sexta-feira, 29 de julho de 2016

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Na praça, a mulher nua, a exclusão e o constrangimento



É assim, meus caros.
Na Belém de perdidas memórias, jogar pedra em mangueiras - de preferência naquelas mais frondosas, com galhadas ondulando ao vento nos quintais -, conversar em cadeiras dispostas nas calçadas à porta das casas, em fins de tarde, e esquivar-se das rapidíssimas, mas diárias, chuvas compõem cenas que ficaram no nosso imaginário. Seja no imaginário dos que viveram essas épocas, seja no imaginário eternizado em páginas ternas como as de Eneida, por exemplo.
Hoje, as cenas de Belém traduzem uma cidade acossada por violências sem fim e por vieses humanos que retratam de forma trágica o abismo e as carências sociais que se expõem em todo lugar, inclusive e principalmente em praças públicas, transformadas literalmente em latrinas a céu aberto, para uso reservado -mas nem tanto - de moradores de rua.
Leitora do Espaço Aberto narrou, pelo WhatsApp, cena constrangedora que ela enfrentou nesta quinta-feira (28). Um constrangimento agravado pelo fato de estar com o filho, uma criança de apenas 4 anos de idade, e de uma sobrinha de 14 anos, acompanhada de amiga, também adolescente, mineira de Belo Horizonte.
O carro em que se encontravam parou num sinal, atrás do prédio da Companhia Docas do Pará (CDP), na Praça Waldemar Henrique, mais ou menos aí, como aparece na imagem do Google Maps. Eis que o olhar, ou melhor, os quatro olhares - da leitora e de seus três acompanhantes - dirigiram-se para um mulher completamente nua, que fazia totô em plena praça, às 16h, sob o olhar entre complacente e indiferente de dezenas de pessoas, que caminhavam às proximidades e não esboçavam qualquer reação, como se aquilo fosse a coisa mais natural, mais banal, mais corriqueira do mundo. E será que não é mesmo, para quem transita habitualmente por ali?
A leitora diz não ter certeza se a mulher era mendiga; e se era, também não pôde saber se ela sofre de alguma doença mental. É bem provável que sim, porque a Praça Waldemar Henrique, juntamente com a Praça da República, está entre os logradouros centrais de Belém mais preferidos pelos moradores de rua.
A Universidade Federal do Pará (UFPA), em pesquisa do ano passado, apurou que existem mais de 500 moradores de rua na Região Metropolitana de Belém. Em 2014, outro levantamento apontara que 583 pessoas moravam nas ruas de Belém e Ananindeua. A maior parte dessa população tinha entre 18 e 29 anos. E mais de 80% das pessoas pesquisadas queriam deixar as ruas.
Mas por que não deixam as ruas, se querem deixá-las? Porque muitos não têm para onde ir, são dependentes químicos em poucas condições de desenvolver alguma atividade produtiva e já perderam qualquer referência familiar.
Caberia uma ação permanente de assistência social, mas o Poder Público, é claro, não pode chegar ao ponto de sustentar integralmente esse contingente todo. E não raro muitos dos que vão para abrigos retornam às ruas depois de pouco tempo.
Compreender esse drama social em toda a sua extensão talvez não seja suficiente, porém, para reduzir o impacto e o constrangimento naturais de quem - sobretudo se são crianças ou adolescentes - vê cenas como a da mulher nua, fazendo suas necessidades fisiológicas no meio de uma praça das mais movimentadas da cidade, à plena luz do dia, numa quinta-feira.
Porque as praças de Belém também já deixaram há muito de ser recantos de lazer e se transformaram em refúgios de excluídos.

Há 126 anos, a genialidade de Van Gogh se eternizou



Auvers-sur-Oise: a 30 quilômetros de Paris, a cidade em que Vicent Van Gogh
viveu seus últimos 70 dias de vida
O Auberge Ravoux, a pensão onde Van Gogh passou seus últimos 70 dias. Na parte superior,
ficava o quarto do pintor, de apenas 5 metros quadrados. 
No cemitério, os túmulos de Van Gogh e do irmão Théo: plantas, em vez de mármore

A igreja de Auvers-sur-Oise e a réplica de uma das obras de Van Gogh que a retratou
O prédio da prefeitura da cidade, também retratada em uma das obras de Van Gogh
Há 126 anos, exatamente num dia 29 de julho, Vincent Van Gogh morria com apenas 37 anos em Auvers-sur-Oise, uma cidade linda - pequena, tranquila, plácida e colorida -, situada a cerca de 30 quilômetros ao norte de Paris.
Para quem, como o repórter, tem a genialidade de Van Gogh como uma referência maior, nuclear e primordial entre os pós-impressionistas, ir à França sem, algum dia, visitar a cidade onde o artista viveu seus últimos 70 dias de vida seria desperdiçar uma chance única de ingressar no cenário que o inebriou e lhe serviu de inspiração para pintar seus últimos 80 quadros.
Pois os 126 anos da morte de Van Gogh fez o repórter lembrar-se da visita de algumas horas a Auvers-sur-Oise, em maio de 2012. Uma visita que rendeu a postagem intitulada Em Auvers, a vida vicejante de Van Gogh.
O blog escreveu então, quando se referiu ao pequeno cemitério onde o corpo do pintor descansa ao lado do corpo de Théo, seu irmão:

Suas sepulturas destoam de todas as outras.
Sãos as únicas que não têm túmulos de mármore, mas plantas.
Por perto, sempre fica um regador. É comovente como os visitantes, por impulso natural, regularmente regam as plantas que se mantêm sempre verdejantes na sepultura de Van Gogh e do irmão.
E como se a vida ainda pulsasse ali, vicejante como as plantas que adornam o local onde ambos foram sepultados.

Sim.
Em verdade, é Auvers-sur-Oise inteira que pulsa na sua placidez, vicejante como as plantas que emolduram a memória de Van Gogh.
No Auberge Ravoux, a pensão onde ele residiu, seu quarto, de um despojamento comovente,  ainda está perfeitamente preservado. Não tinha mais de 5 metros quadrados, mas ali era uma parte do mundo de Van Gogh.
As igrejas, os cenários, as áreas verdes, muito que você vê nas ruas de Auvers está retratado em réplicas de obras do pintor, afixadas às proximidades.
Nesta postagem, estão algumas fotos que o repórter fez durante a rápida visita a Auvers. E quem quiser, tanto pode assistir ao vídeo aí embaixo, com imagens também do blog.

Se você gostar de Van Gogh e for à França, não deixe de ir lá.

É pra combater corruptos? "Vamo nessa".

Vejam.
Vejam e leiam.
Leiam o que o Espaço Aberto escreveu no Instagram e assistam ao vídeo.
Confirme-se tudo o que está escrito.
E reforce-se que é bem-vinda qualquer manifestação contra corruptos: mas que não haja, digamos assim, nenhum selecionamento (hehe).
Desde que as manifestam incluem todos os corruptos, vamo nessa!
Tim-tim!


Bunge vende 50% de dois terminais de grãos no Pará para brasileira Amaggi


Do UOL

A multinacional do agronegócio Bunge fechou acordo para vender 50 por cento dos terminais de grãos que construiu recentemente em Miritituba e em Barcarena, no Pará, para o grupo brasileiro de produção e exportação de grãos Amaggi, segundo comunicado divulgado pela Bunge nesta terça-feira.
As empresas não revelaram os valores envolvidos no negócio, mas destacaram que a transação está sujeita à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Os dois terminais, inaugurados pela Bunge em 2014, foram o primeiro binário a operar na promissora rota de escoamento de grãos ligando o distrito de Miritituba, no município de Itaituba, às margens do Rio Tapajós, até o porto de Barcarena, na região metropolitana de Belém.
Os grãos produzidos principalmente em Mato Grosso chegam a Miritituba pela BR-163, são carregados em barcaças, seguem para Barcarena e são finalmente colocados em navios com destino à exportação.
Bunge e Amaggi já atuam em conjunto na região por meio de uma joint venture chamada Unitapajós, que opera uma frota de 90 barcaças e movimenta 3,5 milhões de toneladas anualmente.
"Esta operação está totalmente alinhada com a estratégia da Bunge de otimizar seus ativos e buscar parcerias estratégicas para capturar oportunidades de crescimento", disse em nota o presidente da Bunge no Brasil, Raul Padilla.

As empresas destacaram, no comunicado, que a "parceria entre as duas empresas não muda as atividades comerciais, nem a operação de escoamento de grãos".

O que ele disse


"Há sempre desafios para superar antes dos Jogos. Eu vi bom progresso nos últimos meses. Nós sabemos que os brasileiros gostam de terminar as coisas no último segundo."

Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional, criticando a atávica mania do brasileiro de deixar tudo pra cima da hora (Foto de Ivan Alvarado/AFP).

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Eduardo Paes é o cara. Ele já está em todos os pódios.


Eduardo Paes.
Ele é o cara - para o bem ou para o mal.
Pelo bem ou pelo mal, suas polêmicas o projetaram.
Todos não passamos quase nem um dia sem falar - bem ou mal - de Eduardo Paes.
Se há um sujeito que já está em todos os pódios, esse é o prefeito do Rio de Janeiro.
Boquirroto.
Indiscreto.
Falastrão.
Irreverente.
Mal educado.
Sincero.
Objetivo.
Politicamente incorreto.
Operoso.
Pragmático.
Inconsequente.
Realizador.
Pra você aí, que ainda tem mais adjetivos, que ainda tem mais qualificações para Eduardo Paes, acrescente-os à vontade.
Nessa sua performance de altos e baixos, de ciclotimias repetidas neste período pré-olimpíada, o prefeito do Rio tem sido uma das vozes do Brasil, senão a principal voz, até agora. Pelo fato evidente de que governa a cidade anfitriã.
Nessa condição, o prefeito às vezes nos envergonha, quando faz suas gracinhas sem graça; outras vezes nos surpreende positivamente, quando não tenta esconder nossas mazelas, que outros tenderiam a colocadas para baixo do tapete.
Eduardo Paes, até agora, parece estar no lucro em termos de dividendos políticos.
Mas a extensão do lucro, isso só poderá ser aferido nas eleições de outubro, com a performance de seu candidato à prefeitura carioca, o secretário executivo Pedro Paulo.
Aquele que bateu em mulher, como vocês sabem.
Hehe.
Até em suas escolhas Eduardo Paes é polêmico.
Também é polêmico quando o assunto não são Olimpíadas, como na conversinha com o ex-presidente Lula.
Relembrem no vídeo.

Em Salinas, moradores estão sinalizando ruas na munheca



Alvíssaras.
Salinas à frente de seu tempo.
Olhem as fotos.
Foram feitas pelo leitor do Espaço Aberto Jorge Bastos.
Reparem no que fizeram moradores dessa rua.
Na munheca, sinalizaram a via, ora bolas.
Artesanalmente, improvisadamente, fizeram o que o Poder Público não faz - nem em Salinas, nem em Belém e muito menos em trocentos mil municípios brasileiros.
A sinalização de vias públicas no Brasil é uma tragédia, vocês sabem.
No caso do Pará, não existe nem mesmo em recantos turísticos, como é Salinas, que atrai a cada mês de julho milhares de pessoas, inclusive de outros Estados.
E como esse povo todo vai se orientar pelas ruas da cidade?
Falem com os moradores de Salinas que eles sabem fazer.
Na munheca, mas sabem.

WhatsApp age com desdém em relação às leis brasileiras, diz leitor


De leitor do Espaço Aberto, sobre a postagem Ulalá! É possível quebrar a criptografia do WhatsApp.:

Lamentável que alguém, que pelo comentário tem o mínimo conhecimento do Direito, escreva em favor de uma empresa que desrespeita a lei nacional. Me parece que a maior preocupação é mesmo ficar sem o seu programa de bate-papo. Pouco importam as investigações prejudicadas ou o desdém da empresa.
O WhatsApp não tem escritório no Brasil. Ao contrário das operadoras de telefonia, o Facebook, se não pagar multa, não tem muito o que ser penhorado.
Nunca parou pra pensar que tantos juízes e desembargadores suspendem o WhatsApp por algum motivo plausível? Em outros países eles cumprem a lei, só aqui é que se acham donos da razão. Uma pena que a maioria da população ou desconheça as leis ou prefira não ficar sem seu programinha em nome da segurança pública.
Tomara que nunca sejam vítimas de crimes praticados via WhatsApp.

Membros do MPF reúnem-se com presidente da comissão que analisa medidas contra corrupção


Procuradores da República que atuam no Pará estiveram reunidos em Belém nesta quarta-feira, 27 de julho, com o deputado federal Joaquim Passarinho, presidente da comissão especial que analisa na Câmara dos Deputados o projeto de lei das 10 Medidas Contra a Corrupção. Foram discutidos os próximos passos da tramitação do projeto na Câmara e formas de garantir que a proposta seja votada ainda este ano.
As propostas de alterações legislativas, que conquistaram o apoio de mais de 2 milhões de eleitores, visam aprimorar a legislação brasileira. Busca-se, entre outros ajustes, a criminalização do enriquecimento ilícito; aumento das penas e crime hediondo para corrupção de altos valores; celeridade nas ações de improbidade administrativa; reforma no sistema de prescrição penal; responsabilização dos partidos políticos e criminalização do caixa 2.
Os membros do MPF participantes da reunião em Belém com Joaquim Passarinho destacaram a importância de que a vontade da população seja ouvida pelos parlamentares, e colocaram-se à disposição para auxiliar a comissão especial na busca de soluções para rápida tramitação e aprovação do projeto de lei 4850/2016, que reúne as medidas.
Na semana passada o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, informou a representantes do MPF, do Judiciário e de entidades da sociedade civil que o dia 9 de dezembro (Dia Internacional Contra a Corrupção) será um marco na tramitação do projeto de lei. O objetivo é fazer com que a proposta seja votada pela Câmara dos Deputados na data.
Esta semana a Câmara divulgou que o relator da comissão especial, deputado federal Onyx Lorenzoni, confirmou que no dia 4 de agosto o colegiado vai ouvir o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos em primeira instância decorrentes da operação Lava Jato.
Lorenzoni e Passarinho estiveram com o juiz esta semana em Curitiba (PR). Os deputados também se encontraram com integrantes da força-tarefa do MPF para operação Lava Jato. O coordenador da força-tarefa, o procurador da República Deltan Dallagnol, deve participar de audiência pública no colegiado no dia 9 de agosto, informa a Câmara.

Fonte: Assessoria de Imprensa do MPF no Pará

Juízes federais promovem ato contra mudanças na lei de Abuso de Autoridade


Juízes federais, juízes estaduais, procuradores da república, promotores públicos, procuradores de justiça, delegados da Polícia Federal e estadual e servidores públicos realizam ato, nesta quinta-feira (28), contra o projeto de lei do senador Renan Calheiros que altera a Lei de Abuso de Autoridade (PLS 280/2016) para dificultar operações de combate à corrupção, como a Lava Jato e a Zelotes.
Organizada pela Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), pela Associação Paranaense dos Juízes Federais (Apajufe), pela Associação Paranaense do Ministério Público (APMP) e pela Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar), com o apoio de diversas outras entidades, a manifestação terá início às 15 horas, na sede da Justiça Federal, na Avenida Anita Garibaldi, 888, no Bairro Ahú, em Curitiba/PR.
Para a Ajufe, vários dispositivos do projeto de lei do Senado Federal abrem a possibilidade de punição ao juiz pelo simples fato de interpretar a lei – o que atinge diretamente a independência e criminaliza a atividade judicial.
No entendimento da Ajufe, o PLS 280/2016 tem o objetivo de intimidar juízes, desembargadores e ministros, além de outras autoridades, na aplicação da lei penal, sobretudo em casos de corrupção que envolvam criminosos poderosos, políticos, empresários e ocupantes de cargos públicos.
“Sem um Judiciário independente os juízes não podem fazer seu trabalho e ficarão à mercê de poderosos, verdadeiros alvos dessas operações”, afirma o presidente da Ajufe, Roberto Veloso.
A mobilização conta com o apoio da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB), da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), da Associação Nacional dos Auditores de Controle Externo dos Tribunais de Conta do Brasil (ANTC), da Associação dos Magistrados do Trabalho da 9ª Região (AMATRA IX) e da Associação Nacional do Ministério Público Militar (ANMPM).

Petição Online
Paralela à mobilização, a Ajufe mantém uma petição online no domínio Avaaz contra o projeto de lei. Até o dia 26 de julho, mais de 70 mil pessoas já assinaram a petição. O abaixo assinado pode ser acessado no link abaixo:


Vitória no Sul leva o Flu à próxima fase da Copa do Brasil

Flu avança na Copa do Brasil.
Venceu o Ypiranga por 2 a 0, na noite desta quarta-feira (27), em Erechim (RS).
Confira os gols.


O que ele disse

"Fala-se tanto de segurança, mas a palavra verdadeira é guerra. O mundo está em guerra porque perdeu a paz. Quando falo de guerra, falo de uma guerra de interesses, de dinheiro, de recursos, não de religiões. Todas as religiões querem a paz."

Papa Francisco, em entrevista na Polônia, um dia depois do indescritivelmente horrível assassinato do padre Jacques Hame, 86 anos, degolado por terrorista dentro de uma igreja em Saint-Etienne-du-Rouvray, no norte da França.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

A crueldade sufoca nossa humanidade. Somos homens?


Em Niterói (RJ), morreu na sexta-feira (22) Michelle Ferreira. Ela passou meses internada após ter sofrido espancamentos ao reagir a uma cantada.
Thaysa Vilas Boas, 22 anos, continua internada em estado gravíssimo em Umuarama (PR). Grávida de sete meses, ela levou um tiro na cabeça no dia 11 de julho. O bebê morreu três dias depois.
Em Saint-Etienne-du-Rouvray, na Normandia, o padre Jacques Hamel, 84 anos, foi degolado após dois homens armados com uma faca ao invadirem a paróquia em que trabalhava, nesta terça-feira (26).
Em Bagdá, capital do Iraque, mas de 120 pessoas morreram quando um caminhão-bomba explodiu perto de um local de grande concentração.
Na região central do Rio, Cristiane de Souza Andrade foi morta na frente da filha de sete anos com  duas facadas no pescoço, após dizer ao bandido que não tinha dinheiro.
Em Nice, mais de 80 pessoas foram atropeladas e mortas por um caminhão, em atentado ocorrido no dia 4 de julho.
Em Mosqueiro, distrito de Belém, o assessor parlamentar Fábio Wellington Pereira Pires foi executado durante assalto à sua casa de veraneio, na sexta-feira (22). Havia três famílias na residência - cerca de 10 pessoas, entre adultos e crianças. Quando estavam saindo, eles atiraram no dono da casa, que foi atingido na cabeça e morreu na hora.
Abram a internet. Leiam aleatoriamente. E fartem-se com atrocidades sem fim, com horrores que ceifam vidas individualmente ou coletivamente, em atentados terroristas ou não.
Abram a internet. Leiam aleatoriamente. Descubram ocorrências em Belém, no Brasil, na França, no mundo inteiro. Todo dia, o dia todo.
É isto um homem? - você deve se perguntar.
Quem faz isso é humano?
Leio tudo isso. Aleatoriamente.
Lembro-me de Primo Levi (ao lado), o escritor italiano que logrou escapar com vida do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia.
Ele escreveu obras fantásticas - ora depoimentos, ora ensaios sobre os horrores da guerra.
Uma de suas obras, talvez a mais pungente, pulsante, densa, inquietante e trágica tem, justamente, o título de "É isto um homem?".
Levi narra atrocidades inacreditáveis que ele viveu, que ele viu, sentiu e testemunhou quando era um häftlinge em Auschwitz.
Primo Levi expõe a degradação do ser humano.
Revela os limites - não se sabe se mais baixos ou mais altos - a que pode chegar a bestialidade humana.
O livro é curto. O que o repórter leu está aí na imagem.
Quando cheguei à metade, comecei a perguntar-me: homens são capazes de fazer isso?
"Os personagens destas páginas", responde Primo Levi, "não são homens. A sua humanidade ficou sufocada. Ou eles mesmos a sufocaram, sob a ofensa padecida ou infligida a outros. Os SS maus e brutos, os Kapos (feitores, comandantes dos campos), os políticos, os criminosos, o 'proeminentes' grande e pequenos, até os Häftlinge indiscriminados e escravos, todos os degraus da hierarquia insensata determinada pelos alemães estão, paradoxalmente, juntos numa única íntima desolação."
Isso foi durante a II Guerra.
Voltemos ao agora.
Voltemos a Niterói, ao centro do Rio, a Bagdá, a Mosqueiro, a Belém, às francesas Saint-Etienne-du-Rouvray e Nice.
Voltemos a essas barbáries cotidianas.
Os personagens destas histórias com que nos deparamos todo dia, o dia todo parecem ter perdido a condição de humanos. Nossa humanidade parece estar cada vez mais sufocada. Assassinos cruéis nos coisificam. É possível que nós próprios nos vejamos como meros objetos da crueldade, como os häftlinge pareciam sentir-se diante dos kapos que os castigavam e os deixavam morrer em meio a vômitos, a fezes e ao desprezo, todos desfigurados, descarnados, escalpelados em sua honra.
É isto um homem? - perguntava Primo Levi naqueles anos 1940.
É isto um homem? perguntamos ainda agora, quase 80 anos depois.

Em vez da vida, a selfie é que vale mais. Vale tudo!

Olhem só!
Isso é inacreditável.
Vocês sabem daquele velho dilema, né?
O dilema é o seguinte.
Jornalista, sozinho, com uma câmera fotográfica, está numa ponte e vê aproximar-se um suicida, que sobe na balaustrada para se atirar.
O que faz o jornalista: fica esperando o momento em que o cara vai se atirar, para fazer um registro que pode ganhar o mundo pela instantaneidade, ou tenta dissuadir o sujeito da pretensão de acabar com a própria vida?
Respondam rápido vocês aí, coleguinhas, se forem capazes.
Pois é.
Esse dilema seria resolvido num átimo, num abrir e fechar d'olhos por esse cidadão aí embaixo, caso ele fosse jornalista.
Ele prefere a instantaneidade, a exibição, os seus 15 minutos de fama a salvar a vida de uma pessoa ou mesmo miniminizar-lhe os padecimentos.
Tudo por uma selfie.
É inacreditável!


Recalques, intolerâncias e desumanidades nas redes sociais

Vejam só.
Leiam esse libelo de Preta Gil.
E vejam como é um engano, um erro, um equívoco, uma ilusão considerarmos este nosso o País da concórdia, da paz e da tolerância.
Leiam a covardia, a intolerância e o preconceito que ela relata e digam se podemos tolerar coisas que tais.
Vejam esse relato e constatem uma vez mais que essas redes sociais se transformaram, para muita gente, num aríete que impulsiona recalques e desumanidades cruéis, atrozes e injustificadas.
Que coisa!

Um olhar pela lente

Para começar esta quarta-feira, olhem só.
Olhem só essas obras-primas.
Da Natureza e de Luiz Braga.

Uma foto publicada por luizbraga (@luizbraga) em



O que ele disse


“Eu tenho amigos, tenho família, por que não posso ir para a balada? Eu posso, eu vou, e não vejo problema nenhum, é minha vida particular. Dentro de campo eu sempre me entrego, tento fazer meu melhor, acabo errando, como errei muitas vezes e ainda vou errar. É normal para um ser humano. Estou aprendendo cada vez mais com meninos mais novos do que eu.”
Neymar, atacante da seleção brasileira, ao ser perguntado por jornalista sobre o seu nível de comprometimento com a seleção brasileira.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Disputa ficará entre Edmilson, Éder Mauro e Zenaldo


Eles estão chegando.
Carlos Maneschy já foi escolhido para disputar a Prefeitura de Belém pelo PMDB.
O PSDB vai de Zenaldo Coutinho para tentar a reeleição e cacifar-se, quem sabe, para disputar o governo do Estado em 2018.
O PSOL deve lançar o deputado federal Edmilson Rodrigues (na foto), que já governou Belém por duas vezes e em 2012 foi derrotado por Zenaldo.
E o PSD vai disputar a prefeitura com o Deputado Delegado Éder Mauro.
Político experiente, que já disputou cargos majoritários, da os seus palpites para o Espaço Aberto, antes mesmo de iniciar-se a campanha e antecipando-se às alianças que ainda haverão de ser formadas.
A eleição, acha ele, ficará polarizada entre Éder Mauro e Edmilson. E Zenaldo deve entrar no bolo para "desidratar o delegado", nas expressões do analista.
"Minha previsão: Edmilson no segundo turno, enquanto delegado e Zenaldo vão se bater até o final, para ver quem vai o segundo turno", acrescenta ele.
- E Maneschy? - indaga o blog.
- Será o fona - responde na bucha o palpiteiro.
Confiramos, pois.

Você quer buracos? Escolha o seu na praça Batista Campos.






Vocês querem buracos?
Deem um bordo na Praça Batista Campos.
Essas fotos aí foram feitas pelo Espaço Aberto no último sábado.
Os quatro calçadões, sobretudo os que margeiam a Tamoios e a Serzedelo, têm buracos de todos os tamanhos e de todas as profundidades, expondo a sérios riscos de quedas sobretudo os idosos que caminham por lá.
Parece que a prefeitura já desistiu mesmo de calafetar essa buraqueira toda.
É que esse trabalho, de fato, tem se revelado inútil, porque os buracos reaparecem pouco tempo depois que as calçadas sofrem os reparos.
É uma pena que a praça, uma das mais aprazíveis da cidade, esteja tão deteriorada.

Investigações não podem punir todos os usuários de um serviço


De leitor do Espaço Aberto, sobre a postagem Ulalá! É possível quebrar a criptografia do WhatsApp:

Exatamente: multa o Facebook, e pronto. A questão não é se o WhatsApp tem acesso ao não às informações dos usuários(e deve ter), mas se é adequado e de direito que os efeitos das medidas judiciais recaiam sobre terceiros, pondo-se o direito de investigação do Estado acima dos direitos constitucionais dos cidadãos, prejudicando ampla maioria de usuários, incluindo o próprio Judiciário, uma vez que passou a existir a possibilidade de intimações via aplicativo pelo Novo CPC.
Basta pensar numa operadora de telefonia que se nega a prestar informações ao Judiciário (suspende o serviço no país inteiro?) Ou seja, tem de ser contra o fornecedor do serviço (multa e outras medidas restritivas de direitos aos seus diretores), jamais de forma tão ampla, atingindo os usuários erga omnes.

"Um lugar lindo e muito especial"

Meno male.
Se nós mesmos não conseguimos promover o nosso turismo na proporção das grandezas e pecualiariedades de nossas belezes, outros se encarregam, felizmente, de dar uma forcinha.
Como Ivete Sangalo, por exemplo.
Em seu perfil no Instagram, a cantora baiana de uma canja e tanto para o Hotel Fazenda Vitória, em Tracuateua.
A postagem já tem mais de 140 mil curtidas.
O Pará agradece.
E o Hotel Fazenda Vitória, então, nem se fala.


MPF recomenda à Adepará disponibilização de dados ao Ibama


O Ministério Público Federal no Pará (MPF/PA) encaminhou na semana passada à Agência Estadual de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) recomendação para que a autarquia estadual disponibilize ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por prazo indeterminado, acesso a todas as informações necessárias à fiscalização ambiental.
O acesso do Ibama aos dados sob responsabilidade da Adepará é necessário para a continuidade de investigações que já detectaram evidências da existência de criações de gado em áreas embargadas e ilegalmente utilizadas pela família Junqueira Vilela, acusada de chefiar o maior esquema de desmatamento da Amazônia já detectado. O esquema foi desmontado em junho pela operação Rios Voadores.
Dentre as informações sob responsabilidade da Adepará que o MPF/PA recomendou serem oferecidas ao Ibama estão as Guias de Transporte Animal (GTAs) de todos os municípios paraenses, cópias dos contratos de arrendamento e de compra e venda de fazendas arquivados nos escritórios da Adepará em todo o Estado, dados de fluxos de GTAs entre imóveis rurais e compradores de gado para corte/abate e exportação de gado, e acesso integral ao Sistema de Integração Agropecuária (Siapec).
Assim que receber o documento, a Adepará terá 15 dias para apresentar resposta sobre a recomendação. Em caso de não atendimento ou de apresentação de resposta considerada insuficiente, o MPF/PA pode tomar outras medidas que considerar necessárias, incluindo o ajuizamento de ações.

Recomendação ao Ibama
Também na semana passada o MPF/PA encaminhou recomendação ao Ibama para que a autarquia federal abra processo administrativo para investigar a regularidade ambiental de edificações nas áreas ilegalmente desmatadas pela organização criminosa dos Junqueira Vilela.
Na recomendação ao Ibama, o MPF/PA destaca que a legislação determina a demolição de edificações (sedes de fazendas, currais, cercas, entre outras) construídas sem licença em áreas ambientalmente protegidas.
Transações comerciais – Ainda como parte das investigações do caso Rios Voadores, também na semana passada o MPF/PA determinou o envio de ofícios ao grupo JBS, o maior processador de carne bovina do mundo, à Amaggi Exportação e Importação, uma das maiores companhias de compra e venda de grãos do país, e aos dirigentes do grupo Bom Futuro – outro líder no agronegócio – Elusmar Maggi Scheffer e Eraí Maggi Scheffer.
Pelos documentos o MPF/PA requer informações sobre transações comerciais entre as empresas e integrantes da família Junqueira Vilela.
As investigações identificaram que entre 2012 e 2015 a Amaggi Exportação e Importação e os empresários Elusmar Maggi Scheffer e Eraí Maggi Scheffer transferiram R$ 10 milhões para Antônio José Junqueira Vilela Filho, conhecido como AJ ou Jotinha, e para um cunhado de AJ, Ricardo Caldeira Viacava.
No mesmo período, pela JBS foram transferidos R$ 7,4 milhões a AJ e a uma irmã de AJ, Ana Paula Junqueira Vilela Carneiro.
O MPF/PA quer saber o motivo desses pagamentos e a origem e o destino dos bens comercializados. Caso o dinheiro seja referente a comércio de grãos e animais vindos de áreas desmatadas ilegalmente, as empresas podem ser responsabilizadas pelo crime ambiental na companhia do grupo pego pela operação Rios Voadores.

Rios Voadores
Realizada em 30 de junho deste ano pelo MPF/PA, Polícia Federal, Receita Federal e Ibama, a operação desmontou organização criminosa que criou técnica especial para a conversão rápida de florestas em latifúndios, utilizando metodologia científica, mão de obra escrava e uma série de fraudes documentais.
O sistema movimentou R$ 1,9 bilhão entre 2012 e 2015 e destruiu 300 km quadrados de florestas em Altamira, no Pará, área equivalente ao território de municípios como Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG) ou Recife (PE). O prejuízo ambiental foi de R$ 420 milhões.
Por essas e outras irregularidades, Jotinha figura hoje como o infrator que recebeu multas de maior valor já aplicadas pelo Ibama na Amazônia (R$ 120 milhões em dez autos de infração), e que é responsável pela maior área já embargada pela autarquia na região (300 km quadrados).

Isoca, suas habilidades e a nossa casa em Santarém

Por Vicente Malheiros da Fonseca

Wilson Fonseca (Maestro Isoca) não era apenas escritor, pesquisador, poeta, pianista, organista, maestro, compositor, historiador, memorialista, folclorista, professor, bancário e executante de diversos outros instrumentos musicais (como triângulo, violino, contrabaixo de cordas, bateria, banjo-tenor, requinta, clarinete, saxofone-alto).
Mais do que o homem dos sete instrumentos, ele tinha várias outras habilidades.
A exemplo do grande compositor J. S. Bach (1685-1750), Isoca também era uma espécie de “luthier”, pois além de tocar piano, afinava e consertava o instrumento (Bach era organista e não alcançou a época do piano).
Como se sabe, o piano tradicional tem 88 teclas (brancas e pretas), mas cada martelo, movido por cada tecla tocada pelo pianista, percute três cordas (finas) com idêntica afinação, nas notas agudas e boa parte das médias; na parte um pouco mais grave, duas cordas (médias); e nos graves, uma corda (as grossas ou os “bordões”). Dentro do piano existe uma espécie de harpa, embora com quantidade maior de cordas, pois algumas são triplicadas ou duplicadas, a fim de permitir melhor qualidade do som. Daí o nome original do instrumento: piano-forte. E ainda tem os pedais para imprimir a dinâmica exigida pela música.
Isso significa que o afinador de piano tem o trabalho quase triplicado de temperar cada nota do instrumento. A afinação demora horas e, às vezes, mais de um dia...
Em nossa casa há dois pianos.
O mais antigo é da marca Ritmüller-Göttingen, fabricado na Alemanha, em 11 de março de 1910 (mesmo dia e mês de meu nascimento, em 1948). O instrumento é mais "velho" do que o próprio Isoca, nascido em 1912, que o adquiriu de segunda mão. Seu móvel tem a cor preta.
E outro piano mais novo, da marca Essenfelder, nacional, de cor marrom, que eu, universitário do curso de Direito, escolhi, por sugestão de meu pai, na década de 60 do século XX, em Belém, quando aqui havia piano acústico para vender...
Vi meu pai afinando e consertando o complexo maquinário (feltros, martelos etc.) dos pianos lá de casa e outros pianos da casa de minha tia Ninita, do Colégio Santa Clara, do Centro Recreativo etc.
Ele era o afinador de pianos da cidade. E praticamente não usava o diapasão para afinar os instrumentos, pois tinha “ouvido absoluto”.
Outra habilidade de Wilson Fonseca: conhecia o código Morse, utilizado pela velha telegrafia usual.
Certa vez, quando ministrava uma aula de violino, o seu aluno não conseguia aprender um trecho de uma lição. Mas como o discípulo era telegrafista, Isoca logo conseguiu que ele aprendesse aquela parte “difícil” da lição de violino, comparando com uma frase em código Morse. O Mestre deu a dica ao aluno: “olha faz assim, como no código Morse”. Um santo remédio, pois a lição foi imediatamente aprendida pelo telegrafista-violinista...
Embora nunca tenha participado de qualquer jogo de azar, Isoca conhecia todos os bichos do “jogo do bicho”, na ordem alfabética, como se fosse um “viciado” (ele não fumava e nem bebia), desde a avestruz até a vaca. Nós éramos garotos e ficávamos admirados com essa habilidade do “velho”.
Ele fazia mágicas... Revelava as fotos que ele próprio batia... Foi funcionário dos Correios... Escrevente juramentado de Cartório...
Conhecia os títulos de milhares de filmes, seus diretores e artistas, uma vez que sonorizou cenas de inúmeras películas projetadas em Santarém, na época do cinema mudo. Mais de 1.500 filmes (infelizmente, ele perdeu as anotações que guardava sobre todos (esses filmes)... Aliás, Isoca tocava de cor, ao piano, diversas músicas daquele período e se lembrava das cenas e artistas. Tocava até de olhos fechados, porque, na época do cinema mudo, preferia decorar as peças para poder assistir todas as cenas dos filmes.
A sua primeira composição musical, a valsa “Beatrice” (1931), foi elaborada para uma cena do filme “O Beijo”, com Greta Garbo.
Isoca era um pouco médico ou enfermeiro, um pouco engenheiro e um pouco psicólogo. Adivinhou o sexo de todos os filhos numa época que não havia exames capazes de precisar o gênero do bebê. Sabia aplicar injeções. Projetou a sua própria casa, bem como várias reformas. Dava conselhos inesquecíveis para muita gente. Tinha uma intuição fenomenal.
Falarei um pouco de nossa casa em Santarém, esse saudoso e salutar ambiente residencial. Ah! a nossa casa...
Fica situada na Travessa Francisco Corrêa nº 139, esquina com a Rua Floriano Peixoto (bairro central de Santarém), onde meu pai morou, com a família, no período de 1950 até 2002, quando faleceu, em Belém.
Nessa casa a família pretende instituir um memorial ou um museu. O imóvel, aliás, está situado numa região da cidade já preservada pelo Poder Público, pois se trata de uma zona urbana histórica de Santarém.
Logo ao lado reside meu irmão José Agostinho da Fonseca Neto (Tinho), que cuida, com zelo e dedicação, da 'nossa casa'.
Na época (fim da década de 40), meu pai adquiriu apenas um terreno, que pertencia à dona Rufina, uma negra, descendente de escravos.
Inicialmente, naquele terreno, meu pai construiu a casa de sua mãe, a minha avô Aninhas, já viúva do Maestro José Agostinho da Fonseca.
 Depois, ele construiu a sua própria casa, mediante financiamento da Caixa Econômica Federal.
Em seguida, Isoca deu de presente a terceira parte do terreno a seu irmão Wilde (tio Dororó), recém-casado, para a construção de sua casa também.
O meu irmão José Agostinho da Fonseca Neto mora no lugar onde antes residia a minha avó Aninhas, na Rua Floriano Peixoto, nº 282.
Uma curiosidade: meu pai costumava visitar a minha avó, sua mãe, todos os dias, para pedir-lhe a bênção e tomar um cafezinho delicioso, após o almoço. Bastava dar um pulinho na casa vizinha. E os filhos, não raro, sempre o acompanhavam nesse hábito.
Os três primeiros filhos de Isoca (inclusive eu) nascemos em outras residências, alugadas.
Na casa própria, na Trav. Francisco Corrêa, nasceram os últimos três filhos do Maestro Isoca.
Ele contava que começou a pagar a primeira prestação do financiamento, na CEF, em 1950; que o primeiro ano de sua terceira filha Maria das Dores (novembro/1950) foi festejado na casa nova; e que a última prestação do financiamento seria paga no ano em que minha irmã completasse 15 anos de idade (1964), como de fato aconteceu. No ano anterior, ele já compunha a "Valsa dos 15 anos" (1963). E cada filha ainda tem a sua valsa ("Maria das Dores", "Conceição" e "Maria de Jesus"), cujas letras foram feitas posteriormente por mim (havendo, porém, parceria, no texto poético da valsa "Conceição", que elaborei em conjunto com a própria homenageada).
Portanto, muitas composições musicais, inclusive o conhecido bolero "Um Poema de Amor" (1953), dedicado ao meu irmão José Agostinho Neto (Tinho), foram criadas e tocadas justamente nesse saudoso e salutar ambiente residencial.
A visão frontal de nossa casa, em Santarém, permite identificar um detalhe para o qual chamo a atenção. Do lado esquerdo do prédio existe um lugar especial dedicado ao piano. Ali foi edificada uma saleta, com piso elevado, e dois degraus de acesso, parecendo um palco. A família costuma chamar, para esse ambiente, de "redondo", em virtude de seu formato arquitetônico. Em outra dependência da casa existe o “quadrado”, outra pequena sala. Isoca praticamente idealizou todas as dependências da 'nossa casa' e as reformas no prédio.
Ali no “redondo” fica o piano mais antigo, na extrema esquerda do prédio, onde Isoca também guardava muitas, excelentes e raras partituras musicais, de sua própria lavra, de seu pai e de outros compositores. Que preciosidade!...
Quantas vezes ouvi discos, em sua companhia, músicas e músicas, acompanhando as partituras das peças, com as explicações geniais do Mestre...
Antes de tocarmos a Abertura da ópera “Barbeiro de Sevilha”, de Rossini, com redução para Piano a 4 mãos, ele colocou para tocar, na eletrola (equipamento de som), a gravação da orquestra e foi me explicando, detalhe por detalhe, cada trecho. Tocamos diversas outras peças para Piano a 4 mãos em recitais por ele organizados, em Santarém.
Minhas primeiras aulas de piano foram ministradas, por meu pai, naquele piano antigo.
Que saudade!

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Trechos transcritos do livro A Vida e a Obra de Wilson Fonseca (Maestro Isoca), de Vicente José Malheiros da Fonseca – Gráfica do Banco do Brasil (Rio de Janeiro-RJ), 2012. ISBN: 978-85-918752-0-7).

O que ele disse

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sexta-feira, 22 de julho de 2016

Ulalá! É possível quebrar a criptografia do WhatsApp.

Mas que coisa, hein?
Vocês, leitores do Espaço Aberto, são testemunhas de que o blog tem se posicionado claramente, enfaticamente e frequentemente favorável ao bloqueio do WhatsApp, todas as vezes em que seu controlador, o Facebook, não colabora com investigações criminais.
As últimas manifestações a respeito disso, aqui no blog, podem ser lidas nas postagens O WhatsApp não pode ficar acima das leis, de maio deste ano, e Bem-vindo o bloqueio do WhatsApp quantas vezes for necessário, que abordou o bloqueio decretado nesta semana pela Justiça do Rio e derrubado cerca de cinco horas depois pelo presidente do Supremo, ministro Ricardo Lewandowski.
Pois é.
Mas eis que a Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira, a operação antiterror "Hashtag", que prendeu dez pessoas supostamente ligadas ao Estado Islâmico e que estariam planejando ataques durante as Olimpíadas.


E o que se revela nessa parada? Que é possível, ora bolas, grampear o WhatsApp, mesmo que com seus mecanismos de criptografia e sem que o aplicativo, aparentemente, tenha colaborado com as investigações.
Quem revelou essa façanha? O próprio ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, em entrevista coletiva.
Ele explicou que as investigações incluíram a interceptação de conversas em aplicativos como Telegram e WhatsApp.
Dito isso, coleguinhas presentes à coletiva perguntaram a Moraes sobre como a polícia agora conseguiu acesso às conversas do aplicativo.
O doutor, é claro, não quis explicar a técnica usada. "Qualquer mecanismo de investigação não deve ser falado numa entrevista coletiva para avisar um suposto terrorista sobre como se investiga", justificou Moraes. Apesar da não cooperação do WhatsApp, o ministro disse que a investigação tem "outros meios".

Então, a pergunta que fica é esta: se o WhatsApp diz não dispor de condições técnicas e operacionais de ajudar a polícia e a Justiça em investigações, como a polícia pode ter conseguido acesso as mensagens, muito embora o aplicativo utiliza a criptografia, para proteger a leitura de dados com "grampos" tradicionais?

Insegurança no Veropa é o produto mais abundante. E amargo.

Ver-o-peso

A insegurança no Ver-o-Peso (na foto de Thiago Carvalho) está deplorável.
Um dos cartões postais de Belém, expressão da enorme diversidade cultural da Amazônia, o Ver-o-Peso já merece há muito tempo ser melhor policiado.
Na manhã desta quinta-feira (21), leitora paulista do Espaço Aberto, que passa uns dias em Belém, empavonou-se toda (ah, coitada!) para conhecer o Veropa.
Levantou, tomou café da manhã, arrotou e já estava para sair quando viu, pela TV, o caso de um esfaqueamento na feira.
Volta e meia volver!
Ela resolveu, é claro, não se aventurar mais em visitar a área.
E como essa turista, tantos outros que vêm a Belém expõem-se ao risco de assaltos.
E nós também, nativos que somos, corremos riscos quando vamos lá.
Que o diga Vera Cascaes, que já narrou, em uma de suas última crônicas em O LIBERAL, uma desagradável - para não dizer assustadora - experiência que viveu recentemente no Veropa, como você pode ler na postagem Sem lenço e quase sem esperança.
Vish!

Carta Capital terá entrevistas veiculadas pelo Facebook

Vejam só.
Mino Carta não só adianta a matéria de capa da nova edição de Carta Capital como ainda fala de vinho e anuncia o programa Diálogos do Absurdo, que estreia na próxima quarta-feira, pelo Facebook, e vai entrevistar Ciro Gomes, esse verdadeiro lorde dos trópicos (putz!).
Ah, e o mais bacana: espiem o computador de Mino.
É uma máquina manual, daquelas que trazem saudosas lembranças a jornalistas - inclusive os daqui do blog - nascidos de 1500 pra trás.
Hehehe.