Nem a 9ª Sinfonia.
Nem o Hino Nacional Brasileiro (sou patriota, claro, e sempre me lembro dele).
Nem uma sertaneja (tenho que incluí-a, porque procuro ser politicamente correto, é óbvio).
A música que me veio à cabeça, tão logo saltei da cama, por volta das 8 da manhã, era aquela musiquinha (um jingle, é assim o termo técnico?) da Cremogema.
Era aquele jingle que dizia assim:
Crem, Cremo, Cremo, Cremogema
É a coisa mais gostosa desse mundo
Eu esqueço a boneca
Eu esqueço a minha bola
Quando tomo, tomo, tomo, tomo, tomo, tomo, tomo
Crem, Cremo, Cremo, Cremogema
A versão integral está no vídeo aí de cima, incorporado à postagem.
Em 720 anos de vida, nunca, nem uma vez sequer, eu cheguei a provar Cremogema.
Mas não esqueço do jingle da peça publicitária, que eu adorava e jamais esqueci.
Agências assépticas
Eis que, nesta segunda (17), abro O Globo (sou jornalista que lê jornal, acreditem), vou à página 3 e leio a coluna de Washington Olivetto, que assina sua coluna duas vezes por mês, sempre às segundas.
Seus artigos são magistrais. Não perco um.
No de hoje, Olivetto aborda o panorama atual da publicidade brasileira.
Um panorama marcado, segundo seu juízo, pela falta de ânimo, de criatividade, de inspiração, com a preocupação mais de conquistar prêmios, e não conquistar o consumidor.
O ambiente das agências, emenda Olivetto, é tão asséptico como um consultório odontológico.
"Não há layouts em cima da mesa, jingles tocando alto nos corredores, nem provas de anúncios penduradas nas paredes. E não há novas conquistas comemoradas com champanhe e fogos, até porque a maioria delas não tem novas conquistas para comemorar", reforça Olivetto.
A parte final do artigo é antológica. E está na imagem acima.
Impossível não se concluir que Olivetto tem razão.
Eu, consumidor, sou a prova de que ele tem razão.
Mesmo sem nunca ter sequer provado a Cremogema, tenho a forte impressão de que adoro Cremogema.
Porque adorava o jingle da Cremogema. E tanto é assim que jamais esqueci dele.
Eis aí o encanto da publicidade.
Eis aí o desencanto de Olivetto, um dos grandes responsáveis pela encantamento que a publicidade brasileira já despertou no mundo inteiro.
Se puderem, leiam o artigo.
Mesmo os que não são publicitários, mas são consumidores.
Mesmo os que, como eu, nunca comeram Cremogema.
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