Quem não é apaixonado pela NBA?
Na último domingo (23), quando vi essa cesta de Luka Doncic, no estouro do cronômetro, selando a vitória de seu time, o Dallas Mavericks, contra o favorito Los Angeles Clippers por apenas dois pontos (135x133), pensei por alguns segundos que fosse uma montagem.
Não.
Era apenas a supremacia, o triunfo do talento. Era a assinatura de uma obra de arte.
Olhem agora, as fotos abaixo.
LeBron e seus companheiros do Lakers ajoelham-se antes de uma partida (como tem sido rotineiro em jogos da NBA), em apoio à luta contra o racismo |
Jogadores do Milwaukee Bucks leem comunicado informando o histórico boicote à NBA, em protesto contra tiros desferidos pela polícia contra jovem negro em Kenosha, no Winsconsin |
Quando vejo essas imagens a cada início de partida pelos playoffs da NBA, quando vejo essas imagens que expressam o protesto, a indignação, a revolta, a repulsa às atrocidades raciais cometidas pela polícia contra negros no Estados Unidos, às vezes penso que são idealizadas.
Mas não.
Essas imagens são reais. Representam a supremacia, o triunfo da consciência política no mundo do esporte, coisa rara, para não dizer raríssima de acontecer mesmo em pleno Século XXI.
Em pleno Século XXI, o obscurantismo embota inclusive coleguinhas jornalisatas e amplos segmentos da Imprensa - e não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro - que insistem em difundir essa falácia, essa balela, essa imbecilidade de que jogadores de futebol e atletas de qualquer modalidade não podem, nem devem expressar-se politicamente quando estão competindo.
Podem, sim.
Podem e devem.
Por que não poderiam?
Por que não deveriam?
Por que um astro do futebol não pode, por exemplo, na hora de comemorar um gol, levantar a camisa para revelar, por baixo dela, algo como Não sou bolsominion, Não sou gado, Vidas Negras Importam, Sou antifa, Fora, Bolsonaro e outras do gênero?
Por que não poderiam expressar frases em apoio a Bolsonaro, ao bolsonarismo, aos conservadores, ao direitismo, ao boca porca Olavo de Carvalho (inclusive o dito esclarecido) e até mesmo em apoio ao terraplanismo?
A democracia presume a livre manifestação de opiniões, meus caros.
Não se tolera, claro, é que um boca porca ameace "encher de porrada" a boca de seus críticos, como também é intolerável que uma celerada ameace espancar autoridades, porque aí não temos o exercício da liberdade de expressão, mas crime de ameaça ou crimes contra a honra, puníveis por lei.
Mas expressar convicções políticas, sobretudo num momento como este, em que vemos todos os dias atrocidades sendo cometidas contra negros nos Estados Unidos e em outros cantos do planeta, isso é plenamente recomendável. E mais do que recomendável, é necessário e elogiável.
A NBA, com seus astros multimilionários - negros (em sua grande maioria) e brancos -, oferece à humanidade, e sobretudo ao esporte de um modo geral, um notável exemplo que precisa ser seguido.
Porque o talento de um LeBron, de um Doncic, de um Messi, de um Cristiano Ronaldo, de um Neymar jamais deveriam servir de abrigo para esconder a covardia dos que não querem pôr sua popularidade e sua influência a serviço da liberdade, da democracia e da diversidade.
A NBA alimenta nosso espírito dos melhores tônicos de otimismo.
Porque é farta em talento.
E porque está sendo um ponto de inflexão - para melhores dias - no obscurantismo político que, infelizmente, ainda domina de forma esmagadora o mundo do esporte.
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