domingo, 31 de maio de 2009

Charles Alcântara diz que “núcleo duro” paralisa governo

* Puty, Botelho e os irmãos Monteiro são citados
* “É preciso mais PT nesse núcleo duro do governo”
* “O PT é que foi ao PMDB pedir apoio para Ana Júlia”
* “Ou Puty é candidato ou é chefe da Casa Civil”


O ex-chefe da Casa Civil do governo do Estado, Charles Alcântara (acima, com Ana Júlia, na foto da Agência Pará), responsabilizou nominalmente seu sucessor na pasta, Cláudio Puty, os irmãos secretários Marcílio e Maurício Monteiro e o consultor-geral do Estado, advogado Carlos Botelho, de empurrarem a administração Ana Júlia para um isolamento que se agrava cada vez mais. Disse ainda que se desgastou no governo porque defendeu que se honrassem os termos do acordo que levou o PMDB a apoiar o PT na campanha vitoriosa de Ana Júlia, em 2006.
Ele considerou que as disputas na Democracia Socialista (DS), a corrente que dá as cartas no governo, estão paralisando a administração justamente neste ano pré-eleitoral, quando o governo precisa implementar ações que permitam à opinião pública avaliá-lo positivamente em todas as áreas. Chamou ainda de “eminência parda” o publicitário Paulo Haineck, marketeiro de Ana Júlia que terá a atribuição de cuidar das verbas publicitárias na nova gestão da Secretaria de Comunicação (Secom) após a saída de Fábio Castro da pasta, agora sob o comando do jornalista Paulo Roberto Ferreira.
Alcântara, que atualmente preside o Sindicato do Grupo Ocupacional, Tributação, Arrecadação e Fiscalização da Secretaria de Estado da Fazenda, o Sinditaf, falou ao vivo durante cerca de 1 hora e 40 minutos ao programa Jogo Aberto deste sábado (30), apresentado na Rádio Tabajara FM 106,1 pelo jornalista Carlos Mendes, com a participação do também jornalista Francisco Sidou.

Núcleo duro: o nó do governo
O ex-chefe da Casa Civil disse enfaticamente que o tal “núcleo duro”, como é denominado o grupo de auxiliares mais próximos à governadora Ana Júlia, é formado apenas por Puty, Botelho e pelos irmãos Marcílio, ex-marido de Sua Excelência que também é secretário de Projetos Estratégicos, e o Maurílio, secretário de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia.
“É preciso mais PT nesse núcleo duro”, criticou Alcântara, ao dizer que Puty, Botelho e os irmãos Monteiro estão apartados da vida partidária, não têm uma trajetória política que se confunda com a de outros petistas que, efetivamente, estão mais afinados com as aspirações do partido.
“Eu nunca fiz parte desse núcleo. O André Farias (secretária de Integração Regional) também não. Eu sempre fui contra esse núcleo, que depois plantou na Imprensa a informação de que eu caí porque era o porta-voz dos interesses do PMDB e do deputado Jader Barbalho [presidente regional do partido]. E agora vejo o chefe da Casa Civil, Cláudio Puty, porta-voz do núcleo duro, dizer publicamente na televisão que o governo precisa do apoio do PMDB e do Jader”, alfinetou Alcântara.

Os motivos da queda
Ele disse que a governadora Ana Júlia não lhe explicou os motivos pelos quais o exonerou da chefia da Casa Civil e foi claro ao acrescentar que não pediu para sair do governo. Mas confessou saber perfeitamente que começou a ser fritado e acabou expurgado porque, ao contrário do núcleo duro - que estimulava o rompimento do governo com o PMDB -, sempre defendeu o cumprimento do acordo que garantiu a vitória de Ana Júlia em 2006.
Lembrou que a campanha de 2002, quando a então deputada Maria do Carmo foi para o segundo turno na disputa pelo governo do Estado com Simão Jatene (PSDB), deixou ao PT muitas lições para o pleito seguinte, de 2006, que elegeu Ana Júlia.
“Não foi o PMDB que veio oferecer apoio ao PT. O PT é que foi ao PMDB pedir apoio para a candidata Ana Júlia. Fizemos isso para ganhar a eleição”, recordou Charles Alcântara. Ele reconheceu que todo esse processo foi politicamente pedagógico para o partido, que passou a dar mais importância para a política de alianças, indispensável numa estratégia de ascensão ao poder.
Segundo Alcântara, não foi fácil para boa parte dos petistas apreenderem a dimensão política dessa estratégia. Revelou, por exemplo, que houve resistências fortíssimas entre amplos segmentos do PT quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Belém na campanha de 2006 e ocupou o mesmo palanque, ao lado dos peemedebistas Jader Barbalho e José Priante. “Houve muito tensão entre os militantes”, revelou Alcântara. O próprio presidente Lula, segundo Lula, ajudou a conter os ânimos mais exaltados.

Manter Puty é um erro
Ele avalia que a governadora Ana Júlia comete um grave erro em manter Cláudio Puty na Casa Civil, ao mesmo tempo em que o próprio Puty, como todos sabem, é candidato a deputado federal na eleição do próximo ano. Para Alcântara, é legítima e natural a aspiração de Puty a excercer um mandato eletivo, mas essa pretensão é incompatível com o cargo que ocupa. “Por favor, governadora... É preciso avaliar a posição dele no governo. Ou o Puty é candidato a deputado federal ou é chefe da Casa Civil”, opinou.
Para Alcântara, as disputas internas na DS estão se refletindo direta e negativamente na articulação política do governo. “Nós tivemos uma condução desastrada na eleição para a Mesa da Assembléia Legislativa do Estado. E agora os militantes da DS estão se engalfinhando, numa disputa sangrenta, absurda, para ver quem será candidato a deputado na eleição do próximo ano. Isso está causando a paralisia do governo Ana Júlia”, avaliou o ex-chefe da Casa Civil.
Se as brigas internas na DS são capazes de levar o governo à paralisia, Alcântara considera, de outro lado, que as divergências nunca foram um problema. O partido, segundo ele, cresceu na diferença, na pluralidade, no debate, no contraste entre posições conflitantes e, por conta disso, desenvolveu naturalmente mecanismos democráticos de deliberação que acabaram por fortalecê-lo.
“O problema não são as divergências, mas o rebaixamento da política, a despolitização do debate, a fulanização, a fofoca, a intriga”, disse Alcântara, concordando em parte com o presidente do Diretório Municipal do PMDB de Belém, José Priante, que em entrevista no mesmo programa Jogo Aberto, há duas semanas, chamou a administração Ana Júlia de “governo do fuxico”.

“Não pode continuar esse impasse”
Charles Alcântara também reforçou sua opinião de que o governo Ana Júlia precisa urgentemente se decidir: ou assume em definitivo a aliança com o PMDB e todas as conseqüências daí decorrentes, ou então rompe em definitivo com o partido de Jader Barbalho. “O que não pode é continuar essa lenga-lenga. Não temos mais tempo a perder com esse impasse”, avaliou o ex-chefe da Casa Civil.
A situação de crise atual, de indefinições, de tensionamentos e incertezas quanto ao cenário político-eleitoral que está traçado até a eleição de outubro do ano que vem só beneficia, segundo Charles Alcântara, a oposição. “Nós não podemos cair na trampa [trapaça, armadilha] do PSDB e do DEM, que se aproveitam dessa crise, desse impasse”, recomendou Alcântara.
Alcântara mencionou o caso da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) como emblemático dos ajustes que podem ser feitos a partir das tensões e das diferenças naturais entre aliados.
Disse que Halmélio Sobral, o primeiro secretário de Saúde do governo Ana Júlia, não foi uma indicação do PMDB, mas uma indicação pessoal do ex-deputado José Priante, que concorrera ao governo do Estado na mesma campanha de 2006, que elegeu Ana Júlia. Além de Halmélio, o adjunto da secretaria era Paulo Priante, irmão do ex-deputado. “Houve um problema sério de orientação. E o Halmélio passou a encontrar dificuldades por causa da presença forte do adjunto. Houve, então, uma composição de forças na base do diálogo, da negociação. Então, conversamos com o deputado Jader Barbalho e assumiu como adjunto o Paulo de Tarso, um companheiro do partido [PT]. Aí, então, aquilo que era uma indicação pessoal se transformou numa indicação partidária”, explicou Alcântara.

25 comentários:

Bia disse...

Bom dia, caro Paulo:

há uma espécie daninha na "novíssima" política , que parece expandir-se como as modernas "viroses", doença sem diagnóstico. São os que clamam depois que saem. Mas que deixam um pé pra poder voltar. Terrível espécie.

Se o ex-chefe da Casa Civil responsabiliza nominalmente seu sucessor na pasta, Cláudio Puty, os irmãos secretários Marcílio e Maurício Monteiro e o consultor-geral do Estado, advogado Carlos Botelho, de empurrarem a administração Ana Júlia para um isolamento e afirma que a
corrente que dá as cartas no governo, paralisa a administração, está diagnosticando doença velha: esquerdismo infantil e irresponsável.

Mas, como sói às figuras que clamam quando saem, maspretendem voltar, transforma o "...rebaixamento da política, a despolitização do debate, a fulanização, a fofoca, a intriga..”, em "trampa" da oposição.

Sabe, caro Paulo, a estes arautos da novíssima democracia prefiro Brecht, o velho poeta.

Um abraço

Anônimo disse...

Parabéns, Paulo Bemerguy. Você é o cara que acompanha de perto e com muita competência os passos da política paraense. O Charles disse umas poucas e boas sobre o que é este governo da Ana Júlia. É um desastre, para dizer o mínimo. Parabéns ao Charles pela coragem manifestada na entrevista a Rádio Tabajara.

Anônimo disse...

O Charles merece ser expulso do PT.Não pode ficar impune por falar mal e tão mal do governo. A Ana Júlia está fazendo o melhor governo que o Pará já teve. Charles é um invejoso e cospe no prato em que comeu. Defendo sua expulsão sumária do PT. Expulsão já !!

Anônimo disse...

partindo de um quadro tão importante do PT, a entrevista de Charles Alcântara na Rádio Tabajara deveria ser interpretada como um alerta ao governo de Ana Júlia pelos descaminhos que este governo tomou. Tenho lido petistas furiosos da DS (os que estão no poder, naturalmente) acusarem o Charles de um monte de coisas. Mas ninguém diz que ele é corrupto, traidor ou mal intencionado por ter feito declarações tão reveladoras aos jornalistas Mendes e Sidou. O dom da reflexão não faz parte da cartilha desse governo. É muito fuxico e nenhenhén. Triste Pará.

Anônimo disse...

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31/05/2009
Segundo os passarinhos...

1 - Helder não larga a prefeitura para ser vice. Nem do PT, nem do PSDB e nem de qualquer P.
2 - Charles Alcântara é candidato a deputado estadual. Aposto meu dedo mindinho.
3 - O Governo tá seguindo o estilo "mensalão", negociando aqui e acolá com todos os partidos. Já vimos onde isso vai dar.

Anônimo disse...

Quem planta, colhe, e a Ana Júlia está vendo o furacão bater em seu quintal. Concordo com tudo o que o Charles disse à Rádio Tabajara: é um governo paralisado, sem obras, sem comunicação e sem vergonha na cara do papelão que faz em desonra ao povo paraense.

Anônimo disse...

Quero cumprimentar o nobre jornalista por manter pessoas como eu bem informadas. Me chamo Cláudio José, sou auditor aposentado, e estou falando com você pelas teclas demeu neto,que sabe mexer como computador. Ouvi a entrevista do nobre sr. Charles Alcântara e gostaria de parabenizar essa jovem liderança por suas palavras justas, sérias e consequentes. Parabens tambémaos jornalistas Carlos Mendes e Francisco Sidou pela forma com que conduzem suas entrevistas. Eles sabem fazer o bom jornalismo.Em minha modesta opinião,a governadora Ana Júlia Carepa deveria tomar como advertência as palavras do nobre sr. Charles e imprimir um outro rumo emsua gestão,hoje paralisada por intrigas e disse-me-disse.Votei nela, mas estou arrependido. Não vi nenhuma mudança até agora. Obrigado por publicar meus pensamentos e tenha um ótimo domingo juntamente com seus familiares.

Cláudio José Bastos Ferreira - auditor aposentado

Anônimo disse...

Bemerguy, a Ana Júlia não gostou nemumpouco da entrevista do Charles Alcântara. Chorou e promete retaliação. A mulher do Charles, que é empregadano hangar, teráde tomar o rumo da rua nessa segunda-feira. Embora eu seja do PT não concordo com isso.

Anônimo disse...

Minha avaliação da entrevista do Charles Alcântara: ele se saiu melhor do que o Priante, foi conciso, contundente e expôs as coisas ruins que minam o governo Ana Júlia. Falou com autoridade de quem já esteve lá dentro. Foi a melhor entrevista que a Rádio Tabajara já fez. Eu estava em meu carro passeando pela cidade e vi muita gente ligada na emissora, com o som alto em bares e pontos de táxi. Prova de que a população gosta de boas entrevistas. Charles Alcântara, se quiser, será deputado estadual em 2010. É inteligente, domina as palavras e tem seriedade. Precisamos de um político assim.
Mário Arnaud (representante comercial)

Anônimo disse...

Bom dia, Bemerguy. Parabéns pelo banho de informação que estás dando ao divulgar o que o Charles falou. A governadora está tomando Lexotan a estas horas. O Charles foi duro e verdadeiro. O governo da Ana perde muito tempo com fuxicos e pouco produz.

Anônimo disse...

O Charles Alcântara não disse nada de novo. Tudo o que falou, todos nós já sabiámos, ou seja, a governadora não manda em nada.../Ela é totalmente manipulada por um grupelho radical.

Charles está revoltado porque foi excluído, defenestrado, desse grupo.

Poster disse...

Olá, Anônimo das 8:15 e da 8:21,
Recebi seus dois longos comentários
Como você é Anônimo e nessa condição refere-se acusações a várias pessos, infelizmente não posso autorizar a publicação. Mas obrigado pelas informações- muitas - contidas neles.
Abs.

Anônimo disse...

A situação do nucleo duro do governo estadual dentro da DS não esta nada confortavel. Inclusive para governadora Ana Júlia.

A militancia não esta aceitando mais as imposições do nucleo que detem o comando da maquina estadual. A começar pela possivel candidatura a deputado federal de Claudio Puty(casa civil). A leitura da militancia é que não seria justo alijar as candidaturas de militantes historicos da DS e do PT em detrimento de candidaturas como de Claudio Puty.

Para ter ideia da situação basta analisar os resultados das conferencias da DS realizadas nos distritos de Belém por toda essa semana que passou.Nessas conferencias foram escolhidos os delegados que terão voto na conferencia estadual da DS para decidir as candidaturas da tendencia a deputado estadual e federal.


O nucleo do governo so conseguiu eleger delegados compondo chapa.


Os nomes pautados pela militancia para contrapor as vontades pessoais do palacio dos despachos seriam Edilson Moura,Edilza Fontes,Charles Alcântara para deputados estaduais e Suely Oliveira deputada federal.

Anônimo disse...

Ao anonimo das 09:09 - Se o Governo do fuxico esta fazendo alguma coisa pelo menos diga uma obra feita por este Governo. Por oportuno aviso que não vale a construçao do Hospital de Santarem, o Hangar e a mudança de direção do estacionamento de carros na Estação das Docas.

Anônimo disse...

Viva Charles, que coragem, que inteligência. O povo agradece.

Anônimo disse...

Anônimo das 9:09,

Você tem certeza que mora no Estado do Pará?
Se mora deve ter sofrido "lavegem cerebral" através dos discursos demagos da governadora, facilmente desmentidos nos jornais, no dia-dia das pessoas que deveriam usufruir dos serviços de saúde, educação, segurança e transporte fornecidos pelo governo, e obrigatórios pelas Constituições Federal e estadual.
Vc Ten certaza de que não está falando da Suíça?

Anônimo disse...

Guerra interna, corrupção, superfaturamento, fuxico de comadres e compadres. Charles Alcântara, um homem digno, fez muito bem em mostrar na Rádio Tabajara o que é este governo de Ana Júlia. É uma desgraça para o nosso amado Pará. Ana Júlia nunca mais !!!

Anônimo disse...

A governadora deveria vir a público contestar o que o Charles falou dela na Rádio Tabajara. Como petista histórico não posso aceitar tanta injustiça. A Ana Júlia precisa mostrar quem manda no Estado. Ou será que quem manda são os irmãos Maurílio e Marcílio Monteiro?

Anônimo disse...

Não sou paraense.Vim de São Paulo há sete anos, adorei Belém e seu povo.Não me furto, porém,em dar minha opinião sobre o que acontece no governo estadual governado pelo PT. Nunca vi nada igual em outros estados, Vejo brigas entre aqueles que se deveriam estar unidos em favor de um Pará melhor. Sinceramente, Paulo Bemerguy, é uma lástima tudo isso.
Meu nome é Amanda Oliveira

Anônimo disse...

Ainda no decorrer da próxima semana, a direção estadual do PT promoverá uma plenária para avaliar as declarações de seu filiado Charles Johnson Alcântara a uma emissora de rádio, neste sábado. O presidente do PT, João Batista, não gostou do que ouviu w já foi acionado pela governadora Ana Júlia a tomar providências drásticas. A expulsão de Charles é o melhor caminho para acabar com as intrigas contra o governo.

Anônimo disse...

Pessoas integrantes do governo já fizeram coisas muito pior é nada sofreram.Não creio que o companheiro João Batista pactuara com isso.Mais caso o pensamento seja colocar o Charles para fora dos quadros do PT. Isso é uma vergonha!!!

Anônimo disse...

Ja iria tarde. Vaga tem no PMDB, de seu amigo Jader.

Anônimo disse...

Parabéns ao Sr.Charles Alcantara pela reflexão responsável que fez desse desgoverno.
Também concordo com vários anonimos sobre a disposição para a candidatura para algum cargo eletivo.

luluquefala disse...

Volta Charles, volta.
Volta e vem fazer esse governo andar pra frente.
Porque com o Puty, é só de ré.

luluquefala disse...

O Puty é que nem ovo de páscoa.
Bonito por fora e oco por dentro.