A necessidade de investimentos em ciência e tecnologia destinados à Amazônia é um das alternativas para por em prática o chamado desenvolvimento sustentável na região, capaz de garantir condições de sobrevivência ao planeta e ao homem da floresta. Essa foi a tônica dos debates realizados pelo Parlamento Amazônico (Parlamaz), na tarde desta quinta-feira (28), no Hangar Centro de Convenções, em Belém. O encontro aconteceu simultaneamente à programação da XIII Conferência Nacional dos Legislativos Estaduais, coordenada pela Unale, que discute até esta sexta-feira (29) na capital paraense, “A Saúde Pública no Brasil”.
O Parlamaz, que congrega os deputados estaduais dos nove estados da Amazônia Legal, tem aprofundado a discussão em torno de um modelo de desenvolvimento aliado à preservação ambiental. "É importante a união de todos os estados amazônicos para que a nossa região mereça o respeito e a atenção no cenário nacional e não se mantenha isolada das possibilidades de desenvolvimento", disse o deputado Domingos Juvenil, presidente do Parlamaz.
Fontes renováveis - A primeira palestra do encontro foi do consultor ambiental, Ricardo Fernandes, que apontou, ao discorrer sobre Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) e Créditos de Carbono, quatro fatores para a consolidação dos negócios ambientais: a otimização energética, a gestão de resíduos, o uso racional da água e a redução na emissão de gases. “Com essa perspectiva será possível transformar passivos ambientais em ativos financeiros”, assinalou.
Segundo Fernandes, os projetos voltados para redução da poluição ambiental devem movimentar nos próximos anos, 5% do PIB mundial. Ele citou o projeto do Aterro Sanitário do Aurá, em Belém, que já alcançou mais de 3 milhões em créditos, os chamados Certificados de Emissões Reduzidas (CER), gerando cerca de 60 milhões de dólares.
Ciência e Tecnologia - A necessidade de mudança no modo de produção também foi compartilhada pelo economista e professor, Mário Ribeiro, que falou sobre a “Economia na Amazônia”. Para ele, sem investimentos em conhecimento, ciência e tecnologia, será impossível resgatar os 27 milhões de amazônidas que vivem à margem do desenvolvimento e incluí-los no processo produtivo de baixo impacto ambiental. “Não podemos ficar reféns dos inovadores da tecnologia, dos organismos internacionais e nem dos grandes centros de decisão”, destacou o professor, ao acrescentar que, “se continuarmos excluídos tecnologicamente, corremos risco da questão ambiental ficar sem controle”.
Para reforçar a tese de que o isolamento imposto à região tem sido um dos entraves ao binômio desenvolvimento e preservação ambiental, Mário Ribeiro lembrou que o Plano Amazônia Sustentável, do governo federal, “ignora a região Amazônica, sequer faz uma referência à regularização fundiária, primeiro passo para distinguir onde devemos produzir e onde devemos preservar”.
O senador Mozarildo Cavacante (PTB/RR) encerrou o ciclo de palestras do Parlamaz. O senador também foi contundente ao defender que as lideranças que conhecem a realidade são capazes definir os melhores rumos para a região. “Não aceitamos prescrição do centro-sul, nem organismos ambientais”, disse, ao rechaçar o que batizou de esquizofrenia contra a Amazônia, que aponta os amazônidas como predadores e inimigos da floresta.
Fonte: Assessoria Parlamentar
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