Em 2016, ao trair Dilma, Marta Suplicy oferece flores aos advogados Janaina Pascoal e Miguel Reale, que defenderam o impeachment de Dilma. E agora? O PT receberá a traidora de volta? |
Essa máxima é atribuída ao ex-ministro Pedro Malan, que comandou a pasta da Fazenda nos governos FHC.
Outros dizem que não.
Sejá lá quem for, o autor está coberto de razão.
O Brasil não é para amadores.
Essa outra máxima, dizem, é de Tom Jobim.
Outros dizem que não.
Seja lá quem for, o autor também está pleno e prenhe de razão.
O importante é que as duas máximas são ratificadas todos os dias, inclusive agora, quando se confirma o retorno da ex-petista Marta Suplicy ao PT, para compor com Guilherme Boulos (PSOL) a chapa da esquerda que vai confrontar o bolsonarista-emedebista - ou emedebista-bolsonarista, como queiram - Ricardo Nunes, atual prefeito paulistano que vai tentar a reeleição.
O alquimista político que está articulando essa alquimia é, claro, o presidente Lula.
Ninguém duvida da assustadora clarividência política de Lula. Quando lançou Dilma a presidente da República, a reação primeira foram gargalhadas de desprezo até dentro do próprio PT, todos apostando que a escolhida não emplacaria votação suficiente para se eleger nem mesmo vereadora. Pois ela elegeu-se presidente duas vezes, ainda que, no segundo mandato, tenha sido removida por impeachment.
Também ninguém acreditou quando Lula lançou Fernando Haddad para prefeito de São Paulo. Até então, poucos sabiam, além dos círculos acadêmicos e do petismo, quem era Haddad. Pois ele também foi vitorioso nas urnas.
Agora, é Marta.
As flores da traição
No segundo governo Dilma, ela quebou o pau com a então presidente. E acabou não apenas deixando o governo, como votou em alto e bom som em favor do impeachment.
Mais do que isso: Marta e a então senadora Ana Amélia entregaram flores à advogada Janaina Pascoal e ao advogado Miguel Reale, que defenderam a remoção de Dilma, durante intervalo da sessão do Senado que aprovou o impeachment, em 2016.
Tendo deixado o partido, à pecha de traidora que Marta atraiu entre os petistas somou-se a de golpista, já que, para o PT e as esquerdas, Dilma não foi propriamente impeachmada, mas vítima de um golpe que teve como seu general-comandante o vice de Dilma e depois presidente, Michel Temer, do PMDB.
A ser confirmado o nome de Marta como vice de Boulos, pergunta-se: como é que ela poderá altear a voz para fazer uma crítica sequer ao governo de Ricardo Nunes, da qual foi integrante? Como poderá chamar o governo Ricardo Nunes de corrupto, acusação feita quase diariamente, em suas redes sociais, pelo pré-candidato Guilherme Boulos?
Duas vezes traíra
Além disso tudo, o que teria levado Lula a optar por Marta, sabendo que seu nome é alvo de rejeições ferozes dentro do próprio PT? Agora mesmo, Valter Pomar, integrante do Diretório Nacional do partido, está defendendo abertamente que a volta da ex-senadora ao PT e sua inclusão como companheira de chapa de Boulos seja objeto de deliberação da mais alta instância partidária. E adiantou que votará contra.
Quando resolveu intervir pessoalmente para que a composição envolvendo o nome de Marta se concretize, Lula, evidentemente, já havia sopesado todos os prós e contras. Inclusive o fato de que a ex-senadora, considerada traíra por ter traído Dilma, está sendo novamente traíra, por trair Ricardo Nunes, que a acolheu em seu governo.
Se o presidente já avaliou tudo isso, é sinal de que resolveu, mais uma vez, fazer uma jogada de alto risco. Resolveu, enfim, pagar pra ver.
Ainda que sua carta seja uma, digamos assim, bitraíra como Marta Suplicy.
Bitraíra que já ofereceu até flores ao trair, vale lembrar.
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