A estas horas, 24 horas antes do café da manhã programado para esta quarta-feira (23), dr. Almir, o Gabriel, o Almir Gabriel, deve estar regando suas orquídeas.
Eles as quer, evidentemente, bem viçosas para receber os convidados.
Deve estar, além disso, apanhando lá nos seus pomares do Ipitu as melhores frutas para sucos suculentos – suculentíssimos.
Deve estar revirando suas despensas, à procura dos ingredientes para mandar fazer tapioquinha, cuscuz, bolo de milho, coisas que tais.
Enfim, dr. Almir, anfitrião perfeito, delicado, dócil, elegante, de hábitos refinados, enfim, um dr. Almir maneiro – maneiríssimo – deve estar a estas horas fornindo bem sua mesa.
É necessário, claro, forni-la.
Os convivas merecem.
Quem vai sentir os odores e olores das orquídeas do dr. Almir, quem vai desfrutar das delícias que ele preparou, quem vai regalar-se com a sua docilidade, a sua elegância, a sua delicadeza, o seu refinamento de hábitos é seu velho amigo Jader.
Jader, no caso, é Jader Barbalho, presidente regional do PMDB e candidato a senador na eleição que vem por aí.
Jader será recebido na casa do dr. Almir juntamente com o presidente da Assembleia e pré-candidato – praticamente candidato, se quiserem – do PMDB ao governo do Estado, Domingos Juvenil.
Quando chegarem ao Ipitu, Jader e Juvenil despertarão, muito provavelmente, fortes emoções no dr. Almir.
Não que o dr. Almir vá às lágrimas.
Ninguém aposta nisso.
Mas que certamente ele sentirá certos arrepios, sem dúvida que os sentirá.
Arrepios não propriamente de gratidão.
Os arrepios, os eriçamentos, se houver, é claro, serão de arrependimento.
De arrependimento do dr. Almir em relação a Jader – por evidente.
Há tempos, afinal, que dr. Almir não se encontra com Jader.
Ficaram de mal, trocaram de mal desde que o dr. Almir começou, digamos, a usar o estilo Almir de ser para se referir a Jader.
Na última campanha, a de 2006, Almir trombeteou por aí coisas horrorosas sobre Jader Barbalho, coisas das quais o próprio Jader duvidaria.
Acusava taxativamente, diretamente, inequivocamente, nominalmente, tonitruantemente Jader Barbalho de ter enriquecido à custa de atos ilícitos, de atos escusos, de imoralidades praticadas com o dinheiro público.
Dr. Almir, com o estilo Almir de ser, trombeteava de cima dos palanques dizendo que no palanque dele, Almir, não subia gente como Jader Barbalho.
Dr. Almir, com o estilo Almir de ser, descartou qualquer possibilidade de fazer qualquer aliança com o PMDB de Jader, em 2006. Ainda chegaram a cogitar concretamente que o peemedebista Luiz Otávio Campos – o senador do governador, lembram-se? – fosse o vice na chapa do dr. Almir.
A proposta, a mera cogitação nesse sentido, foi sumariamente descartada. Ao estilo dr. Almir de ser.
Pois é.
Mas amanhã será outro dia, não é?
Dr. Almir deve ter refletido bem.
Genuflexo (toma-te!) ou não, ajoelhado ou não, dr. Almir – concedamo-lhe essa licença, essa prerrogativa – deve ter chegado à conclusão de que o pecador não era Jader.
Deve ter chegado à conclusão de que o pecador era ele próprio, dr. Almir.
Deve ter chegado à conclusão de que ele é que maldou, formou mau juízo sobre o adversário, exagerou, exacerbou-se em conceitos sobre a honradez do próximo.
Chegou à conclusão, enfim, de que o verdadeiro conceito moral que ele, dr. Almir, sempre fez de Jader é o que externou na ótima entrevista à repórter Rita Soares, que o Diário do Pará publicou no último domingo.
Lá, na entrevista, dr. Almir diz assim:
“Jader para o Senado. Tem autoridade moral, estatura política... Eu considero o Jader um dos maiores líderes políticos que o Estado do Pará tem.”
É isso!
Em resumo, dr. Almir descobriu que ele próprio era o pecador ao pensar que Jader acumulava, além de pecados veniais, vários e diversos pecados mortais, capitais.
À mesa, pois.
À mesa, com o dr. Almir.
À mesa, como convém.
Dr. Almir, como anfitrião, haverá de contemplar os convidados com a sua – dele, dr. Almir – proverbial docilidade, gentileza, hospitalidade, elegância e refinamento de hábitos.
Tudo como deve ser aos que, como dr. Almir, se arrependeram do que disseram, não é?
Acreditemos no dr. Almir.
Acreditemos nos políticos.
Em suas intenções.
Em seus juízos.
Nos conceitos que formulam.
Acreditemos na sinceridade do dr. Almir.
Plec, plec, plec.
Palmas para o dr. Almir.
Muitas palmas.
Muitíssimas.
Ah, sim. Lembra aquela frasezinha do Ortega Y Gasset, que todos já sabem de cor e salteado?
A frase é assim: “O homem é ele e suas circunstâncias”.
Pois é.
Se o homem é ele e suas circunstâncias, os políticos são eles e as suas conveniências.
Há exceções, é claro.
Mas exceções que apenas confirmam a regra.
Ninguém é perfeito, não é?
Hehehe.
Em resumo, dr. Almir descobriu que ele próprio era o pecador ao pensar que Jader acumulava, além de pecados veniais, vários e diversos pecados mortais, capitais.
À mesa, pois.
À mesa, com o dr. Almir.
À mesa, como convém.
Dr. Almir, como anfitrião, haverá de contemplar os convidados com a sua – dele, dr. Almir – proverbial docilidade, gentileza, hospitalidade, elegância e refinamento de hábitos.
Tudo como deve ser aos que, como dr. Almir, se arrependeram do que disseram, não é?
Acreditemos no dr. Almir.
Acreditemos nos políticos.
Em suas intenções.
Em seus juízos.
Nos conceitos que formulam.
Acreditemos na sinceridade do dr. Almir.
Plec, plec, plec.
Palmas para o dr. Almir.
Muitas palmas.
Muitíssimas.
Ah, sim. Lembra aquela frasezinha do Ortega Y Gasset, que todos já sabem de cor e salteado?
A frase é assim: “O homem é ele e suas circunstâncias”.
Pois é.
Se o homem é ele e suas circunstâncias, os políticos são eles e as suas conveniências.
Há exceções, é claro.
Mas exceções que apenas confirmam a regra.
Ninguém é perfeito, não é?
Hehehe.
11 comentários:
Nesse, de tanto "Dr. Jarde", seria bom refrescar a memória. Um episódio: http://www.istoe.com.br/reportagens/39529_JADER+QUER+US+5+MILHOES+?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage
Caríssimo Paulo,
Seu post reviveu minha tristeza que, há algum tempo já havia se transformado em resignação. E é óbvio que a culpa não é sua!
Resignação pela conclusão, para mim não era tão óbvia e de fácil assimilação, de que o homem e suas conveniências se sobrepôs ao homem e suas circunstâncias. Aquele, eu havia aprendido a respeitar e a admirar. Este, eu aprendia a reconhecer.
Não jogo o passado fora. Nem o que Almir Gabriel representou na quebra das oligarquias políticas no estado do Pará. A isto a história fará justiça. Assim como fará também a este ocaso tristonho, objeto de usofruto de todos os que vêem nisto, também, uma conveniência.
Almir Gabriel quis pagar seu preço: o de quem sobrepôs seus rancores a qualquer projeto.
Ele tem recebido críticas severas, também de quem o seguiu num projeto melhor e mais justo para o Pará. E eu me incluo nestes, embora saiba que nenhuma crítica faça coro à sua recorrente postura de quem sabe a cura do câncer, o remédio para unha encravada, as inovações da física quântica, a teoria da relatividade revista e as melhores vias para a política. Que pena!
Voltando ao post, o problema não é o encontro de Almir Gabriel e Jader Barbalho. Especialmente na política local, eles só engrossam o cenário daquilo que parece não fazer sentido. Afinal quase todos estão jogando as crianças com a água da bacia.
O fato, e daí o renascer da minha tristeza, é o encontro de Almir Gabriel com ele mesmo. O homem no espelho: acima de tudo e de todos, seus novos rancores e suas vaidades.
Abração, Paulo
Perfeito é o texto do post, seu Espaço.
É isso ai mesmo, claro e cristalino.
A lamentavel vala comum da política:vale mesmo é a conveniência e os interesses pessoais; todos iguais na mediocridade.
Ética, ideologia, honradez, probidade, tudo isso nada vale nem é lembrado nas sombras dos conchavos.
E o povo...que se lixe.
A entrevista do dr.Almir para a Rita Soares, publicada no Diário do Pará de domingo, é um soco na alma.
As fotos dele, se lidas, representam lágrimas nos olhos.
Totalmente desalinhado, nas opiniões e na aparência, dr. Almir indica que sonhos não valem nada.
Eu, que sempre o tive como referência, me pergunto : o que aconteceu ?
Nem sei esse comentário deveria ser feito, mas o que sinto hoje é dor. Na alma, no coração, na consciência.
Como eu, muitos e muitos.
Só estou lamentando o tempo perdido.
Ou não?????????
Afonso Klautau
Acho que comentei em algum blog que tenho sempre a impressão de colecionar decepções, muitas. Almir é uma delas.
Ontem, numa conversa com amigos - somos todos do mesmo ninho - falamos exatamente sobre as declarações de Almir e o que restou do ex-governador. Nada, não sobrou nada, uma nesga sequer de decência.
O cara, quase aos 80 anos, enterra a própria biografia.
Grande Afonso,
Você disse tudo, professor. Perfeito.
E que dor estamos sentindo...
Abração.
"Quem és tu que queres julgar,com vista que só alcança um palmo,coisas que estão a mil milhas? "Dante Alighieri
Meus sentimentos às viuvas de Almir. Minhas solidariedades à dor tucana resume-se aqui: KKKKKKKKKKKKKKK.
Que tal a Monica Iosi, do CQC, entrevistar o Dr. Almir quanto a esse seu novo "amigo de infância" ?
Égua, o que é aquilo? Nem parece que o cara tem novo amor. É de dá pena! E olha que diferente da Bia e do Afonso, nunca morri de amores pelo ex-governador, mas reconheço seus méritos.
Viúva, tucana e braba, viu?
Postar um comentário