No dia 3 de abril passado, uma terça-feira, o
secretário de Segurança Pública do Pará, Luiz Fernandes, disse numa entrevista
ao Jornal Liberal 2ª Edição, da TV Liberal, que
se sente seguro – isto mesmo, seguro – de andar em Belém porque ele sabe
o que a Polícia faz, ao contrário de tantos que, especula Fernandes, sentem-se
inseguros porque não saberiam o que a Polícia está fazendo.
Não.
Essa resposta não foi um deboche, como você está
pensando.
Não foi um escárnio.
Não foi muito menos uma crueldade com o cidadão
comum, que se sente apavorado, aturdido, desorientado, desamparado,
aterrorizado ao pôr os pés fora de sua casa em qualquer bairro da cidade.
Não.
A resposta foi, tipo assim, apenas uma resposta
para que ele não ficasse em silêncio; porque, se ficasse, provavelmente
transmitiria à opinião pública a impressão de que, sim, Sua Excelência o
secretário de Segurança Pública do Pará tem medo de andar em Belém.
É pena que, parece, ainda não tenham dito ao
delegado que o silêncio, às vezes, pode ser, admita-se, um indício de
assentimento ou concordância com uma certa questão formulada.
Mas, outras vezes, o silêncio representa
prudência da autoridade e sua extrema cautela para não cometer deslizes verbais que
possam soar como deboche, escárnio ou crueldade.
Uma semana depois de ter dito o que disse, o
secretário, supõe-se, pode estar convencido de que não deveria dizê-lo. Era
preferível, portanto, que tivesse respeitosa e humildemente silenciado à
pergunta da repórter.
Porque, uma semana depois de dizer-se seguro de
andar na cidade, por saber o que sua polícia faz, o secretário de Segurança
está, como todos nós estamos, contabilizando mais de 30 mortes em menos de 48
horas na Grande Belém.
Mais de 30, meus caros.
Foram dois policiais militares e, em seguida,
mais 10 pessoas executadas em vários bairros.
E nesta terça-feira (10) à tarde, 21 detentos foram
mortos durante uma tentativa de resgate no complexo penitenciário de Santa
Izabel.
Essa violência é apavorante?
É digna de nos amedrontar?
De nos aterrorizar?
De nos deixar com a certeza de que o Poder
Público não nos protege e nem nos ampara?
Mas é claro que não, gente.
Não precisamos ter medo.
Basta procurarmos saber com o doutor Luiz
Fernandes o que é que a polícia faz.
Apenas e tão somente isso!
Tim-tim!
Um comentário:
Povo fragilizado, do sorriso ao choro fácil,
Ombro disponível para os vizinhos e parentes
Velando mais um ente cruelmente assassinado.
Onde se escondem aqueles Três Poderes, ó céus?
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