Na VEJA:
Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá completam neste sábado, dia 22, 200 dias de prisão preventiva. No curso de quase sete meses, o casal acusado do assassinato da menina Isabella, filha de Nardoni e enteada de Anna Carolina, amargou uma sucessão de derrotas processuais (teve negados nove pedidos de soltura, dos quais o último na semana passada, pelo Supremo Tribunal Federal), viu os filhos no máximo três vezes e experimentou a sensação de ser hostilizado pelos piores entre os piores – já que a brutalidade do crime os coloca na mais infame das categorias da cadeia, aquela que é desprezada até mesmo pelos párias. Para saber como vivem hoje o pai e a madrasta de Isabella, VEJA ouviu ao longo de um mês 28 pessoas, entre pais, amigos e advogados dos acusados, além de parentes de detentos e funcionários das prisões onde eles se encontram.
Nardoni e Anna Carolina estão em cadeias vizinhas, em Tremembé, no interior de São Paulo. Ele está mais gordo e bem mais à vontade do que na sua primeira, e traumática, noite na Penitenciária Dr. José Augusto Salgado. Na ocasião, presos prepararam para ele uma recepção inesquecível. à meia-noite, passaram a repetir um refrão em uníssono: "Pára, pai! Pára, pai! Pára, pai!". A frase havia sido relatada à polícia por vizinhos dos Nardoni, que disseram tê-la ouvido de uma criança que estava no apartamento do casal, pouco antes da morte de Isabella. Trancafiado em sua cela e com o coro dos presos, que durou um minuto, martelando-lhe os ouvidos, Nardoni caiu em prantos.
Atualmente, ele divide a cela – equipada com televisão, rádio, três beliches duplos e chuveiro frio – com mais quatro presos. Um deles, de quem ficou mais próximo, é o advogado Jerônymo Ruiz Andrade Amaral, detido por tentar levar celulares para clientes presos, ligados à facção criminosa Primeiro Comando da Capital. Ao contrário da maioria das prisões paulistas, superlotadas e com número insuficiente de vagas de trabalho, a penitenciária de Tremembé, considerada modelo, tem leitos de sobra e emprego para tantos quantos queiram trabalhar. Mas a atividade é obrigatória apenas para os presos condenados. Entre os provisórios, trabalha quem quer. Alexandre, até hoje, não quis. Por causa disso, sua rotina é um pouco diferente da dos demais. A maioria dos detentos acorda às 6 da manhã, quando é feita a contagem dos presos, toma café, segue para o trabalho nas oficinas e, mais tarde, para alguma aula (de línguas, música ou computação). Entre 16 e 17 horas, eles vão para o banho de sol, quando aproveitam para jogar bola. Depois disso, é jantar e cama. Como Nardoni não trabalha nem estuda (vez ou outra comparece às aulas de música), continua na cama até por volta das 10 da manhã. Quando vai para o banho de sol, não participa das peladas: fica sentado na arquibancada, sozinho ou acompanhado do amigo Jerônymo. Muitas vezes, dispensa uma das refeições, já que recebe comida de sobra dos pais, que o visitam semanalmente. Antonio Nardoni e a mulher chegam carregados com uma caixa e sacolas de frutas, bolachas, chocolates, refrigerantes e outras guloseimas para o filho dividir com a cela toda. Também deixam remédios, pasta de dentes, repelente contra insetos (a prisão fica em uma área repleta de mata, o que atrai pernilongos) e revistas, que Nardoni pouco lê. Ele prefere ver TV, o que faz praticamente o dia todo.
Mais aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário