No final dos anos 1980, já nos estertores da
ditadura Pinochet, estive em Santiago do Chile.
Uma tarde, acompanhei um protesto de estudantes
que foi reprimido por jatos d’água disparados por tanques do exército, até
então começando a retrair-se nas práticas de torturas (que aqui no Brasil
muitos exaltam, não se esqueçam) com que eram punidos opositores do regime.
Nos enfrentamentos que ocorreram em pleno centro
comercial, tive que me abrigar dentro numa loja pra não levar, também eu, jatos
d’água nas ventas.
Agora, em plena democracia, Santiago do Chile
está, literalmente, em chamas depois do aumento (suspenso neste sábado) de 30
pesos (o equivalente a R$ 0,17) na tarifa do metrô.
Ônibus, estações e edifícios foram
incendiados, e houve saques e confrontos de manifestantes com a polícia.
Agora à noite, foi decretado toque de recolher às 22h.
Dois leitores do Espaço Aberto, @inaciomafra e @danielearantescoach,
mandaram as imagens de um panelaço que, felizmente, não pode ser reprimido nem
por jatos d’água.
Durante o dia, eles quase não conseguiram se
alimentar. Restaurantes estavam todos fechados. O comércio também.
Metrô não funcionou. Ônibus não circularam.
Em todo lugar, vestígios de depredações.
Um caos, um perrengue total, resumem eles.
Tomara
que, com a revogação do aumento, as coisas voltem ao normal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário