segunda-feira, 18 de maio de 2009

A Amazônia

No Blog do Castagna Maia, sob o título acima:

Ao final do encontro em Belém, a jornalista da AEBA me perguntou: “qual o Banco que a Amazônia precisa?”. Percebi, naquele instante, que não há marca mais forte no mundo do que BANCO DA AMAZÔNIA.

II

Não há quem não tenha ouvido falar da Amazônia. Não há quem não se preocupe com a Amazônia, quem não admire, quem não inveje. O grande ativo do Banco da Amazônia é ser o Banco da Amazônia. Em qualquer lugar do mundo que vier a abrir uma agência, a clientela virá ao natural. E poderá disponibilizar projetos sérios, coerentes, que visem proteger as pessoas que vivem na Amazônia e proteger o meio-ambiente.

III

E qual o projeto para a Amazônia? Para construi-lo, é preciso contar com o BASA, com suas agências espalhadas por aquela vastidão, por aquela exuberância. O que é possível fazer na Amazônia que não seja o extrativismo predatório, a destruição? Quem melhor pode opinar é aquele povo, e quem mais tem subsídios para essa discussão é o BASA.

IV

Nós, que não moramos lá, não temos idéia do que é aquela vastidão, do que são as distâncias: viajar 9 dias barco, por exemplo, para chegar em outra cidade. A questão do transporte é importante, é vital. Qual o extrativismo vegetal possível? De que forma? Qual o extrativismo mineral que não seja predatório? E a pesca? E a agricultura? Tudo isso depende da rede de transportes. Mas quem melhor pode opinar sobre isso são os funcionários do Banco da Amazônia. Então, é preciso contar com o Basa para construir o projeto, e colocar o Basa a serviço desse projeto.

V

O que o BASA tem de mais importante é ser o Banco da Amazônia. O que o BASA tem de mais importante é ser DIFERENTE. E fico embasbacado quando vejo projetos tentando fazer do Basa um banco igual aos outros, inclusive na sua estrutura, inclusive na nomenclatura. É seguir modismos, é dar ouvidos a consultorias vindas do centro do País. É tentar fazer igual aos outros um banco que nasceu diferente.

VI
O Basa não sabe o tamanho que tem, não sabe a força que tem. O Basa pode ser um sucesso em qualquer lugar do mundo, desde que se coloque, efetivamente, como o grande braço de desenvolvimento humano e ecológico da Amazônia.

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O comentário da jornalista paraense Vera Paoloni sobre a postagem:

Querido Maia,
Realmente, a Amazônia é um mundo desconhecido por boa parte do país e até por quem vive apenas nas capitais da própria Região Norte. Porque, imagina tu, é um mundo tão complexo e de caminhos das águas que, para irmos de Belém a Santarém (dentro do Pará), gastamos 1 hora de avião ou 3 dias de barco. E de Santarém a óBidos (ainda dentro do Pará), mais 9 horas de barco. De Belém a Afuá, 4 dias de barco e daí por diante. Enfrentando com jeito e galhardia aquele calorzinho que o poeta sintetizou o efeito: de janeiro a janeiro a suar. Uma terra quente e gostosa, de gente valorosa, trabalhadora, gente que acredita no Brasil, acredita no amanhã e vive o hoje driblando as muitas incertezas, mas sempre com muita alegria e hospitalidade.
Uma região que tem o privilégio de ter a floresta, ervas maravilhosas, a melhor cozinha do mundo, peixes, água doce, rios gigantescos e dois bancos públicos: o Banco da Amazônia e o Banco do Estado do Pará, este salvo (com muita luta) da metralhadora giratória que ceifou a imensa maioria dos bancos estaduais no governo FHC. O Banco da Amazônia também foi salvo da privatização no governo FHC também pela mobilização e articulação com a sociedade e o movimento sindical combativo deste País.
Ambos têm a direção geral em Belém do Pará. Os dois podendo ser importantes instrumentos de crédito, de fomento, de desenvolvimento, de projetos de inclusão.
O Banco da Amazônia traz no nome uma das maiores marcas mundiais: Amazônia.
Um banco que tem, como bem disseste, uma força descomunal que o próprio banco não se apercebe. Podia trabalhar com o crédito verde; podia trabalhar com todas as vocações e identidades amazônidas, criar uma rede solidária que combinasse lucro com respeito ao meio ambiente e inclusão social. Podia ser forte no microcrédito. Podia ser tudo isso e um grande braço do governo federal no rumo do combate às desigualdades, no respeito ao meio ambiente. Podia ser o banco que a Amazônia precisa, que o Brasil precisa.
Ao invés de ser isso, a direção do Banco da Amazônia prefere seguir a moda dos grandes bancos privados e até mesmo de alguns públicos com mentalidade privada: estimular apenas a área comercial, em detrimento da área de fomento, da área que pode desenvolver com justiça social. Podia ser um braço do governo, mas prefere ser um braço do mercado.
É claro que ao implementar esse modelo de lucro pelo lucro, o banco esbarra no movimento sindical combativo que desenha e trabalha por um modelo de banco que atenda à sociedade incluindo as famílias no seu município; que crie corredores de consumo e dê acesso ao crédito de juros baixos e sem burocracia. Um banco que seja vanguardista na área de carbono, do crédito verde. Um banco que se coloque no mundo com o patrimônio de carregar no nome a Amazônia.
Para isso, é preciso enxergar o mundo não com os olhos do mercado, mas com os olhos de quem estimula projetos a partir das vocações regionais. Um banco que traz a marca da Amazônia precisa ter alma. A alma da Amazônia e não a de Wall Street ou avenida Paulista.
Maia, parabéns pelo artigo e pela palestra no encontro nacional da AEBA - Associação dos Empregados do Banco da Amazônia.

Grande abraço,
Vera Paoloni

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