Quando fez 60 anos, no final de outubro deste ano, Maradona foi entrevistado pelo Clarín.
Foi a última entrevista dele ao jornal, um dos maiores da Argentina.
"Às vezes me pergunto se as pessoas ainda vão me amar", desabafou Dieguito.
Mas é claro.
As pessoas não terão como deixar de amar Maradona.
Agora, para sempre.
A morte de Maradona, anunciada há pouco, choca todo mundo, sobretudo os que gostam de futebol.
Choca, sobretudo, os que gostam de arte.
Choca, sobretudo, os que gostam de ver um artista engajado nos temas políticos de seu tempo, abordando-os de peito aberto, consciência límpida e língua afiada.
A morte de Maradona choca, portanto, todo mundo.
Inclusive os que abjetam futebol, ao ponto de, literalmente, não fazerem sequer questão de saber a cor da bola.
Maradona foi o gênio do gol que se inscreveu como um dos maiores da história de futebol - aquele gol em que ele sai costurando um batalhão de ingleses desconjuntados por mais de 50 metros do gramado e vai deixar a bola praticamente dentro das redes adversárias.
Maradona foi aquele artista cuja arte instilou-lhe - e inspirou-lhe - coragem para proclamar em alto e som, para o mundo inteiro ouvir, que a cartolagem no futebol - inclusive na Fifa - sempre esteve contaminada pela corrupção mais desbragada, mais nojenta, mais despudorada.
Maradona foi o gênio da bola que era capaz de negar até mesmo suas concepções mais íntimas apenas pelo desejo de polemizar, de dizer o que se achava no direito de dizer - claramente, objetivamente, sem meias palavras.
Maradona foi o artista que, na sua dimensão humana, consternou o mundo em sua luta - atroz, atropelada e inconstante, mas heroica - para superar o horror do vício da dependência química.
Por tudo isso, não há dúvida: as pessoas sempre vão amar Maradona.
Agora, para sempre!
Para sempre, Maradona!
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