quinta-feira, 30 de abril de 2020

O prefeito de Belém reverteu um erro grave. Mas está sendo tratado como o jogador que, mesmo fazendo um gol, é vaiado porque o lance foi feio.


Não sei, sinceramente, quem é o autor dessa frase - em verdade uma sentença que encerra a mais profunda sabedoria.
Porque é isso mesmo: o Brasil conseguiu politizar uma doença que mata. E porque está politizada, a doença pode matar muito mais ainda, porque abandonam-se preceitos médicos e científicos em proveito da prevalência de paixões político-ideológicas que não levam a nada, a não ser tornarem-se um combustível que alimenta fanatismos e discussões estéreis.
Vejam o que aconteceu nesta quinta-feira (30).
A Procuradoria-Geral do Município, que integra a estrutura de governo do prefeito tucano Zenaldo Coutinho, ajuizou ação tresloucada que, ao fim e ao cabo, pedia pura e simplesmente que a Justiça determinasse, em decisão liminar, a suspensão do funcionamento do Hospital Abelardo Santos, transformado em pronto-socorro pelo governador Helder Barbalho (MDB).
O que fez Zenaldo?
Logo depois que a ação começou a repercutir publicamente, o prefeito fez circular um vídeo em que não apenas informava haver determinado à PGM que retirasse a ação como ainda agradeceu o aumento do número de leitos disponíveis para Belém, conforme anunciado pelo governador Helder Barbalho, eis que o “Abelardo Santos”, tranformado em pronto-socorro, ajudará a minorar a situação de colapso em que se encontra o atendimento em unidades de saúde administradas pelo município.
O gesto do prefeito foi louvável por razões várias e inequívocas.
Porque não hesitou em reconhecer um erro. Porque não demorou em revertê-lo. Porque admitiu que diferenças políticas com o governador não devem sobrepor-se ao interesse maior de salvar vidas. Porque demonstrou nobreza em reconhecer que, estando o sistema de saúde do município em colapso, toda e qualquer ajuda do estado será bem-vinda.
Tudo bem? Tudo certo? Agiu bem o prefeito?
Não.
Por quê?
Porque entrou em campo aquela refinada politização, que de tão refinada chega a ser inacreditavelmente incompreensível e escandalosamente desarrazoada.
Pois os refinados politicamente ignoraram a essência da conduta do prefeito e passaram a atacá-lo porque, ora vejam só, ao anunciar publicamente sua decisão, Zenaldo, na percepção desses refinadíssimos apaixonados políticos, teria exposto à execração a Procuradoria Geral do Município, que assinava a ação.
E mais: os refinados políticos também acharam que uma peça jurídica dessa magnitude teria de ser submetida ao crivo de Zenaldo antes de ser proposta, daí entenderem que o principal erro foi dele, e não da PGM.
Essas críticas se parecem com aquela em que um jogador faz um gol, mas a torcida, em vez de comemorar, põe-se a vaiá-lo porque, antes de mandar a bola para as redes, ele trombou com zagueiros, patinou, caiu, levantou-se e, em horríveis e desastradas coreografias, acabou fazendo o gol.
Ou então se parecem com aquele time que conquista um título, mas a torcida inteirinha se põe a vaiá-lo porque, durante todo o campeonato, o novo campeão perdeu e empatou várias vezes.
Vivemos esse clima.
A politização extremada, que  idiotiza e embota a capacidade de avaliação, acaba transformando um gesto objetivamente correto como se fosse um crime.
A que ponto chegamos, gente!

Mais do que ser lida, cartilha informativa para enfrentar a Covid-19 precisa ser rigorosamente seguida

A Procuradoria-Geral do Estado adotou medida providencial.
Disponibilizou em sua página uma cartilha informativa (acesse clicando aqui) que destaca, didaticamente, as medidas de enfrentamento ao novo coronavírus Covid-19 previstas em decreto editado pelo governo do estado e já atualizado algumas vezes.
Mais do que ler as orientações contidas na publicação, é precisar observá-las, obedecê-las, segui-las rigorosamente.
Paraenses residentes em Belém e qualquer região do estado precisam se convencer de que essa doença mata.
Precisam se convencer de que inobservar o isolamento é contribuir para o aumento do contágio.
Precisam se convencer de que a disseminação do contágio acarretará o agravamento da situação católica, de saturação completa em que já se encontra o sistema de saúde público e privado, como se constata várias cidades brasileiras, inclusive nas duas maiores capitais situadas na Amazônia – Manaus e Belém.
Sem a observância do isolamento, a letalidade desse vírus será potencializada.
Só não vê isso quem não quer.
Ou então quem está fanatizado ou idiotizado a um ponto extremo, induzido ou iludido por governantes irresponsáveis e insensíveis, como o presidente da República.

Justiça Federal em todo o Pará estende até 15 de maio medidas restritivas para prevenir o contágio pelo coronavírus Covid-19


A Justiça Federal no Pará prorrogou, até o dia 15 de maio, medidas restritivas para prevenir o contágio pelo novo coronavírus Covid-19 que anteriormente iriam vigorar até hoje, 30 de abril. A prorrogação por mais duas semanas foi formalizada por meio da Portaria Diref nº 10171351, que segue determinações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) destinadas às unidades judiciárias de todo o País.
Os efeitos da portaria da Diretoria do Foro incluem a sede da Justiça Federal, em Belém, e as Subseções Judiciárias que funcionam nos municípios de Santarém, Marabá, Altamira, Castanhal, Redenção, Paragominas, Tucuruí e Itaituba. Em todas as unidades, será mantido o Plantão Extraordinário, instituído pela Resolução nº 313 do CNJ, que prevê a suspensão dos prazos processuais nas demandas que tramitam em meio físico.
A partir de hoje, e enquanto vigorar o estado de calamidade pública constante no Decreto nº 687, de 15 de abril de 2020, editado pelo governo do estado do Pará, será obrigatória a utilização de máscaras de proteção facial em todos os prédios da Justiça Federal, em Belém e no interior, “sem prejuízo das recomendações de isolamento social e daquelas expedidas pelas autoridades sanitárias.”
O novo ato da Diretoria do Foro também determina que os serviços de portaria dos prédios da Justiça Federal deverão orientar a entrada e a permanência de pessoas que não estiverem utilizando máscara de proteção facial. Somente será admitida a não utilização da máscara quando o magistrado, servidor ou colaborador estiver em sua mesa de trabalho com afastamento de 2 metros de outra pessoa.

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Com a camisa do Palmeiras, Bolsonaro dá bicuda na inteligência e mostra por que faz um (des)governo amalucado


Além de desequilibrado, Bolsonaro não tem inteligência suficiente para alcançar a dimensão de suas próprias competências legais e de suas decisões.
Duas outras três horas depois de empossar o novo titular da AGU, José Levi do Amaral Junior, Bolsonaro o desautoriza. Eis um gesto de desequilíbrio.
A AGU informou, inicialmente, que não recorreria de decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, suspendendo a posse de Alexandre Ramagem como diretor-geral da PF.
Logo depois, envergando uma camisa do Palmeiras, Bolsonaro deu uma bicuda (pra fora do gol, vale dizer, porque há bicudas que vão direto para as redes) no bom senso.
Disse que a AGU vai, sim, recorrer da decisão. “Quem manda sou deu”, emendou o presidente.
Bolsonaro pensa, parece, que o recurso da decisão de Alexandre de Moraes será impetrado num tribunal de outro mundo, tipo assim, um tribunal presidido por Olavo de Carvalho. Ou mesmo por Carluxo Zero 2. Ou ainda por algum miliciano justiceiro, integrantes de milícias que ele próprio, Bolsonaro, e seus filhos tanto admiram.
Não.
O recurso a ser apresentado será ao próprio Supremo – no caso, para o Pleno do STF, composto pelos 11 ministros da Corte, inclusive Moraes, que proferiu a decisão monocrática.
As chances desse recurso prosperar nessa instância são mínimos, dadas as evidências – escandalosas, clamorosas, gritantes e evidentes – de que a nomeação de um servidor como Ramagem, que mantém ligações íntimas com familiares de Bolsonaro, alvos de investigações da própria PF, representam um desvio de finalidade que afronta princípios constitucionais como os da legalidade e da impessoalidade.
E aí?
E aí que, se o recurso for mesmo rejeitado, como muito provavelmente deve ser, Bolsonaro será alvo de mais uma desmoralização.
A imbecilidade que representa a interposição desse recurso é tamanha. Mas Jair Quem Manda Sou Eu Bolsonaro é mestre em dar bicuda na inteligência e no bom senso.
Por isso faz um (des)governo marcado pelo desequilíbrio.

ATUALIZAÇÃO ÀS 22H14:

Acabo de ver uma intervenção de Gerson Camarotti na GloboNews.
Diz ele, com base em estimativas feitas por ministros do STF, que um eventual recurso da AGU contra a decisão de Moraes seria rejeitado por 11 a zero.
Repita-se: 11 a zero.
Contra Bolsonaro, não esqueçam.

terça-feira, 28 de abril de 2020

Blogueiros são alvos de ação policial. Defesa diz que eles não sabem do que são acusados, porque juiz não levantou o sigilo do processo.



Os bloqueiros Diógenes Brandão, do As Falas da Pólis, e Eduardo Cunha, do Pará Webnews, foram alvos, na manhã desta terça-feira (28), de um operação policial ordenada pelo juiz Heyder Tavares, da 1ª Vara de Inquéritos Policiais, a pedido da delegada Kézia, da Divisão de Prevenção e Repressão a Crimes Tecnológicos (DPRCT).
Na operação, que contou com a prévia concordância do promotor de justiça Luiz Márcio Cypriano, que se manifestou nos autos a pedido do magistrado, foram apreendidos computadores, celulares e documentos.
Em conversa há pouco, com o Espaço Aberto, o advogado Sábato Rossetti, que juntamente com seu colega Michell Durans representa os dois blogueiros, disse que tanto Brandão quanto Cunha não sabem até agora por que foram alvos da ação policial.
“À casa do Diógenes compareceram nove policiais e na do Eduardo, 15. Eles não chegaram nem a ser ouvidos pela delegada Kézia. No mandado de busca de apreensão, não consta nem o que deveria ser apreendido”, afirmou Rossetti.
Ele disse que até agora a defesa dos blogueiros não sabe a motivação para as buscas e apreensões, uma vez que o juiz decretou sigilo no processo. “Nós não conhecemos nem a manifestação da delegada, nem a manifestação do promotor e nem os fundamentos da decisão judicial que embasou a operação”, afirmou o advogado, acrescentando que ainda aguarda o juiz franquear o acesso dos investigados aos autos, para que possam se defender.
Rossetti disse ter ouvido de Diógenes que, no início deste ano, em mês que o advogado não soube precisar, o blogueiro, atendendo a uma intimação da delegada Kézia, compareceu à polícia. “A única pergunta que ela fez a ele foi sobre uma postagem de que os gastos de propaganda do governador Helder Barbalho eram superiores aos do governador Simão Jatene. Ele, o Diógenes, respondeu que sim, que assumia a autoria da postagem. E disse que a informação estava respaldada por dados que ele colheu no próprio Portal da Transparência”, informou Rossetti.
Nessa primeira ocasião, segundo o advogado, não houve busca e apreensão, mas apenas o comparecimento do blogueiro à polícia. Agora, desta vez, houve a busca e apreensão e sequer os dois blogueiros foram chamados à polícia. Nem eles, nem nós, seus advogados, sabemos de que eles estão sendo acusados, daí não podermos dizer se é sobre fake news, como está sendo divulgado. Pode até ser, mas não sabemos, porque a defesa ainda não teve acesso ao processo”, informou Sábato Rossetti.


“Não devo nada”
Ao blog Ver-o-Fato, do jornalista Carlos Mendes, Diógenes afirmou: “Não devo nada, não temo nada. O que faço é exercer o direito constitucional de crítica a um governante que foi eleito pelo povo e ao povo deve satisfações de seus atos”. Segundo ele, os agentes da Polícia Civil agiram com “truculência e desrespeito” à família dele, inclusive invadindo o quarto onde estava sua esposa e uma filha, surpreendidas em suas intimidades e ainda com vestes de dormir.
Não opus nenhuma resistência ou criei qualquer obstáculo ao trabalho da polícia, embora eles se comportassem de força destoante do que dizia a própria ordem judicial, que falava em ação moderada para não molestar os moradores. O blogueiro disse também ter fornecido as senhas dos computadores apreendidos e dos celulares dele e da esposa.
“Levaram 18 objetos da nossa casa, até a fonte e o cabo do modem para eu não me comunicar com ninguém e fiquei uma hora e meia incomunicável, impedido de falar com meu advogado, enquanto eles pegavam tudo o que queriam”. Em conversa no mês passado com a delegada, Kézia, uma das responsáveis por abrir investigação contra ele, Brandão disse ter ouvido dela críticas ao blogueiro Eduardo Cunha, ao afirmar que ele “pegava pesado” com o governador Helder Barbalho e com a esposa deste, Daniela.
O Espaço Aberto não conseguiu contato com o blogueiro Eduardo Cunha.

O colapso que Mandetta previu se confirma. Mas o ministro da Saúde ainda clama por mais informações.


Vejam na imagem.
Observem a data de matéria que foi ao ar no dia 20 de março, no portal de O Globo.
Mandetta, então ministro da Saúde e ainda desfrutando, mais ou menos, das boas graças de Bolsonaro, fez essa previsão.
E olhem o que estamos vendo.
Observem o grau da tragédia que está sendo - no Rio, em Manaus, em Fortaleza, em Belém, todas vivendo as consequências, horríveis, dramáticas e aterradoras, do colapso no sistema de saúde.
Em que se baseou o então ministro para fazer essa previsão que se mostra, infelizmente, absolutamente comprovada?
Em informações. Em dados. Em projeções matemáticas.
São essas as informações que tanto quer o novo ministro da Saúde, Nelson Teich?
Ele fala todo dia que é preciso colher informações para combater esse vírus.
Que nada!
As informações objetivas para que ele possa agir já estão disponíveis.
Então, que aja! E aja urgentemente!
Quanto às informações sobre o combate clínico ao vírus, essas ainda estão sendo processadas por milhares de especialistas em todo o mundo, inclusive os que pesquisam alternativas medicamentosas e a vacina.
O que espera, então, esse novo ministro para agir?
Espera alguma opinião mais abalizada de Olavo de Carvalho, que já se manifestou, dizendo que essa pandemia não passa de conversa fiada?

Brasileiros morrem. A tragédia se alastra. O Papa se comove, Bolsonaro não.

Vejam a nota ao lado.
Está na Coluna do Estadão desta terça-feira (28).
Mostra o distanciamento - administrativo, político, moral e humano - de Bolsonaro e seu governo em relação a parcelas da população brasileira que estão sendo mais castigadas - duramente castigadas - por essa pandemia.
No último sábado (25), o papa Francisco ligou do Vaticano (a 8.700 quilômetros da capital amazonense) para o arcebispo de Manaus, dom Leonardo Steiner, para informar-se sobre como estavam povos indígenas, ribeirinhos e pobres diante dessa situação desesperadora em que se encontra o sistema de Saúde - colapsado, diga-se - no Amazonas.
Pois nem Bolsonaro, nem seu ministro da Saúde (que se repete todo dia, o dia inteiro, reiterando platitudes que dão sono em quem o assiste) dignam-se fazer o mesmo, estando de Manaus a apenas 2 mil quilômetros de distância.
Por isso, como aqui já se escreveu, Bolsonaro não lidera nada. Apenas nos envergonha. Vive de pregar o ódio, fazer maluquices e desgovernar o País - não necessariamente nessa ordem.

A ditadura prende, tortura e mata. Na época do AI-5 foi assim. Você aí, que é jovem, você quer mesmo isso?


O economista Rubem Medina, que já foi deputado deputado federal por nova mendatos, escreveu um artigo que foi publicado em O Globo desta segunda-feira (27).
Tem o título de AI-5. É isso mesmo?
É um artigo elucidativo sobre este momento em que vivemos.
Sobre este momento em que até jovens – jovens, repita-se, na faixa dos 20, 25 anos – defendem abertamente um golpe e a volta da ditadura.
Aliás, não é bem uma volta da ditadura, porque muitos desses jovens, ainda que não tenham vivido os anos de chumbo, não acreditam sequer que o Brasil tenha passado por um período ditatorial.
Pois é.
Destaquem-se dois trechos do artigo de Medina.
Um deles:

Você está contrariado com o Congresso Nacional e com o STF porque gosta do presidente da República, que você escolheu? Você está com raiva, em revolta, e por isso defende o AI-5? Digamos que você consiga conquistar o que você quer. Como será quando a raiva passar? Você já pensou nisso? Você estará num país onde a raiva e o simples pensar diferente serão duramente punidos, com prisão, tortura e morte.
Então, minha amiga, meu amigo, vote e vote sempre. Coloque toda a sua revolta e sua raiva no voto, mas faça isso com a consciência de que a voz para mudar será a sua, e não de alguém que pouco se importa com você.

O outro trecho:

O AI-5 não gosta de voto. Ao contrário, abomina, odeia a ponto de prender, matar e torturar quem gosta de votar. Vote e mude com o seu voto aquilo de que você não gosta. Porque se acabarem com o seu direito de votar, você terá um trabalho enorme, muito desgaste e até poderá perder a vida na luta para que o seu direito retorne.
Está ponderando e argumentando internamente que os ministros do Supremo não são escolhidos pelo voto? Mas são sim! Os presidentes da República que você escolhe selecionam os nomes que quer prestigiar e eles são aprovados pelos senadores que você também, pelo voto, escolheu.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Jornalista narra o horror que viu ao levar a mãe com Covid-19 para ser atendida. “Não desejo para o meu pior inimigo”, afirma.


O jornalista Luiz Flávio postou nesta segunda-feira (27) o depoimento abaixo, acompanhado da foto acima, em seu perfil no Instagram.
O relato é pungente – porque verdadeiro e emblemático da situação de colapso, de saturação, de exaustão completa em que se encontra o sistema público e privado de saúde em Belém.
Leiam.

---------------------------------------------------------------

Minha mãe tem 71 anos. É asmática, diabética e renal crônica.
Faz diálise numa clínica particular às terças, quintas e sábados e essa semana sentou ao lado de uma senhora com Covid-19.
Ontem à tarde sentiu um desconforto respiratório acima do normal. A temperatura corporal subiu para 37,5°.
Seguimos para a Unimed-Doca para fazer uma tomografia.
Chegamos lá às 20h30. Só conseguimos ser atendidos às 00h15 de hoje. A tomografia foi feita por volta das 1h.
Retornamos ao médico para a reavaliação por volta das 4h30.
O exame mostrou uma mancha grande no pulmão, com indicativo de Covid-19...
Ela recebeu a “dose de ataque”, com um comprimido de hidroxicloroquina e outro de azitromicina.
Ela tá bem, com falta de ar, mas o médico quer internação imediata, dada a idade avançada e as comorbidades.
Seguimos na luta na busca por um leito.
Passamos 9 horas no hospital à espera de atendimento.
A maior unidade do maior plano de saúde do Estado virou um Hospital de Guerra: pessoas jogadas nos bancos desacordadas, outras em cadeiras de rodas urrando sem conseguir respirar. Muitas desmaiadas em macas...
No meio de tudo isso os profissionais de saúde, trabalhando no limite, sem conseguir atender todos a tempo, ouvindo impropérios pela demora no atendimento.
A culpa não é deles. Mas a quem apelar e despejar todo nosso medo e agonia num momento desesperador?
Se quem tem um plano de saúde passa por isso, imagino o povo da periferia que sequer consegue entrar em UPA.
A velha Marina tá bem, tomando medicação em casa.
O que vi e vivi ontem naquela unidade de saúde não desejo para o meu pior inimigo.
Acho importante compartilhar esse relato para mostrar o quão esse vírus é letal, na esperança de tocar na mente e coração de pessoas que ainda debocham dessa pandemia, que já vitimou dezenas de milhares de pessoas pelo mundo.
Um câncer não derrubou essa mulher e não vai ser um vírus “feladaputa” desse que vai fazer ela se entregar.
Eu? Bom... Acho que fui infectado, pois fiquei so lado da minha mãe o tempo todo.
Vamos aguardar os próximos dias e ver como meu organismo reage.
Tenho histórico de atleta, mas sabe como é que é, né...
Fiquem com Deus e, principalmente: #FiqueemCasa

Moro já tem o slogan de campanha para presidente. Falta só chamar o marqueteiro.


Verdade acima de tudo. Fazer a coisa certa acima de todos.
Está aí.
Se for por causa de slogan de campanha, está aí o de Moro Presidente!
Agora, só faltam algumas coisas.
Por exemplo.
Falta chamar o marqueteiro (se é que ele já não chamou, é claro)!
Falta Moro firmar uma imagem convincente de que não foi um justiceiro quando julgou certos processos da Lava Jato.
Falta preparar o discurso de que as conversas vazadas pelo Intercept não o revelam como um juiz exalando parcialidade por todos os poros.
Falta convencer o eleitorado de que ele não aceitou o cargo de ministro de Bolsonaro em troca de uma vaga no Supremo.
Enfim, faltam apenas essas coisas simples.
No mais, é Moro candidato a presidente em 2022.
Ora, se é.
Ah, sim. Moro, uma vez candidato, também precisará provar que não é comunista, nem petista, nem esquerdista, o que ele passou a ser depois que abandonou o governo do Capitão, né?

domingo, 26 de abril de 2020

Mortes, corpos amontoados. Gente morrendo em casa, sem socorro. Belém vive o horror. Prefeitura anuncia lockdown no comércio.


O prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, anunciou no final da tarde deste domingo (26), em suas redes sociais, que a partir desta segunda-feira será proibida a atividade comercial em todo o município. É o se chama de lockdown, a palavra inglesa que significa o bloqueio emergencial em determinado setor ou em toda uma coletividade.
“Hospitais públicos e privados chegaram à saturação em Belém”, escreve o prefeito em sua conta no Twitter. “Em novo decreto vamos proibir a atividade comercial em geral, mantendo apenas o quer for essencial à vida. As novas medidas passam a valer a partir desta segunda, 27/04. Peço, fiquem em casa!”, apela Zenaldo. O mesmo apelo foi feito num vídeo (assista acima).
As cenas dramáticas, de milhares de pessoas procurando desesperadamente um local de atendimento de urgência para minorar os sofrimentos causados pela Covid-19, expressam apenas uma das faces da tragédia de dimensões assustadoras que se dissemina em toda a cidade.

Mortes em casa
Relatos colhidos pelo Espaço Aberto em várias fontes indicam que tem sido assustadora a quantidade de pessoas que estão morrendo em casa mesmo, porque não encontram unidade de saúde onde possam ser atendidos. Leitor do blog informa que familiar dele, que contraiu a doença e morreu em casa, ficou exposto durante várias horas à espera de ser removido.
Casos como esse reforçam a convicção de que o colapso – ou saturação, como prefere a Prefeitura de Belém – no sistema de saúde público e privado do município de Belém retiram ou minimizam a credibilidade dos números oficiais.
Até o início da noite deste domingo, oficialmente Belém contava com cerca de 50 óbitos e 1.650 infectados. Esses números, nem de perto, aproximam-se da realidade. Que é muito mais trágica, dramática e horrorosa do que imaginamos.

O lockdown, a que recorre a Prefeitura, é ditada pelos fatos que estão à vista de todos. Mas o decreto da Administração Municipal será efetivo? Será cumprido? Quais os instrumentos de que lançará mão a prefeitura para manter o comércio fechado em todos os bairros da cidade? Porque é fato que a desobediência à quarentana vem crescendo nos últimos dias, em Belém e no restante do Pará. Será diferente com o lockdown?

Sespa autoriza o uso de hidroxicloroquina, cloroquina e azitromicina até em pacientes que apresentam quadros moderados de Covid 19



Médicos, hospitais e postos de saúde em todo o estado do Pará já estão autorizados a aplicar os medicamentos hidroxicloroquina, cloroquina e azitromicina não apenas em pacientes graves, como já preveem protocolos do Ministério da Saúde, mas naqueles que apresentam o início dos sintomas da Covid-19.
A adoção do novo protocolo médico foi comunicada no final da noite deste sábado (25) pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), através de sua conta no Twitter, e confirma informação do Espaço Aberto publicada há duas semanas, de que médicos de Belém já haviam começado a aplicar os medicamentos em pacientes que apresentavam sintomas moderados, ainda que, àquela altura, o Ministério da Saúde só recomendasse esse procedimento nos casos mais graves.
De acordo com a Sespa, os remédios poderão ser ministrados a pacientes com diagnóstico confirmado de Covid-19, no início dos sintomas e após o descarte de doenças, como H1N1 e outras influenzas.
Também poderão receber os remédios pacientes com quadro definido (tosse, falta de ar e outros sintomas característicos) que podem evoluir ou não para o quadro que indiquem internação, além de pessoas que já se encontrem em estado crítico que requeira cuidados intensivos e que necessitem de ventilação mecânica.
“Em todos os contextos, a prescrição cabe ao médico em decisão compartilhada com o paciente (ou familiar) após a explicação sobre a falta de comprovação de qualquer benefício ao tratamento da Covid-19 e dos efeitos colaterais”, alerta a Sespa.

sábado, 25 de abril de 2020

Dormi com um bolsonarista ao meu lado. No pós-Moro, ele chora tanto que entope o celular de muco.


Olhem só como estava linda a manhã de hoje, aqui em Belém.
Nem parece que a cidade vive em tempos de pandemia.
Mangueiras verdejantes. Céu azul. Uma brisazinha meio tépida pra esquentar ainda mais esse calor de 40 graus.
Nada mal.
Até você descobrir que acordou com um bolsonarista encatarrado bem ao seu lado.
O celular, ao meu lado, começou a zunir.
Era um bolsonarista amigo meu, entupindo o Zap de zaps.
Quando quero vê-lo feliz, digo-lhe do meu arrependimento por não ter descoberto há mais tempo que a Terra é plana.
Ou então recomendo-lhe para se manter em casa, porque é do grupo de risco.
- E tem mais – sempre completo. – Tu sabes que já está provado que este Covid-19 tem um viés comunista. Já comprovaram isso na Universidade do Maine.
- Eu sempre te falei isso. Esse vírus é comunista. É coisa de chinês. E outra coisa: Maine não é aquele lugar onde o Zero 2 fritava hambúrguer no frio, enquanto estudava pra ser embaixador?
- Exatamente. O Maine. É esse lugar mesmo.
Ele fica satisfeitíssimo com essas conversas.
Mas sim.
E o que queria o meu amigo bolsonarista, neste sábado tão luminoso?
Queria desabafar. Cheguei a entrever em suas mensagens aquele muco nasal expelido pelos que estão chorando a cântaros.
Entrevi um muco nsal sem cor definida, mas gosmento, horroroso, asqueroso – e ainda mais provindo dos recônditos do meu amigo, coitado, um bolsominion em estado de profunda prostração de ânimo!
- Tu viste? – Ele me pergunta – Ele se foi.
- Mas quem??????????????? – respondi assim mesmo, com um monte de pontos de interrogação e acrescentando aquele monte de figurinhas com cara de espanto.
- Ele se foi. Eu sempre acreditei nele. Era meu ídolo. Um cara inteligente, íntegro, honesto, transparente, corajoso, independente, imparcial. Um patriota. Queria tanto o bem do Brasil!
Eu lá sabia quem era! Nem tinha ideia. Mas tinha certeza de que ele se referia a um santo – puro, imaculado. E que a pessoa havia morrido.
Enquanto lia as mensagens, fica imaginando a comoção chorosa que o dominava e a quantidade do muco nasal (catarro, em português) que jorrava sobre os teclados do celular dele.
- Mas rapaz, quem foi que morreu? – perguntei logo.
- Não. Ninguém morreu, não.
- Então, quem se foi, como me disseste?
- O Moro.
- Ahhhhhhhhhhhhhh – eu respondi, assim meio vagamente, e já querendo encerrar a conversa.
Mas meu amigo minion estava, sinceramente, arrasado, devastado, destroçado. E continuou o papo.
- Como eu já te disse, eu admirava muito o Moro. Mas eu também admiro muito o nosso presidente...
- Ele é um energúmeno – eu atalhei.
- Espera aí, deixa eu te explicar – ele voltou. – Como eu já te disse, não é que o Bolsonaro seja meu ídolo, mas acho que ele está fazendo um bom governo...
- ... é um palerma – atalhei.
- ... não é isso. Tu está sendo muito radical.
- ... radical é o c...
- Peraí. Olha, vê só. Eu reconheço que os filhos são o calcanhar de aquiles do presidente...
- ... são três malucos imbecis, ensandecidos e paranoicos – eu continuei.
- ... Tá, eu sei. Também concordo com isso. Mas o Bolsonaro, é dele que eu quero falar. Mesmo depois da saída do Moro, acho que ele merece um crédito de confiança. Ele não é ladrão, como outros tantos ladrões que já saquearam o País.
- Ah, para com isso. Vou fazer faxina agora. A casa tá uma imundície. E tem duas pessoas me vigiando aqui. Todas duas de olho, pra saber se eu não vou deixar nada de lixo no chão. Toda vez é isso. São quatro olhos em cima de mim. Eu limpo e depois elas, por trás de mim, vão conferir pra ver se eu limpei direito. E sempre encontram mais lixo. É muito tenso!
- Pois é. Aqui em casa também. Mas a questão é que o Bolsonaro...
- Olha deixa eu te dizer – exasperei-me. - Esse maluco é um debochado. Ele tem um rasura de intelecto da espessura de uma folha de papel. E tanto é assim que não consegue sequer ler um texto fluentemente. Tua neta, de seis anos, lê melhor do que ele. Além do mais, é um debochado, um tresloucado e não tem o mínimo apreço pelo cargo que ele exerce.
- Mas não é ladrão – ele retorquiu.
- Bem, quanto a isso, não sei. Mas digamos que não seja. Se não for. Há muitas formas de ser pior ou igual a um ladrão, mesmo não sendo ladrão. Bolsonaro, por exemplo, venera torturadores, venera milicianos, venera ditadores golpistas, é misógino, homofóbico, machista, desequilibrado, paranoico e, ao contrário do que todos vocês bolsonaristas imaginam, ele é um produto genuíno da velha política, que está cheia de ladrões, corruptos e vigaristas.
Depois de uma meia hora, ele voltou com nova mensagem.
- Pois é – disse apenas. – Mas não é ladrão.
- Putz! Sinceramente, vou te dizer: eu prefiro mil ladrões do que um, apenas um Bolsonaro.
Ele, o minion, botou aqueles emojis com carinha de tristeza por causa da minha avaliação. Mas não se deu por vencido.
- Bem, ele pode até ser ladrão. Mas, se roubou, roubou coisas privadas. Nunca roubou o patrimônio público.
- Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk – eu fiz. – Mas como??????????? (de novo com um monte de interrogações inúteis). Então o ladrão que rouba no privado é bem-vindo ao bolsonarismo. Mas o ladrão dos dinheiros público, esse não. É isso?????? (mais interrogações).
Até agora, ele não respondeu.
Deve estar fazendo faxina e limpando muco que empestou o celular.
Eu, felizmente, já acabei a minha. Só estou esperando a avaliação dos quatro olhos vigilantes.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Moro apresenta duas provas que desmentem Bolsonaro, mentiroso compulsivo. Mas ainda deve ter mais 200 para mostrar na hora certa.


Sergio Moro exerceu por mais de 23 anos o cargo de juiz federal.
Em boa parte de sua carreira na magistratura, atuou como juiz criminal.
Esmerou-se, portanto, em saber como bandidos agem, inclusive os da Lava Jato.
Não seria agora que iria fazer acusações tão graves contra a maior autoridade da República sem dispor das provas necessárias para não incorrer, ele próprio, em crimes vários, como os de calúnia e denunciação caluniosa, entre outros.
É de uma ingenuidade atroz imaginar-se, como estão imaginando bolsonaristas ingênuos, mas ensandecidos, que Moro não teria provas das acusações graves, gravíssimas como as que fez a Bolsonaro na manhã desta sexta-feira, ao anunciar sua saída do cargo de ministro da Justiça.
Há pouco, o Jornal Nacional exibiu duas provas enviadas por Sergio Moro.
Uma delas, para reforçar a acusação de que Bolsonaro se mostrava irresignado com investigações da PF sobre deputados bolsonaristas, ainda que Moro lhe explicasse que a Polícia Federal estava agindo por determinação doe ministro do STF Alexandre de Moraes.
A outra prova, para demonstrar que ele, Moro, rechaçou proposta indecorosa da deputado bolsonarista Carla Zambelli, de apoiar uma eventual indicação do então ministro para o Supremo, caso ele permanecesse no Ministério da Justiça e aceitasse a indicação do delegado Alexandre Ramagem para substituir Maurício Valeixo na direção geral da PF.
Essas duas provas, ainda que relevantes e contundentes, são apenas uma preliminar, são apenas um aperitivo do que Moro certamente deve ter, para exibir no momento oportuno e no foro adequado.
Mesmo assim, há bolsonaristas acreditando que Bolsonaro, um mentiroso compulsivo, não mente.
Mesmo assim, há bolsonaristas acreditando que Bolsonaro é uma espécie de vestal intocada da nova política, logo ele, que, sabem todos, é uma cria da velha, velhíssima política.
Mesmo assim, há bolsonaristas se recusando a aceitar o fato de que Bolsonaro, como presidente da República, não tem respeito nem pelo cargo que exerce e muito menos pelo Brasil, que ele desgoverna desde 1º de janeiro de 2019.

Bolsonaro fala da sogra, da avó da mulher, do filho namorador e se credencia a enfrentar um processo de impeachment

De máscara, Guedes acompanha pronunciamento de Bolsonaro

Bolsonaro acaba de fazer pronunciamento num momento capital de seu (des)governo de crises.
Pronuncia-se depois que seu ministro da Justiça, Sérgio Moro, deixou o cargo por não concordar com a demissão do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo.
Desde o início da tarde, Bolsonaro anunciou em seu próprio Twitter que falaria às 17h para, segundo afirmou, restabelecer a verdade em relação à coletiva de Moro, que o acusou do cometimento de vários ilícitos, entre eles o de interferências de natureza política na Polícia Federal.
O que vimos foi um dos discursos mais patéticos que Bolsonaro já pronunciou. E olhem que ele tem sido um personagem verdadeiramente patético, talvez o mais patético entre todos os presidentes que o País já teve.
O presidente falou sobre o filho namorador, sobre o caso Queiroz, sobre a sogra, sobre a avó da mulher, sobre o caso Marielle Franco, sobre cartão de crédito, sobre o caso envolvendo um porteiro em seu condomínio, enfim, sobre uma infinidade de coisas.
Mas, a rigor, não falou coisa com coisa, não ligou lé com cré, não observou a mínima concatenação com o objetivo central do pronunciamento: restabelecer a verdade, contradizendo o que fora dito, pela manhã, por Sergio Moro.
Foi um discurso descoordenado, sem pé nem cabeça, confuso e inacreditavelmente falto de veracidade, quando Bolsonaro disse, por exemplo, que não mente; e logo ele, um incontrolável e incontrolado produtor de fake news, um mentiroso compulsivo.
E o pior: ao invés de desacreditar e descredenciar as acusações de Moro, Bolsonaro acabou confirmando-as, inclusive quando disse que cobrou do então ministro investigações da PF em relação a casos que o envolviam pessoalmente (a ele, presidente), corroborando, assim, as afirmações do ex-ministro de que o presidente tentou interferir, sim, na Polícia Federal.
E agora?
É aguardar os desdobramentos de uma crise política que, esta sim, é definitiva para um governo de crises permanentes, como o de Bolsonaro.
Uma crise que, enfim, pode resultar até mesmo no impeachment do presidente.
Motivos, condutas e crimes não faltam, realmente, para impedi-lo de continuar num cargo para o qual, como ficou visível desde 1º de janeiro de 2019, Bolsonaro não está, nunca esteve e nunca estará preparado para exercê-lo, eis que lhe faltam inteligência, serenidade, senso de liderança e apreço pelo decoro que o cargo de presidente da República merece de quem o exerce.

"Après nous, le déluge". Faltou Moro dizer apenas isso na saída.



Enfim, Sergio Moro está fora do governo Bolsonaro.
Vendo-o falar por 400 minutos, um discurso interminável, com fim inteiramente previsível, lembrei-me muito da célebre sentença de Luís XV: Après nous, le déluge (Depois de mim, o dilúvio).
Segue o jogo.
Esperemos o próximo.

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Confirmação de um caso de Covid-19 em secretaria estadual deixa servidores apavorados


Servidores da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica) estão apavorados desde a tarde desta quinta-feira (23), depois que receberam, por e-mail, um comunicado assinado pela coordenadora de Gestão de Pessoas da Sectet, Rita Simone da Silva Matni.
No e-mail, ela informa que uma servidora da secretaria testou positivo para a Covid1-19, ressaltando que o quadro da pessoa infectada é estável e que ela se encontra em isolamento e recuperação em sua residência.
“Na oportunidade informamos que além das medidas de proteção contidas na Portaria nº 147/2020, de 15.03.2020, publicada no DOE nº 34.185 de 16.04.2020, a Secretaria já está tomando as devidas providências para realizar também a higienização e desinfecção do prédio a fim de preservar a saúde e bem-estar de todos”, complementa o comunicado da coordenadora.
Por que o medo, que já assumiu a sensação de quase desespero, tanto que muitos servidores já nem querem trabalhar? Porque nem o setor em que a infectada atua e muito menos o nome da servidora foram revelados. Se essas informações fossem disponibilizadas, as cautelas seriam certamente redobradas, sobretudo, pelos colegas que tiveram contatos mais recente e mais próximo com a servidora.
Estamos aí, é evidente, diante de um caso que faz sobressair o direito à intimidade e à privacidade que qualquer pessoa tem, quanto a serem observadas severas restrições que recaem sobre a publicidade de questões relacionadas à saúde de cada um.
Mas, em casos específicos e excepcionais, certas questões devem ser sopesadas. Como agora, por exemplo, diante dessa doença altamente contagiosa, cuja letalidade já causou a morte de mais de 50 pessoas em todo o Pará, sendo que 30 delas apenas em Belém.
Num prédio como o da Sectet, onde trabalham cerca de 160 pessoas (entre servidores, estagiários e terceirizados), segundo apurou o Espaço Aberto, dificilmente já não será do conhecimento geral a identidade da pessoa infectada. Não custaria à direção da secretaria, portanto, encontrar uma alternativa que possa conciliar o direito da funcionária doente de ter sua intimidade preservada e o direito que têm os demais servidores, de receber informações mínimas para que possam se prevenir de maneira mais adequada.

Nelson Teich tem atuação patética à frente do Ministério da Saúde


Quem é e o que pensa Nelson Teich, o novo ministro da Saúde ...

Tem sido patética, para dizer o mínimo, a performance de Nelson Teich como ministro da Saúde.
Ele tem sido uma espécie de ministro das platitudes - aquele que todo dia, o dia todo, só diz coisas óbvias, banais, triviais, como se tivesse um repertório fechado de limitadíssimas respostas para mil e uma perguntas que lhe são feitas.
Teich, uma entrevista sim, outra também, repete que faltam informações sobre a Covid-19 para que se possa saber como lidar com ela.
Gente, isso é de uma obviedade solar.
E enquanto não temos as informações, o que ele vai fazer de concreto? Teich não diz.
Há pouco, em entrevista, indagado sobre o aumento recorde de mortes em 24 horas, o ministro disse não saber o motivo.
“Não sabemos se representa um esforço para fechar o diagnóstico ou se é uma linha de tendência de aumento. A gente avalia todo dia”, avaliou, acrescentando que, “se for uma linha de tendência de aumento, os números vão aumentar cada vez mais”.
Hehehe.
Entenderam? Eu não, sinceramente.
Na mesma entrevista, Teich voltou a dizer que “tem que mapear no dia a dia” para definir critérios e estratégias de flexibilização das medidas restritivas. “A gente defende o que é melhor para a sociedade”. Sim, mas e daí? 
Teich é patético.

O dilema de Bolsonaro na queda de braço com Moro

Imagem

Agora pegou.
Ao que se informa, Sergio Moro já teria pedido demissão, inconformado com a iminente troca do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo.
Bolsonaro estaria tentando reverter essa intenção do ministro.
Se recuar da decisão de trocar o comando da PF, como quer, o presidente rende-se ao cacife político de Sergio Moro, que aí já pode pensar, concretamente, em disputar o Planalto em 2022.
Se mantiver a decisão e Moro se demitir mesmo, Bolsonaro ficará apenas com seu Posto Ipiranga, o ministro Paulo Guedes, que, aliás, não tem aparecido nas últimas entrevistas.
Agora uma coisa é certa: mais essa crise, criada por Bolsonaro, como sói acontecer, tem uma grande vantagem.
Entretendo-se com ela, Bolsonaro se esquece de governar.
Esquecendo-se, não atrapalha o combate à Covid-19 e, rapidinho, o País avança 50 anos em 5, como na Era JK.

“Desça do palanque, governador”, diz Zenaldo, em resposta às acusações de Helder Barbalho



O prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho (PSDB), reagiu duramente a uma entrevista em que o governador Helder Barbalho, no momento convalescendo em casa da Covid-19, definiu como crítica a situação do sistema de saúde no estado no Pará, não descartando a possibilidade de Belém seguir o mesmo caminho de Manaus, onde já se observa um colapso no atendimento, não havendo mais leitos hospitalares disponíveis para atender os pacientes com coronavírus. O estado do Pará já tem 91% dos leitos de UTI ocupados.
“Eu não posso descartar essa hipótese de Belém ficar igual a Manaus. Nós estamos num momento muito crítico. Situação gravíssima, principalmente porque temos aqui a falência da porta de entrada, o que acabou por rapidamente agravar a situação das UTIs. As unidades básicas de saúde [municipais] não estão cumprindo com o papel de orientação, fundamentalmente na região metropolitana”, afirma Helder Barbalho, em declarações ao portal da revista Veja.
Em sua edição desta quinta-feira (23), o Diário do Pará, da família do governador, estampa na capa a foto de uma senhora, sogra de um pedreiro que, conforme o texto do jornal, “morreu antes de ser atendido na Unidade administrada pela Prefeitura de Belém”. A manchete da primeira página do jornal, ilustrada pela foto é: “Ele morreu por omissão de socorro”.

“Espalha-ódio”
“Ora, governador, desça do palanque. Vamos parar com esse espalha-ódio permanente. Vamos estabelecer parcerias, nós precisamos ter maturidade e responsabilidade diante do caos”, afirma o prefeito tucano num vídeo veiculado na manhã de hoje, nas redes sociais.
O prefeito cobra Helder em relação aos equipamento públicos sob responsabilidade do estado, inclusive o hospital de campanha montado pelo governo Helder Barbalho no Hangar – Centro de Convenções. “O Hangar precisa estabelecer a ampliação de suas ocupações. Só 12 respiradores lá, não dão conta, governador. O Hospital Santa Clara fechado, o Hospital Santa Terezinha fechado – foram contratados pelo estado, [são] hospitais particulares. A Policlínica, que abre e fecha e não dá atendimento à população”, diz Zenaldo.
O tucano insiste em que são necessárias parcerias entre o estado e o município para minorar a situação em que se encontram hospitais e postos de saúde na Belém e melhor o atendimento a milhares de pessoas que buscam socorro contra a doença. “Vamos parar com esse negócio de só guerra e desconstrução, unindo os seus meios de comunicação que só espalham ódio”, apela Zenaldo.

Caixões, mortos, enterros. Parem com isso e abram o picadeiro. Chamemos Bolsonaro.

O ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo — Foto: Reuters/Ueslei Marcelino 

O Brasil inteiro emplacou, nesta quarta-feira (22), o número de quase 3 mil mortes em decorrência do Covid-19.
O ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) diz o que nós, jornalistas (esta raça conspiracionista, vocês sabem), não devemos fazer.
“Com todo respeito, no jornal da manhã, é caixão, é corpo. Na hora do almoço, é caixão, novamente, e corpo. No jornal da noite, é caixão e corpo, é número de mortes. Eu pergunto a todos: como vocês acham que uma senhora de idade, uma pessoa humilde ou pessoa que sofre de alguma outra enfermidade, ela se sente com esta maciça divulgação de informações negativas? Isso não ajuda. Ninguém aqui está dizendo que tem que esconder”, choramingou o ministro.
Ele não está dizendo que a Imprensa precisa esconder nada?
Ainda bem, ministro.
Então, o que devemos nós, jornalistas, fazer para instilarmos, digamos assim, um pouco de ânimo, de otimismo e relaxamento nesse povo tão sofrido, que está sendo vítima de uma gripezinha que pode ser curada com Melhoral Infantil?
Devemos contar a última do Bolsonaro?
Devemos contar, para divertir o distinto público, sobre o último deboche desse personagem verdadeiramente mitológico que nasceu para provar, com régua e compasso, que a Terra é de uma planura sem fim?
Devemos dizer que até agora morreram apenas 3 mil pessoas?
Devemos incentivar esse bravo povo brasileiro a voltar logo às ruas, entupindo shoppings, porque, afinal de contas, a economia não pode parar?
Devemos dizer que a economia não deve morrer, ainda que morram apenas 3 mil, 10 mil, 30 mil pessoas?
Devemos minimizar o fato de que o sistema de saúde no Brasil está caminhando celeremente rumo ao colapso – e não apenas no Amazonas, mas em vários outros estados, inclusive o Pará?
Se 3 mil mortos – e sempre subindo, subindo, subindo e subindo – já não é uma tragédia para essas excelências que nos governam, o que será tragédia, afinal. Será vermos apenas 300 mil pessoas – mais ou menos?
É isso?

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Médico paraense diz que Covid-19 está envolta numa farsa, que a Imprensa destrói vidas, ataca governadores e proclama: “Este povo tem que sair pra rua”



Todos nós temos todos os motivos para ficar sinceramente apavorados, sobressaltados, escandalizados e aparvalhados com gente que propaga suas verdades com uma serenidade, certeza, convicção, pureza d’alma e limpidez de consciência verdadeiramente comovedoras.
O vídeo acima está circulando intensamente nas redes sociais.
Assistam-no. Urgentemente.
Trata-se da entrevista, no último final de semana, de um médico nascido em Belterra, no oeste do Pará, um hospitaleiro município que, sobretudo para este jornalista, desperta estima e saudade especiais e significativas, eis que tenho parte de minhas raízes familiares fincada por lá.
O médico belterrense Valter Coelho, que exerce sua profissão no estado de Rondônia, destila no vídeo um pouco de sua extrema e notável clarividência – científica, política e humanista. E o faz com uma serenidade, pureza d’alma e limpidez de consciência comoventes. Mas também assustadoras.
Ele diz, por exemplo, que o coronavírus Covid-19 é uma doença criada por ricos, que atende a interesses políticos e ideológicos (com origem no comunismo) e se ancora no que ele avalia como uma grande mentira: a ideia de que a pandemia vai matar todo mundo. “Isso é uma grande mentira. Estamos vivendo uma farsa desgraçada”, afirma o médico. E completa: “Nós precisamos desmoralizar prefeitos e governadores urgente neste País. Este povo tem que sair pra rua, tem que trabalhar.”
Sobrou também para a Imprensa, é claro: “A Imprensa destrói vidas. A Globo destrói reputações”, exaspera-se o médico, que vê como absurdo o jornalismo, em países democráticos, ter no sigilo da fonte uma das garantias primordiais para sua atuação.
Para fechar com chave de ouro essa entrevista, temos um comentário.
De quem? De um jornalista, Everton Leone, que concorda com a essência das assertivas do médico. Leone, aliás, aparece no vídeo com uns 50 livros que estão atrás dele. Devem ser nesses, digamos assim, compêndios que ele se inspirou para corroborar as opiniões de Coelho. Ou não.
O médico Valter Coelho, como todo médico, está a serviço da vida. Certamente, já salvou e ainda salva muitas vidas.
Diante dessas reflexões, no entanto, é preciso salvar sua consciência.
O jornalista Everton Leone é um jornalista que, como todo jornalista, tem compromisso com a verdade. Mas deve, urgentemente, consultar-se com o dr. Coelho para não matá-la.

“Pra onde vocês vão, c...”. Se não podem dizer isso, prefeitos chamam a polícia para garantir o isolamento. O de Santarém já chamou.


À medida que a pandemia do Covid-19 avança em todo lugar, inclusive no Pará, avançam também a insensatez, a desobediência, a indisciplina e a mínima e mais elementar falta de apreço à vida.
O que temos visto nas últimas semanas são cenas pavorosas de pessoas que, ao desrespeitarem o isolamento recomendado por especialistas do mundo inteiro e pelo próprio Ministério da Saúde, acabam cometendo um crime contra a saúde pública e contra a própria vida, como é o caso dos pacientes que, mesmo infectados, não seguem as prescrições médicas.
Na última segunda-feira (20), o Espaço Aberto revelou que o agente prisional Márcio Pinto da Silva, 46 anos, morreu em Santarém sob suspeita de ter contraído a Covid-19 e depois de ter, reiteradamente, descumprido recomendações médicas para que permanecesse em completo repouso em casa, inclusive porque, asmático, ele era um paciente de risco. Mas o monitoramento das equipes de Saúde constatou que o servidor saía frequentemente e chegou a frequentar até a casa da mãe, no bairro do Mapiri.
Nesta quarta-feira (22), o Portal OESTADONET informa que a Prefeitura de Santarém formalizou pedido de força policial para ajudar as autoridades de Saúde do município a garantir que os pacientes monitorados por técnicos cumpram as orientações de isolamento domiciliar. Ou seja: que se aquietem em casa e não ponham a cara nem na janela, se possível.
Segundo o jornal, o uso da força policial se faz necessário pelos casos crescentes de pacientes que não têm colaborado com a atualização do quadro e nem obedecido ao isolamento. Como lembra o jornal, comete crimes contra a saúde pública quem se recusa a ficar em isolamento ou quarentena, quando determinado pelas autoridades competentes.

“Pra onde vocês vão, c...”
Para os que acham que convocar a puliça numa hora dessas, para auxiliar numa situação que a rigor decorre de providências a encargo de médicos, seria algo assim como uma agressão a alegados direitos individuais, então o Espaço Aberto faz um convite: mirem-se no exemplo dos italianos. E vejam como eles fizeram.
Correu mundo, no final de março, imagens do prefeito de Messina, na região da Sicília, a ilha situada bem ao sul da bota italiana. Lá, o prefeito Cateno De Luca criou medida bastante inusitada para controlar moradores como os de Santarém, de Belém, do Brasil e de tantos países do mundo, que resistem ao isolamento.
De Luca, simplesmente, usou um drone com um alto-falante para mandar os desobedientes de volta para suas casas. “Não posso formalmente obrigá-lo a ficar em casa? Bem, então eu o proíbo de transitar em ruas públicas”, justificou o prefeito, misturando palavras de ordem e palavrões à moda italiana. “Pra onde vai, c…”, esbraveja o prefeito, com seu drone voando atrás dos moradores.
Assistam ao vídeo.
Prefeitos brasileiros têm motivos de sobra para, com drones ou em cima de trios elétricos, saírem pelas cidades gritando a quem estiver nas ruas, desobedecendo à quarentena: “Pra onde vocês vão, c...”.
Mas aí será um escândalo, não é?
Pois é.
Então, convoque-se a puliça.
Como está fazendo a Prefeitura de Santarém.