Ana Júlia e Jader neste fim de semana: em clima de decisão

Este final de semana pode ser o dia D – ou o final de semana D, se quiserem – para a aliança entre o governo do Estado e o PMDB, uma aliança que, vocês sabem, já não passa de uma ilusão de ótica.
E ambos, Ana Júlia e Jader, vão atravessar o Rubicão.
O deputado Airton Faleiro (na foto, pinçada do site da Alepa), líder do governo na Assembleia Legislativa do Estado, disse ao blog nesta quinta-feira (21), logo depois de sair de um almoço com a governadora Ana Júlia Carepa, que ela deverá se encontrar neste final de semana com o deputado Jader Barbalho, presidente regional do PMDB.
A governadora, adiantou Faleiro, direcionará a conversa para o seguinte rumo: é ficar ou largar. Ou fica e se comporta como aliado, para fortalecer o governo, ou então é melhor sair. Assim será melhor para os dois lados, deve argumentar a governadora.
Ana Júlia ressaltará a Jader que o governo e o PT têm interesse em que o PMDB se mantenha no governo. Mas vai advertir que, se os peemedebistas quiserem continuar como integrantes da base aliada, deverão se conduzir como aliados, e não como oposição.
Faleiro informou ainda que, conforme ficou acertado com a governadora, a indicação de Alberto Campos Ribeiro para diretor-geral do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), em lugar de Lívio Assis, que foi indicado pelo PMDB e entregou o cargo, vai aguardar o resultado da reunião deste final de semana entre Ana Júlia e Jader. “Se houver um acordo que permita ao PMDB continuar apoiando o governo, será feita a nomeação. Do contrário, não”, explicou o líder do governo.
Faleiro rejeitou a alegação do PMDB de que tem sido maltrado pelo governo e que perdeu espaços políticos para o PT. “Se nós formos fazer uma comparação, o PMDB teve muito mais espaços no governo Ana Júlia do que os espaços que tinha no governo anterior, quando chegou a apoiar o governo do PSDB. O que acontece é que, no decorrer do governo, houve várias mudanças. E não houve reposição [das indicações para os cargos]”.
Faleiro deu o exemplo de agora, quando o PMDB desistiu de indicar os novos diretores do hospital Ofir Loyola, em substituição à diretoria anterior, toda ela indicada pelo PMDB e que se exonerou em protesto contra as conclusões de uma fiscalização feita pela Auditoria Geral do Estado (AGE). Além dessa desistência, o partido também entregou todos os cargos das Regionais da Sespa no interior do Estado. “Se o PMDB não indicar os novos ocupantes, a governadora vai indicá-los”, disse o deputado.

Governabilidade não está ameaçada
O líder do governo admitiu que o clima de exasperação entre o PMDB e o PT força o governo a trabalhar com dois cenários: ou o de construir – ou reconstruir, se quiserem – uma aliança sólida, com a participação do PMDB como aliado, ou então de romper definitivamente.
Na especulação sobre um segundo cenário, o do rompimento, Faleiro considera que isso seria mais racional e mais lógico do que manter o quadro atual, em que os peemedebistas ficam de um lado, com um discurso incendiário e de acusações ao governo, enquanto o PT e o governo se veem obrigados a ficar no lado opostos, amparados num discurso de igual contundência para responder aos ataques.
Faleiro considera que um eventual – e cada vez mais iminente – desembarque do PMDB do governo seria uma perda política de monta, mas está certo de que a governabilidade da gestão Ana Júlia Carepa não estará nem de longe ameaçada.
“Hoje, na Assembleia Legislativa, temos apenas os oito deputados do PSDB como oposição. Se o PMDB romper, nós ainda podemos fazer uma composição de 23 deputados que apóiam o governo, incluindo os do PT, os do G8 e outros deputados. É evidente que, nessa circunstância, teremos de construir uma nova base, inclusive com a divisão de cargos”, explicou Faleiro.