Jader Barbalho, detentor de 50% das cotas da TV Tapajós - conforme informou o Blog do Jeso -, a afiliada da Globo em Santarém, já fez chegar pessoalmente à direção da emissora a informação de que não tem o menor interesse, a menor pretensão, a menor intenção de assumir o controle da empresa.
O objetivo de ingressar no processo de inventário que vai partilhar os bens do empresário Joaquim da Costa Pereira é apenas, segundo a justificativa apresentada pelo ex-deputado à direção da emissora, a de preservar a sua (de Jader) parte no espólio, que se estima esteja na faixa dos R$ 12 milhõs a R$ 15 milhões. Ele está disposto, portanto, a vender sua parte aos herdeiros, se essa for a alternativa mais recomendável para desembaraçar o processo de partilha dos bens.
Jader tem uma razão objetiva para ter informado sobre suas pretensões à direção do Sistema Tapajós de Comunicação (STC). É que nem que ele quisesse, não poderia mesmo assumir o controle da emissora, porque a Rede Globo não admite que o controlador de uma afiliada sua detenha concessão de emissora concorrente. É o caso do ex-deputado, cuja família controla a TV RBA, afiliada da Rede Bandeirantes.
E a Globo, como reagirá?
A expectativa, agora, é saber como reagirá a Rede Globo diante desse fato novo - e concreto - de que o ex-deputado, a partir de 2001, é sócio do STC em Santarém. O que se sabe é que a emissora é muito rigorosa no tratamento de questões legais como essa. E por muito menos já adotou posturas rigorosas, para não dizer rigorosíssimas.
Um precedente concreto comprova isso.
Na década de 80, a Globo tinha como afiliada no Amazonas empresa controlada por um grupo político. Antes de expirarem os dois primeiros anos do contrato de concessão, a empresa, à revelia da Globo, foi transferida para o Grupo Simões, um dos mais tradicionais do Amazonas, controlador, inclusive, da Coca-Cola na região.
Roberto Marinho, o velho e poderoso Doutor Roberto, deixou o tempo escoar-se. Um pouquinho antes de findar o prazo dos dois primeiros anos de concessão, e já com a afiliada do Amazonas sob o comando do Grupo Simões, a Globo denunciou o contrato.
Foi nessa ocasião que o Doutor Roberto cunhou uma frase que virou sentença, uma verdadeira declaração de princípios dentro da Globo. Disse ele, então, quando o questionaram sobre suas restrições ao novo sócio que não escolhera de livre e espontânea vontade: "Eu me reservo o direito de escolher os meus sócios". E ponto final.
Com o ponto final decretado pelo Doutor Roberto, a Globo escolheu como sócio o grupo do empresário Phelippe Daou, que já tinha a Rede Amazônica de Comunicação. E assim a RCA começou a operar inicialmente no Acre, Amapá, Roraima e Rondônia. Posteriormente, incorporou o Amazonas em seu raio de alcance para retransmitir a programação da Globo.
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