No Carnaval do ano passado, Bolsonaro assustou o
Brasil – e além de suas fronteiras – ao divulgar no Twitter as imagens
de um golden shower.
Neste Carnaval, protagonizou uma outra, como se
diz, indecência: compartilhou no WhatsApp um vídeo que convoca a tropa dele,
Bolsonaro, para um protesto contra o Congresso e o Supremo.
Não. O vídeo, como vocês podem ver acima, não fala
em AI5, não fala em golpe, nada disso. Nem menciona, é bem verdade, o Congresso
ou o Supremo.
Mas está claro, tão claro como o Terra é plana
(conforme a tese revolucionária do físico-astrônomo-filósofo Olavo de Carvalho),
que a tropa pretende ir às ruas bradando vários refrões, entre eles o de que o
Congresso é uma amontoado de chantagistas, conforme
já pregou o general Augusto Heleno.
E agora?
Bolsonaro, diante da repercussão aterradora
desse compartilhamento, está dizendo que as mensagens eram de “cunho pessoal” e
também pediu aos seus ministros que não falem mais sobre o tema. O primeiro
escalão do governo não deve comparecer aos atos.
Quer dizer, pelo que eu entendo, nós temos
sempre dois Bolsonaros.
Um deles está livre para emitir opiniões de “cunho
pessoal”. O outro só emite opiniões de cunho institucional, ou seja, na
condição de presidente da República.
Mas quem é um e quem é outro?
Quando Bolsonaro diz barbaridades
no cercadinho à entrada do Alvorada, ele está emitindo opiniões de
cunho pessoal ou institucional?
Quando dá uma banana para jornalistas, essa é uma conduta de cunho pessoal ou
institucional?
Quando faz piadinha de cunho sexista – horrenda,
infame e nojenta – contra jornalista, essa piadinha é de cunho pessoal ou
institucional?
Parem com isso.
Bolsonaro é um só.
Ele é o presidente da República – ainda que
esteja todo dia, o dia todo, desprezando, esmagando e esmigalhando o decoro que
o cargo merece.
Assim, ele que trate de parar com essa patranha
de que, como presidente, não apoia esse ato que sua tropa convocou.
Ah, e outra coisa: o que Bolsonaro fará no
próximo Carnaval, hein, gente?
Qual
a maluquice que ele está aprontando desde agora?
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