quinta-feira, 29 de maio de 2014

Na "Arena" Canindé, o portão 9 está no portão 6


Desculpem aí, meus caros.
O blog está começando a ser atualizado mais tarde, hoje, porque o poster, ontem à noite, foi assistir a Corinthians 1 x 0 Cruzeiro na Arena Canindé e já voltou pra casa no início da madrugada.
Você leu aí, em alguma lugar, a expressão Arena Canindé?
Hehehe.
Arena Canindé!
É brincadeira, para dizer o mínimo, o estádio da Portuguesa.
Esse não é um estádio padrão Fifa, não. É um estádio padrão Jaguaré - como todo o respeito a Jaguaré, é claro.
Já começa pela lógica e pela clareza das informações com que se defronta o torcedor para entrar no estádio.
Vocês querem ver uma coisa? E não é pra rir, não. É pra acreditar.
Pois acreditem: no estádio da Portuguesa, sabem onde é o portão 9?  No portão 6.
No estádio da Portuguesa, sabem por onde você entra no portão 9? Pelo portão 6.
- Amigo, onde é o portão 9? - o poster perguntou a um rapaz que orientava os torcedores.
- O senhor pega à direita, anda até o final e entra pelo portão 6 - ele respondeu.
E tal foi feito.
Dirigi-me ao portão 6 e entrei no portão 9.
Para sair do portão 9, passei obrigatoriamente pelo portão 6.
Externamente, não há qualquer menção ao portão 9. Somente ao portão 6.
Então, é bem fácil: o torcedor procura o 6 e entra no 9. Pronto.
A única que se salva na Arena Canindé é o gramado.
E o gramado, consideremos, está de razoável para bom. E nada mais do que isso.
Mas um estádio desses serve, como dizem os coleguinhas, de palco para um jogo entre o líder do Campeonato Brasileiro e o Corinthians, que agora já está no G4.
É como se diz: no futebol brasileiro, as excelências estão dentro de campo; fora dele, imperam a bagunça, a desorganização e o desrespeito ao torcedor.
Putz!

Ressaca remista

Muricy Ramalho: foi ele quem disse, certa vez, que "a bola pune". É sim. A bola pue. Pune mesmo.
O telefone toca, o zap zap zune, chegam mensagens e e-mails.
São torcedores remistas compartilhando com o blog, digamos assim, a ressaca pelo título do segundo turno conquistado ontem, pelo Paysandu, aos 945 mil minutos do oitavo tempo.
No apagar das luzes, como dizem os coleguinhas.
"Égua da ressaca", diz um remista.
"Isso é inacreditável", emenda outro.
É assim mesmo.
Muricy Ramalho, um excelente treinador que de filósofo nada tem, filosofou há vários anos e tem sido repetido à exaustão quase todos os dias.
"A bola pune", disse Muricy certa vez, para explicar esses resultados inesperados diante das circunstâncias, como no caso do Re-Pa, em que o Remo ganhava por dois gols de diferença até o final do segundo tempo, mas cedeu o empate nos acréscimos.
Pois é.
A bola pune.
E depois que ela pune, o jeito é tocar a bola pra frente.
É isso.
Agora, meus caros, aquele quebra-pau no final, mas que coisa, hein?
Que coisa vergonhosa.
Uma vergonha que o jogador Athos, do Remo, resumiu assim: "O futebol paraense é uma várzea. É uma bagunça. Fica todo mundo no túnel e entra quem quiser no campo. Fazem o que querem e aí vai, aí vai, aí vai...".
Alguém aí acha que Athos não tem razão?

MPF faz recomendações sobre aeroporto de Santarém

O Ministério Público Federal (MPF) recomendou que a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) disponibilize veículo automotor para transporte coletivo de passageiros comuns e de passageiros com mobilidade reduzida permanente ou provisória, entre o terminal de passageiros e os locais destinados ao estacionamento das aeronaves no Aeroporto Internacional de Santarém/PA – Maestro Wilson Fonseca.
De acordo com dados oficiais, o Aeroporto Internacional de Santarém recebe mais de quinhentos mil passageiros por ano, mas não possui sistema de transporte móvel apto a realizar o deslocamento dos passageiros da área de embarque até a aeronave, sujeitando pessoas portadoras de deficiência, idosos, gestantes e crianças de colo ao deslocamento a pé, sob sol ou chuva. Com isso, a empresa descumpre os procedimentos relativos à acessibilidade de passageiros com necessidade de assistência especial ao transporte aéreo, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
O procurador Luiz Hernandes, responsável pela recomendação, estabeleceu um prazo de 30 dias para que Infraero se manifeste acerca do acatamento, ou não, da recomendação feita pelo MPF. A recomendação foi enviada no último dia 22 para a Infraero.

Acesse a recomendação aqui.

O que ele disse


"Não tem necessidade de fazer nenhum outro sofrimento, choque, nem nada. Os outros davam tapa, davam soco. Cada um trabalhava de um jeito lá. Tu já viu estudante? Você pega um estudante, você bota ele com o peso do corpo numa barra de ferro e deixa ele 15 minutos pendurado no pau de arara. Não precisa dar choque. O cara urra de dor. Sabe por quê? Atinge os nervos da perna. O cara quer descer de qualquer maneira."
Riscala Corbaje, ex-agente do DOI, revelando ao Ministério Público como torturou mais de 500 presos.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Um olhar pela lente


Na trilha das águas.
Em Mosqueiro.
No Pará.
A foto é de Oswaldo Forte.

Vara da Justiça de Brasília proíbe batuque na bancada

Do site Migalhas
Em terras em que o pagode e o samba são padrão Fifa, o batuque na bancada é proibido. Pelo menos em uma vara da Justiça de Brasília, onde um cartaz, com letra garrafais, informa que a batucada no balcão não está autorizada. Confira.

Charge - Jarbas


Charge para o Diário de Pernambuco.

Coligação governista deve ter vários candidatos ao Senado


O lançamento da candidatura do vice-governador Helenilson Pontes (PSD) ao Senado foi consumado em meio à convicção, entre lideranças tucanas, de que as agremiações coligadas com o PSDB não poderiam lançar, isoladamente, concorrentes ao Senado.
Imaginavam as lideranças do PSDB, dessa forma, que a candidatura do Helenilson seria uma aventura, considerando-se que o atual vice-governador sairia isoladamente, portanto sem coligação para o governo e para o Senado (o PSD não apoiaria formalmente o Jatene).
Mas a questão relacionada a coligações ao governo e ao Senado já foram apreciadas pelo Tribunal Superior Eleitoral, através da consulta 1196.50.2010, da lavra do Ministro Hamilton Carvalhido.
Na consulta, ficou estabelecido que "partidos coligados para o cargo de governador podem lançar, isoladamente, candidatos ao Senado", conforme teor da Resolução Nº 20.126/1998.
O TSE também definiu que "não é possível a formação de coligação majoritária para o cargo de senador distinta da formada para o de governador, mesmo entre partidos políticos que a integrem.
A consulta, segundo fonte ouvida pelo Espaço Aberto, "representou um divisor de águas, pois consolidou a candidatura do Helenilson sem que houvesse qualquer prejuízo ao Jatene. Todavia, para que o PSD possa emprestar seu tempo ao Jatene é preciso que os partidos que vão compor a coligação ao governo lancem, isoladamente, candidatos ao Senado. Ou seja, se o PSD lançar isoladamente o Helenilson ao Senado, todos os partidos que vão compor a coligação do Jatene também terão que lançar, isoladamente, candidatos ao Senado."
A base aliada do Jatene, inclusive setores do PSDB, diante da possibilidade jurídica de candidaturas isoladas ao Senado, optou em prestigiar o tempo de televisão em prol do candidato ao governo. Desta forma, segundo a fonte, é possível que os partidos coligados ao governo lancem, isoladamente, pelos menos dois candidatos: Helenilson Pontes e Mário Couto. O radialista Jefferson Lima correria por fora.
A opção feita pela base aliada ao governo de lançamento de mais um candidato ao Senado configura, conforme avaliação da fonte consultada pelo blog, "um inequívoco isolamento do senador Mário Couto, agravado, ainda, pelas agressões que fez contra Jatene em reunião partidária realizada no gabinete do senador Flexa Ribeiro."
Aliás, acrescenta a fonte, "Mário Couto tem afirmado aos seus companheiros do PSDB de que teria parecer de advogado paraense contrario ao entendimento diverso daquele consagrado pelo próprio TSE, o que é absolutamente possível no campo das relações jurídicas, com a diferença de que o entendimento do TSE é do TSE, prevalecendo a qualquer outro posicionamento, por mais qualificado que seja."

O ufanismo em torno da seleção não é bom. É péssimo.

A seleção de 82: a melhor de todas. Mas nem esta recebeu tanto apoio como a que disputará a Copa de 2014
Que impressionante, hein, meus caros?
Verdadeiramente impressiona o clima de ufanismo em torno da seleção brasileira, que daqui a duas semanas começará a disputar a Copa do Mundo.
O poster acompanha Copas desde a de 70.
Já acompanhou, portanto, 11 Mundiais de Futebol.
E nunca antes, jamais, em tempo algum, na história de participação do Brasil em Copas do Mundo, viu-se uma seleção tão exaltada, tão acreditada, tão apoiada (quase à unanimidade) como esta.
Nem mesmo a seleção de 82, aquela de Zico, Sócrates, Falcão e companhia, foi tão paparicada como esta.
Nem mesmo a seleção de 82, que o pessoal aqui da redação, à unanimidade, considera a melhor do Brasil em todos os tempos, melhor até mesmo que a de 70, tricampeã no México, pois nem mesmo aquela seleção obteve apoio tão grande quanto esta.
E isso - o quase ufanismo, a quase unanimidade, o apoio quase irrestrito - não é bom?
Não é.
Ao contrário, é péssimo.
Primeiro, porque mostra que o senso crítico - inclusive de maciça maioria dos coleguinhas - está, como diríamos, meio toldado, meio enevoado, meio suplantado pelo excesso de otimismo.
Segundo, porque o clima de já ganhou instila entre os torcedores expectativas de tal ordem que todos poderão ser induzidos a imaginar que somos os melhores do mundo antes mesmo de, eventualmente, sermos os campeões do mundo, o que somente se confirmará se ganharmos o título, evidentemente.
Terceiro, porque o favoritismo da seleção brasileira não a distancia de outras seleções que são tão boas ou melhores que a do Brasil, muito embora se encontrem em desvantagem em decorrência do fator torcida.
Mas torcida, como ensina aquela velha máxima do futebol, não ganha jogo. Ajuda a ganhar, mas não é fator decisivo para uma vitória.
Não é mesmo.
O que ganha jogo, vocês sabem, é bola na rede. E ponto final.
Não haverá tempo ainda de os coleguinhas baixarem um pouco a bola, para que a própria seleção não se deixe inebriar por convicções que poderão fazê-la calçar salto alto nos momentos capitais da Copa?

É preciso criar mais terminais de ônibus

De um Anônimo, sobre a postagem Ônibus melhores para outros itinerários:

Toda a frota com ar, mas não apenas isso. Criar terminais. Ônibus dos outros municípios deveriam parar em Ananindeua.
Ônibus de Ananindeua, Augusto Montenegro e Icoaraci parariam no Entroncamento. Ônibus da Almirante Barroso e adjacências ficariam em São Brás e ônibus de São Brás e do centro não sairiam do centro e de São Brás.
Ou seja: seriam necessários pelo menos três terminais e a construção de uma nova rodoviária, já que a antiga seria um dos terminais.

MP considera irregulares peças de propaganda do governo do Pará

O Ministério Público Eleitoral, atuando como fiscal da lei, opinou serem irregulares algumas peças de propaganda do governo do Pará e pediu a retirada da publicidade, além da aplicação de multa. O parecer, assinado pelo Procurador Regional Eleitoral Alan Mansur Silva, manifesta-se pelo parcial provimento de um recurso do PMDB, que representou contra a propaganda governamental mas teve decisão contrária na primeira instância da Justiça Eleitoral e foi ainda condenado por litigância de má-fé.
Para o MP Eleitoral, não houve litigância de má-fé e sim mero erro material na transcrição de uma das peças de propaganda questionadas. No total, o PMDB questionou 20 inserções publicitárias do governo de Simão Jatene (PSDB). O MP entendeu que em 11 das inserções questionadas, houve sim desvirtuamento do sentido institucional das propaganda, que ganhou caráter eleitoral. O MP quer a retirada das 11 propagandas, além de multa por cada peça irregular.
“Apesar de não apresentar a imagem do representado, governador Simão Robison de Oliveira Jatene, nas inserções, há clara finalidade de exaltar e promover as obras, mesmo antigas, e os serviços públicos, e, por consequência, daqueles que fazem parte da atual administração”, diz o parecer do MP Eleitoral. Nas peças apontadas como irregulares são enumeradas obras e o que representam para a vida dos cidadãos. Algumas das obras, como dos Hospitais Regionais, sequer foram inauguradas no governo atual.
“Quando se desvirtua uma propaganda institucional, além de se retirar da população o direito de obter informações verdadeiramente educativas ou de orientação social, úteis para o cotidiano da população paraense, há gastos de recursos públicos para uma finalidade diversa da pretendida, em violação à Constituição Federal”, conclui o parecer. Outras 9 propagandas foram consideradas regulares pelo MP Eleitoral. É o caso das inserções que tratam do trabalho de ressocialização de detentos. Na opinião do MP, “algo até mesmo desconhecido por muitos e que deve ser publicizado e divulgado à sociedade”.
A representação do PMDB foi rejeitada em decisão monocrática do juiz federal Antônio Carlos de Almeida Campelo, que compõe o Tribunal Regional Eleitoral. Agora, após o parecer do MP Eleitoral, o recurso do PMDB será apreciado pela corte.

Veja a íntegra do parecer aqui.

Fonte: Assessoria de Imprensa do MPF

O que ele disse


"Ele foi o único cara que eu apoiei publicamente. Apoiei para governador de Minas e aí ele fez um excelente trabalho. Sempre tivemos uma amizade muito forte a agora vou apoiá-lo. É meu amigo, confio nele e acho que é uma ótima opção para mudar nosso país."
Ronaldo Fenômeno, ex-jogador e atual membro do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo, declarando seu apoio ao pré-candidato a presidente da República Aécio Neves (PSDB), após ter-se confessado "envergonhado" de ser brasileiro pelos atrasos de obras para o Mundial.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Olhares pela lente

Bercy.
Em Paris.
As fotos são do Espaço Aberto.




Charge - Duke


Charge para O Tempo (MG).

Petistas paraenses começam a digerir aliança

Petistas paraenses, em sua grande maioria e pelo menos para consumo externo, já digeriram a aliança com o PMDB para disputar o governo do Estado em outubro.
Pelo menos para consumo externo, petistas dizem - e dirão - que as candidaturas do peemedebista Helder Barbalho e do petista Paulo Rocha ao Senado atendem, digamos assim, a uma estratégia concertada, combinada, articulada com o Palácio do Planalto para dar sustentação à reeleição da presidente Dilma.
Mas há um porém, que vale por vários poréns: os concertos, combinações e articulações foram feitos num momento em que Dilma e seu governo ainda estavam nos píncaros da popularidade e da aprovação.
Foram feitos num momento em que a possibilidade de um segundo turno era remota - para não dizer remotíssima.
Hoje, no more.
Hoje, não mais.
A possibilidade de um segundo turno na disputa presidencial é fato confirmado por todas as pesquisas.
Isso tem repercussão - e como - nas conjuminâncias regionais.
Tal possibilidade abre margem a que partidos tendentes a fechar com o PT fiquem com um pé atrás, esperando até o último minuto da prorrogação para se definirem.
Mas o PT paraense não perde o elã.
E acha que conseguirá formar uma grande aliança para vencer o governador Simão Jatene, que tentará a reeleição.
A conferir.

Terminal não foi inaugurado a toque de caixa

De um Anônimo, em contraponto ao comentário de outro, expresso na postagem Um estado de contradições:

A verdade: o Terminal não foi inaugurado a toque de caixa. Muito pelo contrário. Qualquer um que passar pelo local verá que se trata de uma obra de qualidade como o povo merece ter, especialmente A população ribeirinha que se desloca para o Marajó.
Para novas embarcações, o governo já anunciou nova licitação ainda nesta semana, com prazo de três meses para que as novas embarcações comecem a operar.
O outro terminal, esse sim, inaugurado a toque de caixa pela ex-governadora antes de deixar o seu desastrado governo e, por isso mesmo, sem condições de funcionar ao que se destinava, será reaproveitado como espaço para pessoas com deficiência, a partir de obras já iniciadas. Portanto, o que foi feito não será desperdiçado.
Quanto ao tempo, meu caro, se não fossem os 4 desastrados anos do PT no governo, com a "inesquecível" Ana Júlia, teríamos 20 anos de PSDB e, posso garantir, não estaríamos passando pelo que tivemos de passar para rearrumar o que, em tão pouco tempo, os petistas destruíram.

Em Guarulhos, falta a pergunta básica, essencial


Passageiros de voos internacionais que chegam nos últimos dias ao Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, deparam-se na fila da Alfândega com algumas moças de caneta e papel na mão.
São duas - e bastante singelas - as perguntas que fazem a cada brasileiro que chega. Os estrangeiros não são questionados.
Uma pergunta: de que estado você é?
A outra: qual o seu voo?
Para quê esses questionamentos? Sabe-se lá.
Mas não seria melhor uma pergunta só - e básica?
Tipo assim: "De zero a 10, qual a nota que você daria para este aeroporto?"
Não é essa, afinal de contas, a questão essencial?
Não é o que verdadeiramente importa?
Olhem a imagem acima.
Trata-se do aeroporto de Guarulhos.
De zero a 10, qual a nota que você daria para este aeroporto?
Ah, sim.
As perguntas são feitas em meio a filas intermináveis, formada por trocentas pessoas que se dirigem para apenas uma esteira, que se arrasta para entregar as bagagens.
E mais: os trocentos recém-chegados se deslocam por um longo corredor e precisam descer para chegar à área de entrega das bagagens.
A descida tem que ser feita, como se diz, no muque - no pé, na perna, na resistência.
Porque escada rolante que é bom, neca, neca, como diria Jaime Bastos, um dos melhores narradores esportivos que o Pará já produziu.
A escada rolante, fique bem claro, está quebrada.
Quebrada mas, ao que tudo indica, sendo reparada.
Talvez fique pronta até a Copa, daqui a 16 dias.
Talvez fique pronta antes mesmo de vários estádios.
Rss.

Cartier-Bresson vale uma viagem a Paris. Aliás, vale várias.





Numa manhã qualquer, fria e chuvosa, de abril ou maio de 2009, o poster flanava pelas ruas de Montparnasse, em Paris, à procura da Fondation Cartier-Bresson.
Encontrou-a não sem dificuldades.
Encontrou-a não sem esperar, à porta, que as portas se abrissem.
Com as portas da fundação abertas, o poster entrou e foi, avidamente, à procura do que caçava há tempos: as fotos de Henrique Cartier-Bresson, obviamente.
Quase não as encontrou.
Em poucas salas, algumas - apenas algumas - obras do genial fotógrafo adornavam as paredes, como que a preencher os vazios que saltavam à vista.
No início da semana passada, o poster, novamente em Paris, numa tarde de sol luminoso de maio, reencontrou Cartier-Bresson.
Reencontrou-o, desta vez, nas imensas instalações tubulares do Centro Pompidou (olhem nas fotos acima, do Espaço Aberto).
Reencontrou-o, desta vez, numa exposição gigantesca - no tamanho e na qualidade.
Até 9 de junho, somente até 9 de junho, quem visitar Paris poderá ver Cartier-Bresson por inteiro. Poderá extasiar-se - como o homem que levou uma cadeirinha para perder-se em contemplação, como se mostra na foto abaixo, do Espaço Aberto - com aquela que talvez seja a maior mostra já realizada dos trabalhos desse gênio da fotografia, que faleceu em 2004, aos 96 anos.


São 500 fotografias, desenhos, pinturas, filmes e documentos que retratam o retratista, o artista que fez das sombras a demarcação do imaginário de seus sonhos e o suporte de suas experiências.
São centenas de trabalham do fotógrafo da geometria, do viajante engajado que não apenas revelou preocupações sociais ao registrar a mendicância e a pobreza como ousou deslocar magistralmente o ponto focal de suas fotografias para ângulos que ninguém ousaria experimentar.
Ali estão trabalhos como a famosa, incomparável, irrepetível silhueta de um homem abrindo o compasso, num passo sobre um poça d'água na Gare Saint-Lazare (abaixo).


A exposição mostra Cartier-Bresson antecipando, 70 anos atrás, o que seria um selfie hoje. Ele não suportava que o fotografassem, porque acreditava que o anonimato o deixaria mais à vontade para exercer o jornalista e sua arte.
Mas Cartier-Bresson não resistiu à tentação de deitar-se e tirar, sabe-se lá com que contorcionismos, uma foto do próprio corpo, tendo a ponta do pé como uma referência a contrabalançar a sensação de infinito, balizada pela estrada que parece sair de sua braguilha, numa profundidade que se torna mais aguda com a imagem de uma pessoa que vem andando em direção ao fotógrafo (abaixo).


A exposição, imperdível, alcança obras do fotógrafo no período de 1926 à década de 1970. Amante da pintura, amigo próximo do pintor André Lhote; Cartier-Bresson também foi um grande viajante que explorou a Europa, o México e os Estados Unidos.
A mostra também registra seus envolvimentos políticos ou sociais, sobretudo com os prisioneiros de guerra depois da Libertação de Paris após a II Guerra Mundial, bem como suas aparições no cinema. Em Paris, foi contatado por Jean Renoir para as filmagens de Um dia no campo e A regra do jogo.
Por fim, a exposição também aborda a criação em 1947 da Magnum, famosa agência de fotografia que Cartier-Bresson fundou com Robert Capa principalmente, e suas últimas reportagens para vários órgãos de imprensa.
Uma mostra como a de Cartier-Bresson paga, por si mesma, uma viagem a Paris. Aliás, paga de uma vez só várias viagens.
E quem tiver a ventura de assisti-la ainda pode desfrutar, do último piso do Centro Pompidou, de belas vistas de Paris, como a que descortina a Basílica de Sacré Coeur despontando no horizonte - nos píncaros de Montmarte, bem ao norte da cidade (veja nas fotos abaixo, do Espaço Aberto) -, vislumbrando de bem longe o legado de um artista que ficou e ficará para todo o sempre.


Governo vincula emissão de GTA ao Cadastro Ambiental Rural

O governo do Pará publicou decreto no último dia 16 de maio vinculando a emissão das Guias de Trânsito Animal (GTA) – que permitem o transporte de gado dentro e fora do Estado – à apresentação do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Na prática, a exigência garante que apenas produtores rurais devidamente cadastrados poderão comercializar o gado. O decreto é um avanço para o cumprimento dos acordos da pecuária sustentável, assinados pelo Ministério Público Federal, governo, municípios, frigoríficos e produtores rurais.
Os agentes de defesa agropecuária do Pará estão obrigados a só emitir GTAs após consulta à listagem oficial do CAR no site da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema). No caso das emissões de GTAs manuais, o dono do rebanho precisa apresentar cópia impressa do CAR do imóvel onde está cadastrado o rebanho. “Caso o CAR seja inexistente ou esteja suspenso, a GTA não será emitida até que o imóvel esteja com o seu cadastro ambiental regular”, diz o decreto, assinado pelo governador Simão Jatene.
O decreto determina ainda que, durante todo o percurso do transporte animal uma cópia impressa do CAR deve acompanhar o rebanho. No caso das GTAs eletrônicas, o decreto deu prazo de 90 dias para que a Agência de Defesa Agropecuária (Adepará) faça a vinculação do sistema GTA com o sistema CAR, para bloqueio automático de propriedades não cadastradas ou com cadastro suspenso por problemas ambientais.
Os novos procedimentos entram em vigor 30 dias depois da publicação do decreto, em 16 de junho, para operações de trânsito animal interestaduais. Vale para exportação tanto de gado quanto de couro. Para operações internas, o Comitê Gestor do Programa Municípios Verdes ainda vai definir um cronograma de implantação. “O cronograma pode fixar prazos diferenciados para
os municípios considerados prioritários no combate ao desmatamento, assim como considerar o porte dos imóveis rurais cadastrados e seus respectivos rebanhos.”, diz o decreto.
Para o procurador da República Daniel Azeredo Avelino, responsável no MPF pelos acordos da pecuária sustentável, o decreto representa um avanço no controle do desmatamento e vai agregar segurança e valor às atividades agropecuárias dentro do estado.

Veja a íntegra do decreto

O que nos falta

Por ANA DINIZ, jornalista, em seu blog Na rede

Estado temos de sobra. Rico, riquíssimo. Tanto, que a maior desigualdade da renda brasileira não está, como insistem cronistas e analistas, entre as regiões ou entre as classes sociais. Está entre a União Federal e a nação brasileira. O Estado é rico, o Brasil é pobre. A União toma de cada brasileiro três meses de trabalho. Entre a nação brasileira e seu Estado existe um abismo cruzado por uma única e frágil ponte chamada Congresso Nacional. O que nos falta é aterrar esse buraco, reduzir esse abismo, de forma que essa ponte se transforme numa estrada. Sólida, segura e no chão plano.

Recursos naturais temos, e isto nunca é demais. O que nos falta é usá-los com cuidado. Porque nós também temos predadores demais. Do empresário que desmata ao lavrador que queima. Da empresa de navegação que derrama óleo na água ao passageiro que joga lixo no mar ou no rio. Da autoridade que permite o lixão ao morador que joga lixo na rua. Do pescador que usa rede de malha fina à empresa que usa boto como isca de pesca. Do garimpeiro à grande mineradora, contaminando tudo em volta da jazida.

Religião temos, um leque diverso e variado de ismos e divindades. O que nos falta é cumprir seus princípios. Vivemos barganhando com a divindade da vez. Ou o seu intermediário. Há promessas, despachos, oferendas até demais. O que nos falta é caridade, solidariedade, bondade e compaixão. Menos egoísmo e mais partilha. Menos julgamentos e mais misericórdia.

Grades temos, tantas e diversas que até a antiga profissão de ferreiro, que se acreditava arquivada com a chegada do aço e do alumínio, ressuscitou seus foles e fornalhas, agora na forma de maçaricos. O que nos faltam são as chaves para abri-las: o respeito com a coisa alheia, com o bem público, o controle da tentação.

Leis temos, até demais. O que nos falta é o cumprimento delas. Nossas leis são compridas e não cumpridas – exceto a lei geral da Copa, que permite a concessão de 180 patentes para a Fifa (até da palavra “pagode”, vejam só!) sem passar pela burocracia que atormenta os inventores e empresas brasileiras.

Polícia temos, até demais. O que nos falta é eficiência. Nossa polícia é a do depois: os inquéritos se abrem, mas em sua maioria não fecham. Não se previne, se reprime. Depois do crime cometido. Depois do sofrimento da vítima.

Judiciário temos, e bastante. As cortes da Justiça em Brasília são, realmente, cortes. É só olhar as marmorizadas e granitadas sedes dos tribunais superiores, que a maioria da população nem sabe quantos são. Falta vergonha para eles, sobra dela para nós: hão de convir que ter três desembargadores afastados por suspeita de corrupção é demais. Isto é o Tribunal de Justiça do Pará.

Música e ritmo, temos de montão. Faz parte do nosso dia a dia. O que nos falta é reduzir o volume do som posto na porta da casa, no carro, no bar ou na boate.

De tudo temos, e muito. Mas vivemos mal, porque tudo nos falta. 

O que ela disse


"Tenho certeza da nossa capacidade, do que fizemos, das nossas realizações. Não temos por que nos envergonhar. E não temos complexo de vira-latas, tão bem caracterizado por Nelson Rodrigues se referindo aos eternos pessimistas sempre."
Dilma Rousseff, presidente da República, em resposta a Ronaldo Fenômeno, que se disse envergonhado de ser brasileiro, por causa de atrasos em obras para a Copa.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Dinheiro na mesa comanda negociações sobre alianças

Coligações no Pará devem ser definidas por toda esta semana.
As negociações continuam a toda.
O dinheiro, meus caros, está em cima da mesa.
Fala-se, apenas e tão somente, em tempo no rádio e na televisão.
Basicamente, isso é o que importa no momento.
Essa questão de preenchimento de cargos em futuro governo - seja lá qual for - é coisa pra depois.
Até porque, pelo andar das sondagens de opinião que vêm sendo feitas internas corporis pelos principais partidos que disputarão o pleito no Estado, a fotografia de momento - expressão usada pelos marqueteiros para definir o flagrante da realidade colhido pelas pesquisas - indica que nada, mas nada mesmo é irreversível a esta altura do campeonato.
Em outras palavras: quem está na frente agora por chegar atrás até outubro.
E vice-versa.
Por isso que é que o dinheiro sobre a mesa está comandando as negociações finais sobre coligações.
Podem apostar.

Um estado de contradições

De um Anônimo, sobre a postagem Ônibus melhores para outros itinerários:

O Pará é um estado de contradições.
O governador inaugura com pompa um luxuoso porto a toque de caixa eleitoreiro, mas vai operar com barcos velhos, lentos, sujos e com passagens caras. Enquanto isso, os portos da feira do Açaí, porto do Açaí, porto da Palha, Princesa Izabel, Icoaraci e Mosqueiro são verdadeiros pardieiros. Outeiro nem possui. ainda tem o porto da Enasa, que virou um elefante branco de 7 milhões.
Isso é o Pará depois de 20 anos de PSDB no poder.

Justiça obriga estado a garantir medicamento a uma paciente

O juiz Arnaldo Albuquerque da Rocha, titular da 1ª Vara Cível da Comarca de Castanhal, concedeu tutela antecipada para assegurar o direito à saúde e à vida para uma paciente vítima de gravíssimo problema de saúde. Em caso de descumprimento da decisão judicial, o Estado ficará sujeito a pagar multa diária de R$ 5 mil.
A autora ingressou em Juízo depois que que a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Estado e o Hospital Ophir Loyola lhe negaram o Brentuximab Vedotin, um medicamento de alto custo. Cada ampola custa em torno R$ 16 mil, e o tratamento completo está estimado em cerca de R$ 210 mil.
A paciente buscou o Poder judiciário alegando que a Constituição Federal de 1988 e a própria Constituição do Estado do Pará, além de tratados  internacionais, asseguram a obrigação do estado de cuidar da saúde e da vida dos cidadãos.
Em petição assinada pelos advogados Stael Sena e Joseane Santos em caráter pro bono - ou seja, voluntariamente, por inspiração humanitária -, a autora alega que a doença que a aflige é de natureza evolutiva, sendo vital o medicamento retro mencionado, como medida de extrema urgência.
Ao conceder a tutela antecipada, a Justiça determina ao Estado do Pará cumprir seu dever constitucional para fornecer à demandante o medicamento Brentuximab Vedotin, bem como sua aplicação e tratamento, a fim de possibilitar, posteriormente, o transplante de medula óssea autólogo de consolidação, conforme receituário médico.
"O princípio da dignidade da pessoa humana não deve ser visto somente na ótica meramente negativa, impedindo eventual intromissão do Estado no núcleo essencial que o caracteriza, mas também como elemento-base de conteúdo axiológico norteador das ações positivas ou dos direitos a prestações ativas", afirma o juiz na decisão.
Para o magistrado, a paciente "possui direito a desfrutar de pleno e eficaz tratamento para controlar a grave enfermidade de que é portadora. Na hipótese em tela, a conduta omissiva de não fornecer o medicamento almejado, longe de favorecer, ameaça seriamente tornar letra morta o direito fundamental à saúde, o que revela a inobservância do subprincípio da adequação."

Trânsito na praia



FRANCISCO SIDOU

Tem tudo para provocar muita polêmica a ação que o promotor Amarildo Guerra pretende ingressar na Justiça determinando a proibição do acesso de veículos à praia do Atalaia já a partir do veraneio de julho deste ano.
A medida será discutida em audiência pública nesta terça-feira, 27, na Câmara Municipal de Salinópolis, e visa coibir os abusos praticados por alguns condutores de veículos, que por ação, omissão ou direção temerária, têm provocado graves acidentes, ameaçando a integridade física de todos que ali vão buscar momentos de lazer e acabam envolvidos em situações de estresse e até de perdas e mutilações físicas.
Os danos ambientais provocados pela circulação de automotores na praia também já são visíveis a olho nu, comprometendo a vegetação e ameaçando as dunas. Os argumentos contra e a favor certamente serão debatidos na audiência pública. Os donos de barracas ,em sua maioria, têm posição firmada contra a medida, por razões de ordem econômica. Ocorre, que as razões de ordem ambiental e do interesse coletivo não podem ser simplesmente desprezados por causa do lucro ou prejuízo de algum tipo de comércio.
A tradição de usos e costumes também costuma ser invocada pelos mais "descolados", alegando que o acesso à praia em veículos já é um hábito arraigado na cultura do paraense. Mas há aí também um componente de comodismo e até de exibicionismo de alguns "novos ricos" (são minoria, felizmente) que querem mostrar que estão "bem de vida" , não necessariamente de bem com a vida, já se vê, pois quem está "resolvido" não precisa anunciar na vitrine do Atalaia que "está podendo"...
A questão não é nova e remonta à década de 80, levantada pela antiga Associação dos Amigos de Salinas, da qual participamos, então como jovem cheio de sonhos e de projetos, como éramos então todos os seus integrantes, alguns também movidos por algum componente poético e etílico... O certo é que já naquela época o tema já era debatido, com as preocupações voltadas mais para o aspecto ambiental, já que não se tinha registro de acidentes na praia, a não ser ou outro veículo "afogado" pela maré alta por conta do descuido de algum motorista desavisado ou não "iniciado" no movimento e no capricho das marés.
Era então insignificante a quantidade de veículos que tinham acesso à praia diante da grandiosidade de suas areias e dunas. Em meados da década de 90, no primeiro governo de Almir Gabriel , foi elaborado um projeto denominado "Orla do Atalaia", que previa a construção de um calçadão semelhante ao da Orla do Maçarico, com barracas padronizadas e funcionais, áreas de estacionamento para veículos, banheiros e chuveiros públicos para tirar a areia, além de quiosques também padronizados, com churrasqueiras, que seriam alugados mediante uma taxa de manutenção para famílias que desejassem fazer alguma comemoração festiva ou "pic-nic" à beira mar.
Por onde anda esse maravilhoso projeto?
O dr. Adenauer Góes, atual secretário de Turismo , que também é um grande amigo de Salinas, certamente conhece esse projeto. Não seria a hora de se fazer um ajuste em sua concepção original para atender às demandas atuais da praia do Atalaia, quem sabe ampliando as áreas de estacionamento e disciplinando a circulação dos veículos especiais, como ambulâncias, bombeiros, polícia etc?
A questão também suscita polêmicas entre os juristas e especialistas em trânsito. Há os que entendem que o trânsito na praia está sujeito aos mesmos procedimentos normatizados pelo Código Nacional de Trânsito, multas e punições, inclusive. Mas os agentes do Detran (pelo menos os que abordei) entendem que na praia o território é livre , seria da União ou de "ninguém", tanto que não fiscalizam o trânsito na areia. Os agentes municipais também dizem que o tema não é de sua "área de competência". O que está faltando , na verdade, é uma decisão no sentido de regulamentar aquela "Casa de Noca" em que se transforma a praia do Atalaia em dias de feriadão ou de verão. Ali todo mundo manda, ninguém obedece e ninguém tem razão.
Quem sabe o governador Simão Jatene ( que participou como músico do memorável Festival "Uma Canção para Salinas", na década de 80, coordenado pelo nosso companheiro da ONG Amigos do Sal, Araran Lucena) e que também é grande amigo de Salinas não possa se interessar em mandar desencavar esse projeto "Orla do Atalaia" da gaveta estadual onde ele dorme ? Recursos do Ministério do Turismo existem para projetos similares. Vamos debater o trânsito na praia , mas também vamos sonhar mais alto ? É esse o convite que faço às autoridades competentes e aos amigos de Salinas, em nome dos companheiros da ONG Amigos do Sal.

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FRANCISCO SIDOU é jornalista
chicosidou@hotmail.com

Medo de protestos e greves



O povo brasileiro vem conferindo que, protestos e greves em todo o País durante a Copa do Mundo, aterrorizam o Planalto e podem prejudicar a reeleição da presidente Dilma Rousseff. O medo como arma de campanha sempre foi tido e havido como o último dos recursos a que se apela quando todos os demais não surtiram efeito, no objetivo de aliciar a preferência dos eleitores a favor de um candidato contra seu adversário. O Partido dos Trabalhadores decidiu reverter essa lógica e colocou no ar, de saída, um “provocador” onde a mensagem do medo é abertamente lançada para angariar votos de indecisos e incautos, bradada aos quatro ventos, do tipo: “Não podemos deixar que os fantasmas do passado voltem”, enquanto imagens de brasileiros empregados e desempregados, pedintes e estudantes são sobrepostas, com ameaça subliminar de um retrocesso caso a presidente não vença as próximas eleições.
Ninguém duvida que a oposição naturalmente reagiu taxando de tática do desespero. Sabe-se que a presidente vem despencando nas pesquisas de popularidade, parece acreditar no vale-tudo. E, nesse ambiente, em que o debate deveria caminhar, para o bem do País, para o campo das mudanças estruturais tão almejadas pela sociedade desce ao nível da baixaria pura e simples. E mais, o recurso, mais deplorável, é de eficácia duvidosa. É bom não esquecer que a difamação da política afeta o eleitor, que confere à notícia a seriedade necessária.
Na verdade, o governo respirou aliviado no final da última quinzena quando fez um balanço das greves e manifestações do dia. Ao contrário da ameaça de centrais sindicais e movimentos populares de colocarem milhões de manifestantes nas ruas e paralisarem centenas de categorias pelo País, os protestos ficaram aquém da expectativa. A barganha às vésperas da Copa do Mundo, que misturou de velhas demandas a mobilizações oportunistas, parece não ter conquistado ainda o apoio necessário para inundar as ruas, como seus líderes desejavam. A grande certeza é de que a gestão de Dilma perdeu o controle e a influência exercida desde o governo Lula sobre os movimentos sociais, como os por moradia e de trabalhadores, historicamente ligados ao PT.
Há, também, aqueles que por outro viés, se apresentam como “verdadeiros democratas”, se acham donos da verdade e “viajam na maionese” achando que se deve aturar uma dinastia de lulopetistas por todo o sempre. E tentam todo tipo de invencionices para a sociedade brasileira alegando que, essa sociedade, está ansiosa por um novo golpe que repita o de 1964. Que estamos saudosos das marchazinhas por Deus, Família e Liberdade, recheadas de dondocas vazias, de qualquer espírito democrático e de solidariedade social. Nada querem ceder ou repartir. O imaginário pobre desses inocentes é achar que as pessoas são estúpidas. Eles precisam aprender que o tecido do qual são feitos a dignidade e a determinação dos que pensam diferente deles resiste mais ao tempo. Quem pensa diferente é um parceiro e não um inimigo.
O que estamos vendo é um Brasil que vacila entre o pessimismo mais obtuso e a esperança mais confusa. Contrariando a estratégia eleitoral que levou o PT ao poder com Lula em 2002. A campanha da presidente Dilma tenta disseminar o pânico para estancar a queda da popularidade. Não deve ser esquecida que, a história ensina, porém, que a perigosa tática costuma fracassar quando o eleitor anseia por mudança, como agora. Mais intenso fica com o recrudescimento das manifestações.
O governo da presidente passa por um momento delicado, ou seja, dificuldade de gerenciamento. As pesquisas têm mostrado a grande dificuldade que Dilma está encontrando para subir nas pesquisas e que os seus oponentes mais competitivos subiram mais que ela pelos critérios do Ibope. É legítimo as pessoas pensarem em mudança. Devemos colocar as coisas nas suas devidas dimensões. Afinal, podemos apostar que no próximo Natal não vai haver neve.

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SERGIO BARRA é médico e professor
sergiobarra9@gmail.com

O que ele disse


"E de repente chega aqui é essa burocracia toda, uma confusão, um disse me disse, são os atrasos. É uma pena. Eu me sinto envergonhado, porque é o meu país, o país que eu amo, e a gente não podia estar passando essa imagem para fora."
Ronaldo Fenômeno, em manifestação tardia sobre fatos em relação aos quais ele próprio, como garoto-propaganda da Copa, já deveria ter se manifestado há mais tempo.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

O Supremo, enfim, repõe a racionalidade

Menos mal.
O Supremo Tribunal Federal, enfim, repõe a racionalidade.
Enfim, o STF, mais do que interpretar as decisões à luz da Constituição, substitui a irracionalidade pelo bom-senso.
Por 9 a 2, o STF derrubou regra do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que limitava o poder de atuação do Ministério Público nos crimes eleitorais.
Pela resolução aprovada pelo TSE no ano passado e que teria impacto nas eleições deste ano, inquéritos para apurar suspeitas de irregularidades eleitorais só poderiam ser abertos com autorização judicial.
Com a decisão de hoje do STF, volta a ser como antes, ou seja, o Ministério Público Federal terá autonomia para iniciar investigações e, havendo indícios de fraude, pedir abertura de inquérito, sem precisar passar pelo crivo prévio da Justiça, exceto no caso de prisão em flagrante, que deverá ser comunicada imediatamente à autoridade judicial.
Dias Toffoli, que é o atual presidente do TSE e foi o relator da nova regra, manteve o seu entendimento de que a resolução é necessária para evitar investigações "sem a supervisão da Justiça".
Putz!
Com todo o respeito, mas Toffolli é aquele que, às vezes, inova demais.
Inovando demais, desvirtua o sentido das leis e da Constituição.
É direito seu fazer isso.
É papel do Supremo corrigi-lo.
Nos termos da Constituição.

Ônibus melhores para outros itinerários

De um Anônimo, sobre a postagem Temperatura a mil desde o início da campanha:

Bem que a Prefeitura de Belém e Setransbel poderiam negociar e estender os serviços de ônibus com ar refrigerado, limpos e com tarifas diferenciadas para outros itinerários, visto que atualmente apenas a linha Shopping Castanheira - Centro possui micro ônibus com tal serviços (conhecidos como "fresquinhos").
Tal sugestão atenderia a melhor condição de conforto aos usuários, já que Belém é uma região de clima quente e as vezes é muito desconfortável viajar nesses coletivos em horários em que o calor é intenso, ainda mais quanto circulam lotados e sujos.
Poderiam inicialmente destinar cerca de 5 a 10% das frota com micro-ônibus com ar refrigerado nos bairros mais populosos como Guamá (UFPA), Jurunas, Pedreira, Marco, Icoaraci etc.
Além da melhoria na qualidade do serviço prestado à população, reduziria a quantidade de veículos particulares em circulação, já que os condutores desses veículos optariam por utilizar ônibus ou micro-ônibus limpos e climatizados.
Outra questão é quanto à falta de limpeza nos coletivos, principalmente nos coletivos das empresas Nova Marambaia, Eurobus, Viação Princesa, VIP e Viação Forte. Nelas, há veículos que não apresentam as minimas condições de uso. Contudo, há empresas que se preocupam e realizam limpeza dos coletivos como as empresas Arsenal (São Luís), Canudos Praça Amazonas, Guajará/Rio Guamá, Djalma Dutra, mas que ainda são minoria.

MPF investiga acessibilidade em prédios públicos de Tucuruí

O Ministério Público Federal em Tucuruí/PA instaurou, no dia 15 de maio, inquérito civil público para verificar as condições de acessibilidade dos prédios dos órgãos públicos federais sediados em 7 municípios do sudeste paraense (Breu Branco, Goianésia, Jacundá, Novo Repartimento, Pacajá, Tailândia e Tucuruí).
O inquérito prevê a expedição de ofícios a todos os órgãos federais situados na região para que eles forneçam informações sobre o atendimento das medidas de acessibilidade previstas em lei, ou indiquem as soluções paliativas adotadas para o atendimento de portadores de
necessidades especiais. Para facilitar a coleta das informações, os responsáveis pelos órgãos federais deverão responder questionário elaborado para esse fim, disponível neste link.
O MPF também solicitará informações ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará (Crea) a respeito do cumprimento de sua obrigação de fiscalizar se os projetos de construção/ampliação estão adequados às regras de acessibilidade, de acordo com o disposto no Decreto nº 5.296/2004. O inquérito requisitará ainda que as Secretarias Municipais de Assistência Social dos sete municípios apresentem informações sobre o número estimado de pessoas portadoras de necessidades especiais, com a indicação das deficiências preponderantes e das ações municipais
existentes quanto a este tema.
Também as associações de apoio a pessoas com deficiências situadas nestes municípios serão contactadas para preencherem questionários específicos sobre a acessibilidade, nos quais poderão narrar as dificuldades que têm sido enfrentadas no dia-a-dia, especialmente em relação aos prédios públicos federais. Acesse aqui o questionário que será encaminhado a estas associações.
Após o levantamento da situação atual, o MPF terá subsídios para adotar as medidas necessárias para garantir o pleno acesso de cidadãos portadores de necessidades especiais aos órgãos federais situados nos sete municípios paraenses, o que inclui a realização de vistorias técnicas e a expedição de recomendações para que tais órgãos promovam as adaptações e reformas necessárias.

Velhas novas ilações


FRANCISCO SIDOU

Parece jogada ensaiada. E é. Os sindicalistas rodoviários pleiteiam justamente, claro, reajustes salariais. Afinal, a inflação corrói lenta, mas progressivamente, o poder aquisitivo dos assalariados.Os patrões, compreensivos, aceitam dar o reajuste, mas desde que os rodoviários façam primeiro uma greve barulhenta para chamar a atenção da imprensa e causar mais incômodos à população. De preferência, que façam uma "pedida" de reajuste bem acima daquilo que vai ser dado. Tudo combinado. Então os notáveis do Conselho Municipal de Transportes se reúnem para analisar a planilha de custos e definir o índice de reajuste das passagens. Chega-se então a essa brilhante proposta de se elevar o custo da passagem de R$ 2,20 para R$ 2,43.
Parece até que esses 0,3 centavos embutidos nesse "estudo técnico", no qual se embasa a tal planilha, são fruto de uma mente perversa, com o propósito de proporcionar mais atropelos aos passageiros e mais lucros para os insaciáveis donos do negócio. Alguém, por acaso, ainda porta centavos em suas carteiras? Logo, a passagem acaba sendo arredondada para R$ 2,45. O transporte coletivo em Belém é precário e os ônibus verdadeiras carroças. Mas em nenhum momento das negociações com os empresários desse negócio se coloca na mesa a renovação da frota ou uma repaginada no planejamento do tráfego com a redefinição de algumas linhas que demandam quase sempre o Ver-o-Peso e a avenida Presidente Vargas, causando verdadeiro caos em horas de picos.
Na bagunça do trânsito sem ordem todo mundo buzina e ninguém tem razão. Agressões e ameaças são apenas o pano de fundo de um trânsito caótico/neurótico de uma cidade congestionada e travada. Em meio a esse cenário nada saudável para a qualidade de vida da população, vem aí novos capítulos de uma novela já conhecida, mas nada edificante. Novas licitações para novas linhas de ônibus. Fala-se tanto em novas linhas e os ônibus que circulam em Belém estão em petição de miséria, sucateados, sujos e fedorentos.. Quando são mandados do Rio para Belém já circularam na Cidade Maravilhosa pelo menos por 10 anos.
O cartel do Rio tem muitos tentáculos, um deles sufoca a população de Belém que usa transporte coletivo... Por que não se exige dos empresários de ônibus (tão sacrificados, coitadinhos...) a renovação de pelo menos 50% da frota que circula na cidade, alguns coletivos caindo aos pedaços, outros com goteiras, que se transformam em sucursal do inferno em dias de chuva?
As pessoas espremidas e estressadas parecem ser conduzidas como gado. Por que não se cria uma linha alternativa, com ônibus climatizados, mesmo com preço diferenciado? Seu público-alvo seriam os donos de veículos que também estão estressados por que não mais encontram lugar para estacionamento na cidade estrangulada, sem falar no assédio agressivo dos flanelinhas que se dão ao desplante de "guardar" (com cones) os lugares nas ruas para usufruto de seus "clientes especiais".
São muitos os veículos que deixariam de circular, diariamente, melhorando assim o fluxo do tráfego na cidade travada. Linhas circulares nos bairros com ônibus menores também seria uma opção para desafogar os principais e congestionados corredores de tráfego. Não se pode apostar apenas em uma solução do tipo BRT, que já chega com um atraso colossal em relação a outras alternativas de tráfego mais adequadas para metrópoles com mais de 1,5 milhão de habitantes, como os Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) e o Monotrilho, também conhecido como Aerotrem.
No caso de Belém, caberia uma integração entre os dois sistemas , o BRT - obra já em andamento, mesmo aos trancos e barrancos - viria até São Brás, onde precisaria ser construída uma estação de integração, com o deslocamento da atual Rodoviária para a Nova Avenida Independência, outro importante corredor de entrada e saída da cidade, que o governo do Estado pretende inaugurar até julho. De Icoaraci até o Entroncamento e de São Brás até o Ver-o-Peso, não vislumbro outra solução melhor que o sistema monotrilho aéreo.
Vamos ousar, senhor prefeito Zenaldo?
Do contrário, não teremos muita coisa para comemorar nos 400 anos de Belém. Nem a sua Comissão de Notáveis, que elabora a programação, vai ter algo a fazer, mesmo com o brilhante currículo e as melhores intenções de seus ilustres membros.

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FRANCISCO SIDOU é jornalista
chicosidou@hotmail.com

O que ele disse


“Segue o trabalho para entrega das estruturas complementares no Beira-Rio. Mas ainda há muito a fazer em Porto Alegre. Não podemos perder um minuto ou a qualidade para fãs e equipes de TV será comprometida na #copa2014."
Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, manifestando-se pelo Twitter sobre os atrasos para a Copa, que está a apenas 22 dias da abertura.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Olhares pela lente

O Palácio de Charlottenburg e seus jardins.
Em Berlim.
As fotos são do Espaço Aberto.




Temperatura a mil desde o início da campanha


Advogados eleitorais experientes apostam que a campanha que se aproxima será uma das mais, digamos assim, trabalhosas para quem, como eles, terão a incumbência de defender partidos e candidatos.
A maioria considera que a polarização da disputa, provavelmente entre PSDB e PMDB-PT, deve fazer com que a temperatura aumente desde o primeiro dia de campanha.
Não à-toa, é mais que está empenhado em colecionar declarações passadas de alguns candidatos e escarafunchar elementos capazes de corroborar futuras e previsíveis argumentações que poderão ser utilizadas em juízo.

"O que vale é o poder"

Do leitor Kenneth Fleming, sobre a postagem O vento mórbido do atraso:

Caro Sérgio.
Como sempre, muito bom o teu artigo. Só discordo da parte que colocas que Dilma fica constrangida ao lado de cartolas e outras figurinhas carimbadas da corrupção e dos desmandos brasileiros. Não fica não. Ela não tem qualquer vergonha na cara de se aliar aos Marcos Felicianos, aos Malufs, aos Garotinhos, aos Teixeiras e Marins da vida, a dirigentes corruptos de times de futebol, aos Eike Batistas da vida, etc, etc.
O que vale é o poder, seja lá quem for o aliado do momento.
Um país que demora 27 anos - repito, 27 anos - para inaugurar um trecho de ferrovia não é um país sério. E o cidadão brasileiro é o culpado por isso. Tais dirigentes não caem do céu ou chegam em uma carruagem de fogo. São "eleitos" por um brasileiro alienado, por um brasileiro que só quer saber dos vales-alguma coisa e do Re-Pa no final de semana.
Vá a alguma rua dessas toda pintadinha e engalanada para a Copa e peça uma contribuição e serviços dos moradores dali para pintar a escola onde seus filhos estudam. Não sai nada dali. Aposto.

A cidade unificada que não esquece a divisão









Berlim, a cidade unificada desde 1990, cultua a unificação sem esquecer da divisão e suas torturantes - e tortuosas - consequências.
Vestígios do muro de Berlim, que veio abaixo à base de marretadas populares, estão em vários pontos da cidade.
Um deles é a East Side Gallery, a maior exposição de arte ao ar livre do mundo, situada na Muhlenstrasse, ao longo das margens do rio Spree.
Nada menos de 1.316 metros do lado leste do antigo muro de Berlim, preservado da demolição, transformaram-se na plataforma onde artistas de vários países expuseram suas percepções sobre o mundo, a política, as ideologias, a divisão, a unificação, as perspectivas e as consequências depois que um dos maiores símbolos da ditadura comunista veio abaixo.
As fotos acima, feitas pelo poster no último, mostram algumas das mais de 100 pinturas que podem ser vistas na East Side Gallery.
Mas a verdadeira memória, digamos assim, do muro está bem no cruzamento das ruas Bernauer Strasse com a Brunnenstrasse.
Trata-se do Memorial do Muro de Berlim, que lembra essa barbárie e suas vítimas. Que não foram poucas, vale dizer.
Nos 28 anos em que se manteve de pé, o muro, ou melhor, a tentativa de transpô-lo provocou a morte a 80 pessoas identificadas. Mais de 100 ficaram feridas em decorrência de tentativas de fuga e milhares foram aprisionadas.
Na Estação Bernauer do Metrô, que fica bem próximo ao memorial, também estão expostas, em grandes painéis, várias fotos mostrando tentativas de fuga de berlinenses que tentavam transpor o muro.
Abaixo, nas fotos do Espaço Aberto, algumas imagens do Memorial do Muro de Berlim.





TRF impede Unimed Belém de ter "lista negra" de clientes

Acolhendo parecer do Ministério Público Federal (MPF), o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) proibiu a Unimed Belém de cobrar a extinção de dívidas anteriores para admitir clientes em seus planos de saúde. A prática agora vetada foi nomeada como “lista negra” pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), ré de mandado de segurança movido pela cooperativa, em 2010, na Justiça Federal no Rio de Janeiro, cidade-sede da agência. A Procuradoria Regional da República da 2ª Região (PRR2) se manifestou ao TRF2 no papel de fiscal da lei (custos legis), e não como autora da ação (proc. 20105101019822-5).
Com a decisão, os desembargadores da 7ª turma do TRF2 revertem a liminar da 28ª Vara Federal do Rio de Janeiro, que em 2011 impediu a ANS de exigir da operadora a admissão de inadimplentes e ordenou a anulação de multas aplicadas por essa razão. Em parecer ao Tribunal sobre um recurso da agência, a procuradora regional Beatriz Christo se opôs à limitação a inadimplentes para contratar o plano.
Ao processar a ANS, a Unimed Belém alegou que a agência ampliara indevidamente a interpretação da lei dos planos de saúde (Lei 9.656/98). Segundo a lei, “em razão da idade do consumidor, ou da condição de pessoa portadora de deficiência, ninguém pode ser impedido de participar de planos privados de assistência à saúde” (art. 14). Para a ANS, em hipótese alguma, e não só nas explícitas no início do artigo (idosos e portadores de deficiência), a operadora pode se recusar a contratar com uma pessoa interessada em um plano de saúde.
“A visão da Unimed Belém demonstra-se generalista e pouco detalhada, não comprovando que a interpretação dada pela ANS aplica-se de modo sistemático, o que de fato importaria em inovação jurídica na ordem pública”, afirma a procuradora regional Beatriz Christo no parecer. “E uma visão generalista atribuída à conduta da ANS pode gerar uma grave insegurança jurídica, mormente quando se deseja lhe imputar judicialmente um padrão de conduta fiscalizatória ilegal ou arbitrária.”
Na manifestação, a PRR2 se opõe à aplicação da decisão liminar a todo caso futuro de imposição do limite de ser contratada por inadimplentes, o que poderia causar um “verdadeiro abuso do Direito”. A decisão do Tribunal cita que, dada a atuação de apenas duas operadoras de saúde na região de Belém, o impedimento de nova contratação de plano por cliente inadimplente até a extinção de seu débito contraria o Código de Defesa do Consumidor.

Fonte: Assessoria de Imprensa do MPF

Uma Copa sai da cartola


Por ANA DINIZ, jornalista, em seu blog Na rede

Pão e circo, diziam os romanos, acalmam a plebe. Mas eles mesmos concluíram que nem sempre, e tiveram que impor a paz romana, uma variedade de paz que consistia, simplesmente, em matar os revoltosos e descontentes.
O governo tira o circo – ops, a copa! – da cartola esportiva. Isto acalmará a plebe?
Os experientes romanos sabiam que acalmaria, sim – mas só enquanto o espetáculo durasse. Por isso dispunham suas legiões com estratégia: para os veteranos da campanha da Gália, Júlio César deu terras em torno de Roma. Assim, premiando, ele montou um círculo de ferro em torno da cidade. Se os ex-legionários foram capazes de produzir trigo e vinho, não sei; mas Roma sob Júlio nunca se revoltou.
A copa está chegando mas quase todos os brasileiros vão ver os jogos do mesmo jeito que viram nas últimas copas: pela tevê. Uns poucos irão aos estádios, cercados por policiais na ida e na volta. Dilma, Blatter e todos os outros serão vaiados. Nada contra, não, senhor: pura farra.  As plateias serão brasileiras, porque a grande promessa turística de um evento desta magnitude deu chabu. Há uma companhia aérea na Europa que está oferecendo passagens para o Brasil na copa com 70% de desconto! Os ingressos vendidos na Europa estão sendo revendidos aqui mesmo, como mostrado na tevê. E eu me pergunto quem é que tem dinheiro para comprar um ingresso por três mil reais... ou melhor, me pergunto se o dinheiro que compra um ingresso por três mil reais é legítimo.
É uma copa escandalosa, essa, que sai da cartola esportiva. Um coelho dourado devorador de dinheiro. O Brasil espera 600 mil turistas, me informa o Financial Times de Nova Iorque. Se cada um deles gastar no Brasil dois mil reais, teremos uma entrada de receita de 1,2 bilhão – muito, muito menos do que já se gastou para recebê-los.
E o maior legado da copa são os grandes circos – ops, estádios! – onde não pisarão, por certo, nossos humildes clubes de futebol, mesmo que se reconheça que são eles que sustentam a paixão brasileira pelo jogo. Ah, se esse dinheiro dos gigantescos estádios fosse aplicado em pequenos estádios nos municípios, o quanto poderíamos avançar no esporte!
Mas o que mais me impressiona é a espécie de apatia que tomou conta do país nesta fase, em que pese os esforços das televisões e seus anunciantes. Apatia não só em relação à copa mas, também, em torno das festas juninas. Meados de maio e os estoques estão encalhados. Da copa e do caipira.  O termômetro da animação está baixo.
São os protestos? Penso que talvez tenham alguma coisa a ver, mas o que vejo na população é cansaço, exasperação, uma inquietação irritada e intolerante. E me pergunto: quando o coelho voltar para a cartola o circo terá acalmado a plebe?

O que ele disse


"Não considero a presidente responsável. A responsabilidade da compra de Pasadena é da diretoria e do Conselho. Não é um processo de decisão individualizado, é um processo coletivo."
Sergio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, adotando em depoimento à CPI do Senado um novo discurso em relação a abril deste ano, quando disse, em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", que a presidente Dilma não podia "fugir da responsabilidade dela" pela compra desastrada da refinaria nos Estados Unidos.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Os nanicos na zona de comércio


Lideranças partidárias - algumas, é claro - não estão ainda nem um pouco preocupados em fechar apoios e consolidar alianças para as eleições que vêm por aí.
Muito embora o prazo para as convenções partidárias esteja às portas, continuam essas ispiertas lideranças partidária, como dizem, a negociar.
Negociando, vão impondo dificuldades para vendê-las facilmente.
Tal prática - nefanda, mercenária, que corrói os valores democráticos - vai se disseminando sobretudo entre os partidos nanicos.
E ainda tem gente, vocês sabem, que atribuem aos nanicos as propriedades de uma zona de escape, digamos assim, que melhor representaria a diversidade e pluralidade que devem prevalecer nos sistema democráticos.
Hehehe.
Só pode ser brincadeira.
E é mesmo.
Os nanicos, isso sim, são uma zona de comércio, nesta democracia brasileira marcada por sistema partidário que alimenta mensalões - petistas e tucanos, vale dizer - e a cobiça pela dinheirama que escorre pelos dutos do fundo partidário que, diga-se, nós contribuintes é que pagamos.
Mas quem quiser que acredite nos ideais democráticos dos nanicos.
Quem quiser que acredite.

Babaquice é Lula dizer coisas que não o recomendam

Algumas declarações de Lula seriam histriônicas - simplesmente histriônicas -, se ele não fosse ex-presidente da República.
Como é ex-presidente - e tendo sido um dos mais bem avaliados quando estava no exercício do cargo -, Lula chega às raias da irresponsabilidade ao dizer algumas coisas que diz.
Respeite-se-lhe, é evidente, o direito de Lula dizer o que bem entender.
Mas aceite-se, em contrapartida, o nosso direito de desqualificar seus ditos.
É de um ridículo e de uma irresponsabilidade atrozes dizer Lula, como disse, que não passa de babaquice pretender-se que as linhas de metrô cheguem até perto, bem perto, de estádios que vêm sendo construídos para a Copa.
Babaquice é Lula dizer coisas que não o recomendam.
Isso sim é que é babaquice.
Não passa de um ridículo e de irresponsabilidade atrozes dizer Lula que é babaquice exigir-se metrô que parece perto de estádios porque brasileiro, quando quer, vai a pé, de jumento, de bicicleta, seja lá como for.
Alguém ouviu coisa parecida de Lula quando ele, como presidente, incluiu como um dos feitos históricos de seu governo ter, como afirma sempre, trazido a segunda Copa do Mundo para o Brasil?
É evidente que não.
E por que não?
Porque seria uma babaquice dizê-lo.
Não disse porque seria de uma irresponsabilidade atroz dizê-lo.
Não disse porque uma babaquice que tal inviabilizaria a realização da Copa no Brasil.
Pois está aí.
Agora, na condição de ex-presidente Lula acha que está autorizado a externar qualquer babaquice.
Como ex-presidente, acha que suas babaquices não serão registradas.
Ele está enganado.
Lula, ressalte-se, tem mais é obrigação de se virar nos trinta para justificar por que o governo, do qual ele é presidente-adjunto, está protagonizando um vexame mundial ao promover uma Copa que tem tudo para ser a mais desorganizada, a mais bagunçada da história das Copas.
Mas pode o ex-presidente Lula desobrigar-se dessa tarefa sem incorrer no vexame de dizer babaquices, não é?
Com todo o respeito, é claro.

Em Sachsenhausen, as lágrimas pelo horror



Sachsenhausen assusta.
Mais do que isso, Sachsenhausen aterroriza.
E por que visitantes - aos milhares - passam por lá todos os dias?
Porque o reencontro com as tintas vivas e os ecos ainda bem presentes de histórias horrorosas podem nos ajudar a rejeitar com mais vigor os princípios, valores e condições que levaram a hecatombes.
Mas essa pretensão, creiam, não se faz impunemente para quem visita Sachsenhauser.
Há uma semana, o poster visitou este local que se encontra a cerca de 40 minutos do centro de Berlim, acessível facilmente de metrô, na linha que tem ponto final a bela, aprazível e sossegada cidadezinha de Oranienburg, que curiosamente contrasta com um centro de horrores como esse.
Sachsenhausen serviu como campo de concentração onde o regime nazista barbarizou mais de 200 mil pessoas - predominantemente judeus - no auge do II Guerra Mundial.
Nas trilhas de Sachsenhausen, o repórter e trocentos outros visitantes que na mesma ocasião estavam por lá depararam-se com cena pungente.
Sentado no chão, um jovem de aparentes 20 anos chorava.
Chorava convulsivamente.
Em pé, no seu entorno, três moças - não se sabe se familiares ou amigas do rapaz.
Elas nada falavam.
Apenas o olhavam - compungidas, como todo mundo que via a cena - e esperavam que ele parasse de chorar, o que de fato aconteceu depois de uns dez minutos.
O rapaz teve algum ancestral direto barbarizado ali?
O rapaz, independentemente disso, foi lancinado na alma ao tomar contato com a frigidez da selvageria humana que ceifou milhares de vidas apenas naquele campo de concentração e em outras instalações idênticas, onde milhões morreram de doenças ou foram mortos em câmaras de gás?
O rapaz não suportou a repulsa de constatar que ali, naquele campo de concentração de Sachsenhausen, a racionalidade humana deslizou para uma degradação talvez sem precedentes na longa, e fascinante, história da aventura humana?
O rapaz que se desfez em lágrimas talvez tenha perdido, por momentos, as forças para intuir que é missão sua, é papel seu disseminar valores que jamais permitam que outras barbáries semelhantes aconteçam?
Todos os que, naquele momento, visitávamos Sachsenhausen, éramos um pouco aquele rapaz e seus sentimentos.
Éramos um pouco ele e suas lágrimas. Ele e seus desabafos.
Ele chorou mesmo pelos que não choraram. Deixou rolar as lágrimas de sua repulsa extrema no lugar de tantos que, pelo menos na ocasião, não tiveram condições de dimensionar ao certo seus sentimentos diante daquilo que viam.
Sachsenhausen mantém parte de suas instalações intactas.
Acompanhem nas fotos do Espaço Aberto que ilustram esta postagem.
Na foto do alto, a entrada do campo, a chamada Torre A, perfeitamente preservada. O relógio parou - por todo o sempre - exatamente no horário em que foi determinada a evacuação do campo, em 1945, pelos soviéticos em marcha rumo a Berlim. No portão de ferro original, a inscrição "Arbeit Macht Frei" ("O trabalho te fará livre").
Na entrada, dois barracões - o 38 e o 39 - mostram como eram os banheiros dos prisioneiros e exibem uma exposição permanente com resquícios de objetos das pessoas que passaram por lá, sobretudo calçados (fotos abaixo).




No chamado Edifício das Celas de Castigo, que menos não era do que uma sala de suplícios animalescos impostos a quem infringisse as rígidas normas do campo de concentração, veem-se as celas (em uma delas há uma cama) onde também eram encarcerados personagens proeminentes, tidos como ameaças ao regime nazista e que foram segregados em Sachsenhausen, onde acabaram mortos. Na parte externa, ainda estão três pedaços de pau onde eram aplicados os castigos mais violentos a presos que, em sua grande maioria, não resistiram (fotos abaixo).




Ao fundo do campo - em cujas imediações o rapaz, mencionado no início da da postagem, teve uma crise de choro -, a chamada Estação Z, que os nazistas, numa sádica ironia, assim nominaram como uma forma de sinalizar, pela última letra do alfabeto, que ali era o fim, era a última escala, era a derradeira passagem.
Ali era a estação da morte.
Na Estação Z, os que visitam Sachsenhausen deparam-se com a visão arrepiante do fosso de fuzilamento, onde milhares de pessoas foram executadas, 13 mil delas de uma só vez, em certa ocasião. No mesmo local, as instalações dos fornos crematórios e um memorial, lembrando os que foram cremados ali (fotos abaixo).






Mais adiante, no outro extremo do semicírculo de Sachsenhausen, à esquerda de quem entra, a sala de autópsias, com prédio e instalações internas inteiramente preservados (fotos abaixo). E ao final, em imagem capturada do Google, uma visão aérea do campo de concentração, que, mesmo depois de 1945, continuou a ser usado por soviéticos para encarcerar ex-nazistas, entre outros.
Para quem for a Berlim e estiver interessado em visitar Sachsenhausen, basta pega o metrô, linha S1, e descer em Oranienburg. Bem na frente da estação, pegue os ônibus 804 (em direção a “Malz”) ou a linha de ônibus 821 (em direção a “Tiergarten”) para o memorial Sachsenhausen. O bilhete custa aproximadamente 1,40 euro. Se preferir, vá a pé mesmo. A caminhada por Oranienburg é agradabilíssima e não dura mais que 15 ou 20 minutos.
O ingresso ao campo é gratuito. Quem quiser audioguia, disponível em alemão, inglês, francês, italiano e espanhol, pagará apenas 3 euros. Alguns atendentes falam, inclusive, português.