segunda-feira, 4 de julho de 2011

A propinagem vai de carro, de trem... Que coisa!

Mário Couto (PSDB-PA): ele bem que alertou sobre o Dnit. Várias vezes.
Mas que coisa impressionante!
Esses indícios de propinagem no Ministério dos Transportes são alguma coisa de assustador.
E aí não adianta dizer - pela enésima vez - que é coisa da Imprensa.
Não é, não.
Desta vez, é coisa da dona Dilma.
É coisa da presidente da República.
Ela, mais do que ninguém, tem dados privilegiados que nem a Imprensa tem.
Ela, mais do que ninguém, dispõe de inteiras condições de mensurar a extensão de propinagens em seu governo.
É por isso que os termos do diálogo reproduzido em "Veja" desta semana, entre Dilma e a tchurma da área dos Transportes, são estarrecedores.
E merece aplausos (ple, plec, plec) - muitos e calorosos - a atitude da presidente de afastar logo, de cara, Mauro Barbosa da Silva, chefe de gabinete do ministro Alfredo Nascimento; Luís Tito Bonvini, assessor do gabinete do ministro; José Francisco das Neves, o “Juquinha”, diretor-presidente da Valec, e por último, mas não menos importante, Luiz Antonio Pagot, diretor-geral do Dnit.
Aliás, e por falar em Pagot, faça-se justiça ao senador Mário Couto, do PSDB do Pará.
Não é de hoje que ele marca Pagot em cima.
É marcação cerrada.
No último dia 14 de junho, por exemplo, Mário Couto disse assim, em pronunciamento no Senado, e de acordo com os estritos termos das notas taquigráficas:

Brasileiros e brasileiras, é uma imoralidade permanecer com o Pagot na administração do Dnit. Esse homem ainda tem a coragem de tentar intimidar o Senador, entrando na Comissão de Ética para intimidar o Senador, querendo calar o Senador, para que o Senador não viesse mais à tribuna falar da corrupção dele. O Dnit é o órgão mais corrupto do Brasil, Presidenta! Troque esse homem! Limpe o Dnit! Lave o Dnit da roubalheira! Moralize o seu Governo, Presidenta. Faça com que aqui a gente possa elogiá-la. É uma vergonha nacional! É uma desmoralização permanecer com esse homem à frente do Dnit. E o Tribunal de Contas da União, a toda hora, mandando para o Senado as irregularidades, meu caro Senador Flexa Ribeiro, daquele órgão. Ele teve a coragem, Senador Flexa Ribeiro, de mandar à Comissão de Ética a minha cassação!

A coragem de fazer isso, porque, aqui, eu o chamei de corrupto, de ladrão! E eu vou chamar de que um homem que rouba o dinheiro público daqueles que pagam seus impostos em dia, o dinheiro para ser aplicado em estradas brasileiras?

No dia 16 de março de 2010, lá está Mário Couto na tribuna. Diz ele, segundo constam das notas taquigráficas disponíveis na página do Senado:

Nem para fiscalizar o Executivo este Senado tem mais poder! No que deram as CPIs? Cadê a CPI do Dnit que eu pedi?

Ei, Pagot, Pagot, pode roubar, Pagot. Neste Brasil é assim. Rouba, Pagot. Nada acontece contigo, Pagot! Pode roubar nesta Nação. Ninguém fiscaliza ninguém. O Senado e o Congresso não têm força para fiscalizar o Executivo, e eles sabem disso.

No dia 12 de abril de 2010, Mário Couto novamente sobe à tribuna. Diz assim, conforme as notas taquigráficas:
 
Pagot, sabes de quem é o dinheiro que tu roubas? Do povo brasileiro, Pagot. Se tu estivesses roubando o teu chefe, o lucro do teu chefe, lá no Mato Grosso, eu não estava falando nada aqui, Pagot. Mas tu estás roubando o dinheiro do povo brasileiro, que paga imposto, Pagot. Esse dinheiro é sagrado, Pagot. Esse dinheiro é nosso, não é teu, Pagot. Eu tenho que zelar por ele, Pagot, e é isso que estou fazendo aqui.

Pagot, aquele dinheirinho com que o povo vai ao supermercado comprar o seu sabonete, o seu quilo de feijão, o seu quilo de arroz, lá na etiqueta do preço tem o imposto, Pagot, aquilo é do povo brasileiro. Aquilo é para fazer estrada, aquilo ali é para melhorar a educação, a saúde. É dinheiro nosso, que tu recebes para fazer estrada, Pagot. É por isso que eu te denuncio, é por isso que eu te perturbo e vou continuar te perturbando. É por isso que eu te incomodo, porque tu estás roubando a Nação, tu está roubando o povo brasileiro. Este é o pior tipo de ladrão que tem, Pagot!
Esse é o pior tipo de ladrão que tem! É aquele que rouba o dinheiro sagrado do povo brasileiro, o dinheiro sagrado que o povo brasileiro tira do seu bolso para fazer estrada, para andar em estradas boas deste País...

Acabou?
Não acabou.
Tem mais.
No dia 28 de abril do ano passado, Mário Couto volta a bater ponto na tribuna do Senado. Diz assim, conforme notas taquigráfica (tudo de acordo com elas, observem só):
 
Este é o Brasil de hoje, meu amigo Mozarildo. É por isso que o Pagot faz o que quer, Mozarildo. É por isso que o Pagot me leva à Justiça, Mozarildo. É por isso que o Pagot me levou à Justiça quatro vezes, porque aqui eu disse que ele era corrupto. E eu vou dizer agora, Pagot: “Tu não és corrupto não, me desculpa. Tu és ladrão, Pagot. Tu és ladrão, Pagot! Vai de novo ao Supremo dizer que eu disse aqui que tu és ladrão! Tu roubas o dinheiro público, Pagot, o meu dinheiro!, porque eu pago os impostos devidos a esta Nação, o dinheiro dos brasileiros. E aí tu não queres que eu diga aqui?”


E aí?
E aí parece que dona dona Dilma (mais uma vez, plec, plec, plec pra ela) concorda com Mário Couto.
Parece!

4 comentários:

Anônimo disse...

È impressionante, a cara de pau desse pessoal com ficha corrida, ter coragem de falar dos malfeitos dos outros, como se fossem mogens que fizeram votos de pobreza.

Anônimo disse...

É impressionante como os políticos querem provar quem é menos pior. Lamentável. No caso do senador ele só vê o que é dos outros, na ALEPA ele não viu nadica de nada. Então tá!

Anônimo disse...

Meu caro editor do Blog. Só uma perguntinha, por favor: Se o combativo senador Mário Couto exige uma CPI para apurar a corrupção no Denit, por que este mesmo senador não exige que a sua filha, deputada Cilene Couto, faça o mesmo em relação a corrupação na ALEPA? Pois não!

Anônimo disse...

Bemerguy

Quero ler sua arguta análise crítica deste papelão demagógico. Uma verdadeira odisséia do cinismo parlamentar.

Com essa, não tenho nenhuma dúvida:
A democracia representativa foi definitivamente esgotada no Brasil, devemos lutar para construir espaços de democracia direta, exercendo a soberania popular de forma concreta.