (PRTB), o Delegado Fonseca.
O MPPA informou que, ao cumprir mandado na residência do prefeito, houve resistência por parte dele, "que deu três tiros em um aparelho de celular de sua propriedade, destruindo o equipamento que era alvo da busca e apreensão, além de proferir ameaças de morte contra integrantes da equipe que cumpria o mandado judicial".
Na residência do prefeito, de acordo com o MP, foram encontradas cinco armas, sendo que duas eram de uso da polícia civil, duas outras regulares de sua propriedade e uma carabina ilegal. Delegado Fonseca foi, então, conduzido para a delegacia, onde está sendo ouvido pelos crimes de posse ilegal de arma de fogo, disparo ilegal de arma de fogo, ameaça de morte, desobediência e resistência, além de destruição de provas.
Autorizada pelo Tribunal de Justiça do Estado, uma vez que prefeitos municipais detêm prerrogativa de foro de função, a operação, denominada de "Eu Amo Oriximiná", também teve a participação de integrantes do Grupo de Atuação Especial de Inteligência e Segurança Institucional (GSI), também do MPPA, e destinou-se a cumprir mandados de busca e apreensão de telefones celulares, documentos e HDs, referentes a um processo que tramita em segredo de Justiça.
Durante boa parte da manhã, o trecho da rua onde Fonseca reside ficou interditado, mas dezenas de curiosos, em sua maior parte simpatizantes do prefeito, acompanharam a operação à distância. Enquanto se desenrolavam as negociações para que Fonseca aceitasse ser conduzido até a delegacida onde prestou depoimento, populares reclamavam que o prefeito estaria sendo alvo de "perseguição política". Também lembravam que, muito embora o índice de violência na cidade tenham aumentado nos últimos anos, as polícias Civil e Militar, sob a esfera do governo do Estado, não têm tido a mesma presteza e eficiência para combater a criminalidade.
Pirotecnia - Em nota, a Prefeitura de Oriximiná repudiou o que classificou de "ação pirotécnica e desnecessária capitaneada pelo MP (Ministério Público), hoje, na casa do prefeito e de um dos seus assessores, quando realizou buscas e apreensões dos aparelhos telefônicos dos citados".
Acrescentou que "a medida foi gerada por uma confusão no aeroporto municipal e pela colisão de dois automóveis, quando da última visita do governador do Estado, Helder Barbalho, ao município. Lamentavelmente a ação parece ter visado a exposição negativa do Prefeito Delegado Fonseca, que luta - com aprovo de 80% da população - pelo progresso e desenvolvimento de Oriximiná."
De acordo com a Prefeitura, "é intrigante notar a cidade entregue a crimes, roubos e assaltos diuturnamente, enquanto os aparelhos de segurança pública são usados apenas para fins politiqueiros e de perseguição."
Cassação e agressões - A prisão do Delegado Fonseca é mais um episódio de uma variada série de incidentes em que o prefeito esteve envolvido como um dos protagonistas principais. Ele chegou a ser afastado do cargo pela Câmara do Município em outubro de 2021, acusado de suposta infração político-administrativa, por ter contratado pessoal para cargos não criados por lei. Depois de cassado, Fonseca chegou a retornar ao cargo outras três vezes, mas todas as decisões de reintegração foram derrubadas posteriormente. Até que foi reintegrado definitivamente em março deste ano.
Em junho, portanto três meses depois, vídeos que circularam nas redes sociais mostraram o prefeito empurrando um homem e depois agredindo um jornalista que filmava confusão que se formou durante sessão da Câmara Municipal. O ato desencadeou uma briga generalizada entre apoiadores e adversários do gestor.
Em outro vídeo, durante a mesma confusão, Fonseca aparece chutando o telefone do jornalista Waldiney Ferreira e na sequência desferindo socos no repórter que realizava uma transmissão ao vivo. O jornalista agredido foi à delegacia e registrou um boletim de ocorrência contra o prefeito.
Em outubro deste ano, o prefeito de Oriximiná foi denunciado por suposto atentado contra o deputado estadual reeleito Ângelo Ferrari (MDB) e o vereador Mauro Wanzeller (MDB). O gestor teria, de forma propositada, jogado o carro que dirigia, uma modelo L200, cor branca, contra o veículo em que estavam o deputado e o vereador numa área próxima ao aeroporto da cidade. Ferrari e Wanzeller também registraram boletim de ocorrência.
Em abril de 2021, o próprio Delegado Fonseca gravou e fez circular, nas redes sociais, um vídeo em que afirma, diante da delegacia de polícia da cidade, ter sido alvo de uma tentativa de agressão praticada por um homem que ele identificou sendo Joeilson Damião, o Chato. O suposto agressor é ligado à família Ferrari, adversária política do prefeito.
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