sábado, 30 de maio de 2009

A bomba nas mãos de insanos

Na VEJA:

Terá chegado o momento de sentir saudade da segurança relativa da Guerra Fria? Naquele tempo sombrio, quando a humanidade segurava o fôlego diante da ameaça de aniquilação, pelo menos era possível acreditar que o gatilho nuclear estava em mãos inimigas responsáveis. O cenário atual é mais incerto e mais perigoso. Os dois únicos testes nucleares deste século foram realizados pela Coreia do Norte, uma ditadura tão enigmática quanto insana. O segundo deles, na segunda-feira passada, numa região montanhosa e inóspita no nordeste do país, reverberou como a confirmação de que a proliferação nuclear atingiu o patamar a partir do qual o perigo é imediato e urgente. Dois fatos principais justificam o alarme. A posse de um artefato atômico por um país isolado e pobre demonstra que o desenvolvimento desse tipo de armamento está ao alcance de qualquer nação disposta a investir os recursos necessários para fazê-lo. Se países miseráveis e com governos frágeis se armam com átomos, não está distante o momento em que o gatilho atômico cairá na mão do terrorismo. Um estudo da Universidade Stanford estimou a probabilidade de um ataque terrorista com o uso de bombas sujas (ou seja, explosivos comuns misturados a material radioativo) em 20%. Com bombas nucleares, cai para 1%. Qualquer estimativa acima de zero é um pesadelo quando se fala da combinação de terroristas e plutônio.
O mais notável fenômeno da era nuclear talvez seja o fato de que desde o ataque a Hiroshima e Nagasaki, em 1945, o último ano da II Guerra Mundial, nenhum país ousou detonar uma bomba atômica em combate. Os Estados Unidos tiveram o monopólio do átomo entre 1945 e 1949, mas não o usaram contra a União Soviética, apesar das provocações de Stalin. Também poderiam ter empregado esse recurso no Vietnã, onde a tonelagem de explosivos convencionais lançados equivaleu a dúzias de bombas como a de Hiroshima. Armas nucleares não foram usadas nem em situações desesperadas. A Casa Branca rejeitou os apelos nesse sentido do general Douglas MacArthur, que se viu impotente diante do avanço das divisões chinesas na Guerra da Coreia. O conflito terminou em 1953 no impasse que ainda hoje divide a península coreana entre dois inimigos mortais. É complicado explicar um evento que não ocorreu, mas é comum ouvir que o temor da aniquilação mútua conteve os ímpetos guerreiros dos Estados Unidos e da União Soviética. Porém isso não explica o comedimento em circunstâncias nas quais não havia o temor de retaliação, caso dos soviéticos no Afeganistão e dos americanos no Iraque.

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Um comentário:

Anônimo disse...

Quer dizer que armas atômicas nas mãos de estadunidenses, franceses, ingleses,israelenses, paquistaneses estão em mãos muito sãs? A insanidade dos países está na proporção direta das relações desses países com os Estados Unidos? A Sanidade se mede pelo domínio das potências sobre os outros?