Estive em Israel em 2016.
Foi uma das viagens mais inesquecíveis da minha vida.
Em Jerusalém, fui ao Museu do Holocausto (acima e abaixo desta postagem, algumas fotos).
Foi um dos momentos mais inesquecíveis da minha vida.
Falarmos do Holocausto, lermos sobre o Holocausto, assistirmos a filmes e documentários sobre o Holocausto, nada se compara a estar num ambiente em que a matança de 6 milhões de judeus é retratada e expressada por eles mesmos, sem concessões a sentimentalismos, mas com absoluta fidelidade a uma das maiores selvagerias que a (des)humanidade já produziu.
O presidente Lula, pela experiência política que tem, lastreada no feito incomparável de ter alcançado o governo do Brasil por três vezes, pelas vias legitimamente democráticas, não precisaria ter passado por um momento único, como o de visitar o Museu do Holocausto, em Jerusalém, para ter a dimensão exata das dimensões do que foi a morte de 6 milhões de judeus pelo regime nazista. Lula nem precisaria visitar o museu (se é que já o visitou alguma vez) para conhecer o tamanho de uma hediondez tamanha, como foi o Holocausto.
Lula, pela experiência política que tem, não poderia, sob hipótese alguma, ter oferecido ao governo de um fascista e corrupto, como o Benjamin Netanyahu, a oportunidade de humilhar o Brasil. E de humilhá-lo em pleno Museu do Holocausto.
Uma fala irresponsável. E trágica.
A fala de Lula na Etiópia, comparando ao Holocausto a mortandade que Israel perpetra desde outubro do ano passado contra os palestinos, foi um desastre assustador.
Foi indefensável.
Foi irresponsável.
Representou um trágico e inacreditável equívoco histórico.
Acabou se tornando uma ofensa à memória dos judeus que pereceram no Holocausto, ainda que a intenção de Lula (como agora estão dizendo o governo e alguns de seus aliados) tenha sido a de criticar o governo genocida do corrupto Netanyahu, e não o povo judeu.
Lula acerta ao reprovar, como já tem feito e já o fez várias vezes, a retaliação desmedida ao ataque terrorista que Israel sofreu.
Porque, é fato, esta guerra começou com um ataque terrorista do Hamas. Um ataque ignóbil, assassino e selvagem, que sacrificou a vida de 1.400 inocentes.
É fato que Israel tinha, como tem, o direito de retaliar a essa agressão.
Mas é fato que, há muito, passou dos limites, matando até agora quase 30 mil palestinos, inclusive milhares de mulheres e crianças.
Quando condena a matança de Israel (e isso após reconhecer que Hamas cometeu um atentado terrorista, vale dizer), Lula alinha-se entre as maiores democracias do Ocidente, que, muito embora aliadas de Israel, também defendem um cessar fogo imediato. Até mesmo os Estados Unidos, que vão propô-lo perante o Conselho de Segurança da ONU.
Mas Lula ter comparado a retaliação desmedida de Israel ao Holocausto, francamente, é injustificável, equivocado, irresponsável e ofensivo à memória de 6 milhões de pessoas trucidades pelo regime nazista.
Um corrupto humilha o Brasil
Ao trágico discurso de improviso de Lula, o governo israelense do corrupto e fascista Benjamin Netanyahu, ao tentar humilhar a figura do presidente como chefe de Estado, acabou humilhando o Brasil. Acabou humilhando os brasileiros. E os humilhou por meio de um circo, de uma molecagem, de um show midiático repulsivo, como poucas vezes se viu na diplomacia.
Conferir a Lula o status de persona non grata, como fez o governo Netanyahu, é um gravame que afeta mais a figura do presidente, mesmo sendo um direito do governo israelense de demonstrar sua irresignação.
Mas a molecagem e a humilhação intoleráveis do governo de Israel ao Brasil consistem num procedimento também jamais visto - ou pouquissimamente visto - na diplomacia: convocar o embaixador brasileiro para se dirigir até o Museu do Holocausto e passar-lhe uma descompostura pública.
Foi acintosa, desrespeitosa, mal-educada, desprezível e humilhante a cena em que o embaixador do Brasil, Frederico Meyer, ouve calado, sem ter o direito de se manifestar, uma reprimenda pública do ministro das Relações Exteriores do governo Netanyahu, Israel Katz.
Meyer, aliás, não falou porque sequer entendia o que estava ouvindo, uma vez que o ministro Katz expressou-se em hebraico, idioma que o embaixador, ao que se diz, não domina. E este detalhe é mais um a confirmar a molecagem do fascista Netanyahu.
O governo israelense tem o direito de expressar, pelas vias diplomáticas, a sua insatisfação contra outra Nação.
Tem o direito de convocar um embaixador de outro país para se explicar.
Mas jamais deveria fazê-lo publicamente, diante do holofotes da Imprensa, e além disso não propiciando ao embaixador Meyer o direito de explicar a posição de seu país, até porque não entendia o que estava sendo dito.
Se Israel tinha o intento de responder a uma humilhação com uma outra humilhação, conseguiu.
Mas um erro trágico - o de Lula - não justifica outro enorme erro - o do governo corrupto de Netanyahu, ao humilhar publicamente o Brasil.
Justifica?
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