terça-feira, 22 de junho de 2010

Riqueza para a Vale, poucas contrapartidas para o Estado

Do leitor Luiz Braga, sobre a postagem Pará receberá maior projeto de mineração do mundo:

A notícia proveniente da competente assessoria de imprensa da Vale foi noticiada em toda imprensa na semana passada. O que se esperava desse blog era que fizesse algum tipo de questionamento, qualquer que fosse.
Aliás, a blogsfera supõe-se mais livre do que os veículos tradicionais, ricamente irrigados pela verba publicitária da empresa. Da forma como foi feita a mera transcrição do release, tem-se a impressão de que é isso e pronto.
Aguardei para ver se o blog, cujo poster priva do meu respeito e amizade, faria algum comentário, antes de enviar o meu. Nada se falou de que, por exemplo, Carajás e adjacências, já vêm há muito tempo produzindo muita riqueza para os acionistas da Vale e pouca contrapartida para a população paraense.
Em Minas, Aécio construiu uma cidade administrativa inteiramente projetada por Niemeyer só com verbas dos royalties dos minérios. Aqui, mendigam-se casas populares desde muito tempo e elas nunca vieram.
Afirma-se (com razão) que o projeto gera emprego e renda e esquece-se de que bem estar é muito mais que isso. As cidades do Pará envolvidas nos projetos E as outras, por tabela), incham com as pessoas que vieram em busca de oportunidades e veem sua já precária infraestrutura ser sobrecarregada, sem recursos para resolver.
Da riqueza da borracha herdamos teatros, praças, portos, avenidas, mercados, cultura refinamento. Do ciclo mineral ainda estamos a esperar o que virá.
Enfim, nada contra divulgar o release, mas esperava o comentário, o questionamento. A continuar assim, o Pará caminha para a unanimidade em torno dos benefícios gigantescos que se afirma no release sem enxergar que sempre existirá o outro lado e que se calarmos ninguém falará por nós.

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Do Espaço Aberto:

Caro Luiz.
Suas colocações são perfeitas.
Tão perfeitas que o blog as tomaria com suas e assinaria embaixo, se isso não configurasse uma infração autoral.
A ausência de comentários do blog em releases e textos de outra natureza não indica concordância com o que é publicado.
Ao contrário.
Muitas vezes, o blog discorda totalmente.
E justamente por discordar é que os destaca na ribalta, para que os leitores, se quiserem, se posicionem contrariamente. Ou a favor, é óbvio.
Além disso, comentários, muitas vezes, não são feitos por pura e completa falta de tempo do poster, que, como sabem s leitores, faz o blog no restinho do tempo em que lhe resta.
De qualquer forma, e feitos os esclarecimentos, convém repetir.
Do início ao fim, do fim ao início, o posicionamento de Luiz Braga se sintoniza com o do blog.

2 comentários:

Luiz Otavio Braga disse...

Como leitor do blog desde seu início, tenho sentido os efeitos da recente falta de tempo do poster.
Agradeço a gentileza da resposta e torço para que em breve possamos ter o privilégio de mais tempo.
Sobre o assunto, a pouca quantidades de comentários na nota incial demonstra que os leitores também estão sem tempo para comentar seu próprio futuro.
Abraço forte,
Luiz Braga

Francisco Sidou disse...

Caro Poster,
Permita-me também assinar embaixo a lúcida e brilhante manifestação desse grande artista paraense que é o Luiz Braga. Ele está coberto de razão. A grande imprensa tece loas às grandes realizações da Vale, sem questionar a "herança" que pode ficar com o povo paraense, após a "exaustão dos materiais e das minas", a exemplo do que ocorreu no Amapá, onde após 50 anos anos de exploração colonialista do manganês ficaram apenas enormes buracos, a desolação e a pobreza.
No caso do Pará, perdemos o porto de escoação dos minérios da Vale, que seria a "ponta da Tijoca", apenas porque Sarney , com maior prestígio junto aos militares, "provou" que o Porto do maranhão tinha maior "calado". Calados ficaram, na época, nossos "lídimos" representantes no Congresso nacional, sem falar que tínhamos um Ministro no regime de força. Mas que não teve força para "peitar" Sarney. Voc~e tem toda a razão, caro Luiz Braga. Precisamos de governantes que tenham coragem de dialogar com a Vale, sem baixar as calças nem
a cerviz.