segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Padre condena corrupção e fala sobre a Lava Jato em homilia



Carioca residindo em Belém há 11 anos, o padre Carlos Augusto da Silva, que assumiu no dia 7 de janeiro deste ano a Paróquia de São José, no Umarizal, tem caído nas graças dos paroquianos por sua homilias. E não só pela conteúdo delas, mas pela dicção clara, pela concisão, objetividade e, por mais incrível que possa parecer, pelo português escorreito que emprega ao se dirigir à assembleia. E olhem que isso não é pouco, porque brasileiros há - e muitos, vocês sabem - que estão falando 350 idiomas fluentemente, menos o português, infelizmente.
Na homilia deste domingo, na missa das 11h, o padre baseou-se no Evangelho de São Mateus (6, 24-34) para se estender em comentários sobre a corrupção que campeia no País, em especial a da Lava Jato, que investiga os desvios bilionários de recursos da Petrobras.
Ao realçar que os cristãos, em obediência aos ensinamentos de Jesus Cristos expostos por Mateus, devem se esmerar muito mais em ser do que ter, o padre manifestou-se assustado com a ambição que motiva tantas pessoas a acumular bens materiais e mencionou, como exemplo edificante, o caso de um funcionário da Caixa Econômica Federal, que, conforme disse em entrevista ao "Fantástico", recusou-se a compactuou com a corrupção porque tinha família e sua honrar a zelar.
No final da homilia (confira no vídeo acima, aumentando o volume ao máximo), o sacerdote foi mais explícito. "É muito mais importante ser do que ter. Não existe dinheiro que pague uma consciência limpa. Não existe dinheiro que pague eu poder colocar minha cabeça no travesseiro, sem medo do Japonês estar batendo na minha porta de madrugada”, disse Carlos Augusto. Ele referia-se a Newton Ishii, o agente da PF que se notabilizou como o “Japonês da Federal”, após participar de várias diligências para prender suspeitos da Lava Jato.
O padre continuou: “Eu não sei se é verdade, Joaquim, mas disseram que outro dia gritaram lá na Câmara: ‘Olha o Japonês’, e todo mundo esvaziou o cafezinho. Mas era só um japonês que estava visitando a Câmara dos Deputados”. Joaquim, a que se referiu o sacerdote, era o deputado federal Joaquim Passarinho (PSD), que coincidentemente se encontrava na missa.

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