A vida imita a arte, meus caros.
É claro que imita.
Olhem esse predador criminoso – ou criminoso
predador, como queiram.
Trata-se de Harvey Weinstein, o superprodutor de
Hollywood acusado, vocês sabem, de assediar sexualmente várias mulheres, várias
delas atrizes.
Suas armas: perversão sexual, ousadia e
influência, não necessariamente nessa ordem. As vítimas de seus crimes deixavam
seu escritório ou quarto de hotel invariavelmente em silêncio, porque ficavam
apavoradas de se tornarem proscritas no mundo do cinema, por interferência de
Weinstein.
Até que apareceram duas repórteres – bendita
repórteres - Jodi Kantor e Megan Twohey, ambas do “The New York Times”.
Durante quatro meses, elas saíram à caça do
maior número possível de depoimentos e provas das atrocidades cometidas por Weinstein,
para evitar que, depois da publicação da matéria, ele conseguisse usar mais uma
vez seu poder para abafar as acusações.
Publicada a reportagem, o mundo do predador
começou a desabar rapidamente: ele perdeu o posto na empresa que fundou, sua
mulher (Georgina Chapman, estilista da Marchesa) anunciou o divórcio e ele foi
suspenso da academia de cinema britânica e expulso da americana.
O sindicato dos produtores (PGA) também anunciou
o início do processo de expulsão de Weinstein, que deverá ser ouvido antes da
conclusão do caso, no dia 6 de novembro. E divulgou a criação de uma
força-tarefa antiassédio sexual, incumbida de “pesquisar e propor soluções
efetivas e substanciais para o assédio sexual na indústria do entretenimento”.
Isso não é um roteiro perfeito para um filme,
gente?
Não é um roteiro perfeito para um filmaço, como
tantos que Weinstein produziu?
Aliás, só de saca,
a Justiça americana poderia impor-lhe, como uma das penas, a obrigatoriedade de
bancar uma superprodução inteirinha sobre sua degradação como homem e como ser
humano.
Não
seria perfeito?
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