Quarenta e oito horas depois de o Fluminense ter conquistado o bicampeonato carioca de forma épica, de virada e com direito a chocolate sobre o maior time do mundo, ainda estou, sinceramente, ressaqueado.
A vitória, redigo, foi épica, histórica, heroica.
Mas faço essa postagem não para marcar a conquista antológica do Tricolor, e sim para confessar minha surpresa, minha estupefação e meu espanto pela forma como o Fluminense vem sendo tratado pela mídia esportiva do País inteiro desde domingo à noite, tão logo encerrou-se o Fla x Flu no Maracanã.
Até então, todos só falavam no outro.
O outro, até então, já tinha perdido, apenas neste ano, quatro títulos: Mundial de Clubes (em que não foi nem para a final), Supercopa do Brasil, Recopa e Sul-Americana. Na estreia pela Libertadores, perdeu de virada para o Aucas, um time do Equador, que pela primeira vez está participando da competição.
Mesmo com esse cartel magistral de triunfos, só se falava no outro: que é o melhor do mundo, que tem um elenco estelar e que iria para a final do Carioca com 40 mãos postas na taça, já que tinha a vantagem alcançada pela vitória por 2 a 0 na primeira partida.
E do Fluminense, o que se dizia? Nada. No máximo, que poderia protagonizar uma, digamos assim, virada impossível.
Mas, afinal, veio a final e o impossível aconteceu: virada, chocolate e título. E o quinto título do ano perdido em sequência pelo outro, o maior do mundo.
Pronto.
Agora, coleguinhas da mídia esportiva vão para as mesas de debate com 40 dicionários em mãos, para buscar adjetivos que possam, na visão deles, definir o Fluminense.
E haja elogios: ao dinizismo (hahaha), ao espírito de equipe, à aplicação tática, aos talentos da garotada de Xerem, enfim, ao momento impecável que o Fluminense vive.
Olhem só.
Sou torcedor. E torcedor supersticioso.
Ouvir elogios de gente que antes tinha pirrique só de falar no Fluminense é algo preocupante. Estou consultando até bolsonaristas fascistas pra me dizerem se isso não é uma conspiração de secadores.
Prefiro mesmo que o meu time seja mantido no esquecimento. E que as exaltações fiquem sempre para o outro. Ou para os outros, se quiserem.
Quando eu quiser exaltação para o Fluminense, recorro ao velho Nelson: "Grandes são os outros, o Fluminense é enorme".
Né?
Um comentário:
Vida longa ao Vítor Pereira no Flamengo.
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