quarta-feira, 19 de junho de 2019

O Senado vive um momento de grandeza, ao rejeitar decreto irracional que amplia o porte de armas



A rejeição do decreto editado pelo Capitão, que amplia o porte de armas no País, foi um momento de grandeza do Senado.
Foi um momento em que a sanidade superou a maluquice, a racionalidade venceu a desrazão, a sensatez suplantou a imoderação e os radicalismos.
Insanidade, desrazão, irresponsabilidade e insensatez foi ver, por exemplo, autoridades expelindo argumentos completamente malucos.
Como os de Onyx Lorenzoni, o desarticulador-mor da República, para quem até um liquidificador pode ser uma arma.
No Congresso, essa Excelência proclamou, sem culpas e sem a mínima vergonha, que as pessoas é que matam, não as armas.
Que horror uma declaração dessa!
Se é assim mesmo, por que não fazer o serviço completo? Por que, em vez de ampliar-se apenas o porte de arma de baixo calibre, não se libera o porte de metralhadora pra todo mundo?
Se o perigo não está nas armas, mas nas pessoas que as utilizam, por que não editar uma espécie de liberô geral, garantindo-se o direito de um cidadão abrigar até mesmo um foguete na escrivaninha que está na sala de casa?
Outro argumento tosco, imbecil, irracional apresentado pelos que defendem a liberação das armas é o de que a criminalidade decresceu nos últimos meses, desde que o Capitão assumiu, justamente porque a posse de armas foi flexibilizada.
Céus!
Isso é uma mentira deslavada.
Não há estudo sério, qualificado, abalizado que mostre a conexão de uma coisa com a outra.
A criminalidade caiu, sim, mas não há estudos que vinculem essa queda à ampliação da posse de armas.
Se isso fosse verdade, ou seja, se a criminalidade caiu porque facilitou-se o direito de as pessoas possuírem armas, então teríamos descoberto a pólvora para reduzir a criminalidade a zero: era só liberar o posse para toda a população. Pronto. Estaria resolvida a parada.
Argumentos como esses – enganosos, equivocados, desonestos e radicais – desconhecem fatos.
Dados do Ministério da Saúde indicam que o ritmo de crescimento de assassinatos no país desacelerou depois que entrou em vigor o Estatuto do Desarmamento, em 2004. Entre 1996, a média de crescimento anual da taxa de mortes por agressão (que leva em conta o tamanho da população) foi de 2,22% ao ano. De 2004 em diante, após a restrição do acesso às armas, a média de crescimento anual foi para 0,29% - uma queda de 87%, portanto.
O Estatuto do Desarmamento, que Bolsonaro despreza e do qual faz deboche há tempos, antes mesmo de eleger-se presidente da República, evitou quase 134 mil mortes entre 2004, quando entrou em vigor, e 2014.  De acordo com o “Mapa da Violência 2016 – Homicídios por armas de fogo no Brasil”,  a lei em vigor foi responsável por estancar o ritmo de crescimento desse tipo de crime no país.
O Ministério da Saúde também revela que revela que 71% dos assassinatos no País são cometidos com armas de fogo. Isso porque, segundo pesquisadores apontam, ocorreu uma “verdadeira corrida armamentista” no país a partir dos anos 1980. O processo só foi interrompido em 2003, com o Estatuto do Desarmamento.
Por essas e outras, o Brasil espera, ansiosamente, que a Câmara dos Deputados confirme a decisão da Câmara.
Pelo seu bem.
Pelo bem de todos.
Pelo bem do País.

2 comentários:

Pedro do Fusca disse...

O saudoso Paulo Frota era a favor destas criancinhas bandidas até que um dia uma destas criancinhas assaltou sua genitora e certamente mudou de opinião. Hoje só bandido tem direito a ter arma para se defender e TRABALHAR. Estes Senadores tem carro blindado, guarda costas, segurança as 24 horas e não precisam ter em sua residência armas para defesa de sua família. Uma pena que tudo deste Governo estes políticos aproveitadores acostumados a ter cargos para se aproveitarem do dinheiro público votem sistematicamente contra o povo brasileiro. Triste é notar que não querem seriedade em um Governo. Por outro lado a imprensa que vivia a custa do Governo, não tendo mais a galinha dos ovos de ouro todo dia cria um novo fato para derrubar quem quer seriedade.

Guilherme disse...

Pedro, certamente é revoltante saber que, enquanto estamos aqui sem arma, os "poderosos" se protegem da forma como permite nosso dinheiro.

No entanto, entendo que a saída não é nos armar, ao menos neste momento, mas investir em educação de qualidade, dotar nossas crianças e adolescentes de consciência de sua utilização, fornecer ferramentas para que sejam doutores de suas próprias decisões - sábias à luz da Sociedade.

Após, quem sabe, permitir ao cidadão a manutenção de uma arma para sua defesa pessoal em casa.

O IPEA já provou que o uso de arma, sem o devido preparo do cidadão, da sua família e da sociedade, não resta, senão, numa destruição pessoal.

Abraço.