No programa que ancora na CNN, o jornalista William Waack situou Belém para os seus telespectadores como sendo a cidade que fica "lá no meio do mato".
Um pouco antes, no mesmo programa, o âncora chamara um link ao vivo do repórter Caio Junqueira, que estava em Belém cobrindo a Cúpula da Amazônia.
E disse assim: "Nosso Caio Junqueira, nosso homem na floresta. Quer dizer, nas ruas de Belém, né?".
Grande William Waack.
Ele está sendo, justamente, execrado por belenenses e paraenses de um modo geral, como também por quantos, não sendo William Waack, jamais teriam demonstrado, como ele demonstrou, um preconceito tão agudo em certas situações.
Como em 2016, por exemplo. Vejam o vídeo acima.
Então apresentador do Jornal da Globo, ele aguardava o programa começar, em uma transmissão ao vivo em frente à Casa Branca, em Washington.
“Tá buzinando por que, seu m… do c…?” disse inicialmente Waack, reclamando de uma buzina que soava na rua.
Em seguida, balbuciou nos ouvidos do convidado, o comentarista Paulo Sotero, que está ao seu lado: “Você é um, não vou nem falar, eu sei quem é…” E depois continua: “É preto, é coisa de preto”.
Por isso, Waack foi demitido da Globo.
Mas, sete anos depois, Waack continua sendo Waack. Na sua mais genuína expressão.
No caso do "é preto, é coisa de preto", Waack fez textões e mais textões confirmando ter dito tudo o que disse, mas explicando que não o disse como expressão de seu preconceito (que ele disse não ter) contra os pretos.
Eu, pessoalmente, li textões e mais textões de Waack, além de ter visto algumas entrevistas dele sobre o mesmo assunto.
E suas explicações apenas me convenceram de que esse personagem, respeitada, é claro, a sua larga e reconhecida experiência no jornalismo, muitas e muitas vezes é ignorante (na verdadeira acepção do termo) no manejo do instrumento que tem a seu dispor, qual seja a língua portuguesa, para expressar suas opiniões ou suas boutades de forma a não pairarem dúvidas sobre o que pretende transmitir aos destinatários de suas mensagens.
Ao convencer-me desse fato, também me convenci de que Waack pode até não ser preconceituoso mas age com lampejos de um preconceito petrificado, incorrigível, fossilizado.
Até agora, ao contrário do episódio de 2016, ele ainda não veio a público para explicar o sentido de suas palavras.
Melhor mesmo que não o faça.
Porque, se o fizer, apenas reforçará em muitos, como eu, que quanto mais ele explicar que o sentido de suas falas não é preconceituoso, mais e mais ficaremos certos de que o sentido de falas como essas suas é, sim, francamente preconceituoso. E mais: é uma fala burra, idiota e expressiva de conceitos errôneos.
Enfim, agora, como em 2016, Waack foi apenas Waack.
Sendo assim, nem "lá no meio do mato" (sabe-se lá qual) ele seria digno de ser acolhido.
2 comentários:
Esperar o que de um cidadão fez o L e passa pano pro molusco, o certo era ele ter dito: "Lá no meio do lixo" porque é assim que o prefeito psolista tem deixado a população da capital.
Para mim, é racista sim, e também preconceituoso. Não duvido que esse babaca sequer tenha posto os pés em Belém ou outro lugar da Amazonia, o que, ao final, é até bom. Vai no mesmo diapasão dos Boris Casoy da vida. Acabam no lixo da história.
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