Gestores do Hospital Universitário João de Barros Barreto, que assumiram em agosto deste ano, comprometeram-se a remeter até o dia 23 de outubro, ao Comitê Interinstitucional de Resoluções Administrativas de Demandas de Saúde (Cirads), o plano emergencial detalhando medidas que deverão ser implementadas até o final deste ano para sanar graves precariedades estruturais e operacionais do HUJBB, que começou como um sanatório, em 1957, virou hospital em 1976 e enfrenta sua mais grave crise em quatro décadas de existência. O compromisso foi assumido na terça-feira (15), durante reunião na Justiça Federal, em Belém.
Integrado por representantes de vários órgãos e instituições, entre eles Justiça Federal, Justiça Estadual, Ministério Público (Federal e Estadual), Defensoria Pública da União e do Estado, Advocacia Geral da União e Secretarias de Saúde (do Pará, de Belém e municípios), o Cirads tem como coordenador no Pará o juiz federal Cláudio Henrique Fonseca de Pina e se ocupa de encaminhar administrativamente soluções na área de Saúde Pública, para evitar que as demandas sejam judicializadas. O juiz de Direito Homero Lamarão Neto, ex-coordenador do Cirads, também participou da reunião.
O coordenador do Cirads destacou que os problemas verificados no Barros Barreto são estruturais e já antigos, mas se agravaram em virtude das dificuldades econômicas que o país enfrenta. “Isso, no entanto, não pode servir de impedimento ou obstáculo para a busca de soluções, até porque grandes problemas demandam soluções complexas e não há como se esperar resoluções rápidas ou milagrosas. Mas é preciso que sejam encontradas soluções, bem como a mediação com todas as instituições envolvidas com o objetivo de promover o diálogo e consequentemente sanar as gravidades e carências do Hospital Barros Barreto”, enfatizou o juiz federal Cláudio Pina.
Péssimas condições - Funcionários com mais de 20 anos de atuação no hospital, entre eles o médico pediatra Miguel Pinheiro, e a promotora do Ministério Público do Estado, Suely Regina Ferreira Catete, reforçaram relatos sobre graves deficiências que precisam ser sanadas com urgência, uma vez que põem em risco pacientes que esperam ter as boas condições de saúde restabelecidas, e não agravadas, em decorrência de novas patologias que podem adquirir em decorrência das deficiências estruturais enfrentadas pelo HUJBB.
Entre outros problemas, eles citaram a internação de crianças em UTI adulto, ratos que já foram encontrados dentro de colchões, falta de áreas de isolamento (sendo que das quatro existentes, apenas uma funciona ainda de maneira precária), ausência de unidade de terapia intensiva para a pediatria e falta de ventiladores e equipamentos, como balança para bebês, medidor de pressão arterial e tomografia para crianças. A promotora Suely Catete disse que já chegou a pedir formalmente, por meio de ofício, explicações sobre os problemas detectados, mas foi surpreendida com um expediente informando que o hospital não daria explicações ao MPPA porque os problemas não teriam sido comprovados.
Representantes da nova administração do Barros Barreto, entre eles a superintendente Regina Feio Barroso e o gerente de Administração, Maurício Bezerra, reconheceram como procedentes as críticas sobre a deterioração progressiva que o hospital sofre nos últimos anos e concordaram que são necessárias medidas urgentes para restaurar a capacidade plena de atendimento. Ponderaram, no entanto, que muitos problemas não poderão ser resolvidos de uma hora para outra, ou porque são complexos ou porque exigem procedimentos administrativos e burocráticos que nem sempre precisam podem ser realizados rapidamente.
Os novos gestores reconheceram que os desafios que estão enfrentando são grandes para permitir que o HUJBB volte a atender com a qualidade que o tornou uma referência no combate de doenças infecto-contagiosas, como Aids, tuberculose e meningite, entre outras. Mesmo assim, mostraram-se otimistas com a possibilidade de implementar medidas mais concretas para recuperar o hospital a partir do próximo ano, sobretudo a partir da liberação de recursos para os hospitais universitários federais em todo o País, inclusive o Barros Barreto.
A nova administração informou também que o objetivo imediato do plano emergencial em execução é restabelecer as condições que o hospital oferecia antes da crise. Acrescentaram ainda que já haviam sido disponibilizados recursos para a reforma da área de nutrição e pediatria e que estão sendo trabalhadas soluções para os problemas referentes ao centro cirúrgico, pronto atendimento oncológico, cirurgia ambulatorial, lavanderia e contratação de pessoal terceirizado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário