No AMAZÔNIA:
'Todo mundo tem direito a uma segunda chance'. Elton Ferreira Formigosa, o jovem de 22 anos que tentou se suicidar anteontem, ameaçando se jogar do alto de uma torre de energia, no bairro da Cabanagem, diz que está arrependido. Ele conversou ontem com a ex-companheira, Elenice Miranda, viu a filha de um ano e prometeu se comportar para ter a família de volta. 'Não dizem que errar é humano? Eu errei e estou arrependido de ter feito isso. Só quero que tudo volte a ser como era antes', disse.
Elenice conviveu com Elton durante dois anos e seis meses. O casal morou junto em um quarto construído pelo padrasto do jovem, Juscelino Ferreira Mendes, no quintal da casa da família, na passagem WI-9. Mantinham um relacionamento estável e falavam em casar e se mudar para uma casa nova.
A união começou a desandar porque o rapaz ficou desempregado e deixou de contribuir com as despesas. Elenice queria sair com as amigas, ir para festas, enquanto Elton insistia em ficar com a filha. O ciúme e o vício do rapaz pela bebida fez a jovem voltar para a casa dos pais.
A escalada na torre do linhão foi a segunda tentativa de suicídio em uma semana. Sete dias antes, Elton amarrou uma corda no pescoço, trancou-se no quarto e só desistiu de se enforcar quando Elenice aceitou conversar. O jovem passou a noite sem dormir, esperando a companheira voltar para casa. Ele planejava levar a filha para um passeio na praça do Panorama XXI, mas ficou sem saber o paradeiro da companheira até o dia seguinte.
Na mesma semana, Elton foi aconselhado pela irmã de Elenice a se afastar. 'Ela disse que não gostava de ver a Nice me fazendo de besta. Falou para eu procurar outra mulher, porque ela estava doida. Não queria mais saber de mim. Eu disse que não queria saber, que perdoava tudo o que ela fez de errado e que eu ia mudar', desabafa o rapaz, angustiado, no primeiro dia no novo emprego como ajudante de pedreiro.
'Domingo, ela sumiu de novo. Disse que ia buscar um remédio para a neném na casa da mãe, mas nem apareceu por lá. Eu fui procurar e me disseram que ela não tinha dormido em casa. Me deram um telefone. Quando eu liguei e disse que era o marido, a pessoa desligou', recorda.
Na segunda, ainda sem saber onde a companheira estava, o jovem foi procurar o padrasto para tentar conseguir se empregar em uma construção, na avenida Independência. 'Resolvi subir na torre depois de ser caçoado pelos meus colegas. Ia me jogar mesmo. ‘Tava’ decidido. Depois que eu pensei muito na minha filha, resolvi voltar. Eu sei que ela precisa de mim. Foi loucura o que eu fiz'.
O primeiro dia de trabalho como ajudante de pedreiro na construção, a alguns metros da torre da Eletronorte, foi difícil. Os vizinhos ainda fazem brincadeiras sobre a relação infiel de Elenice com o rapaz. 'Até os meus amigos vieram caçoar de mim. Todo mundo fala que eu sou corno, que eu tinha que beber para esquecer dela. Não adianta. Quando eu bebo, eu fico mais triste'. Na mão esquerda, o jovem ainda leva tatuado o apelido da agora ex-companheira, 'Nice'.
Elton foi levado ao Hospital de Clínicas Gaspar Vianna para passar por uma avaliação psiquiátrica ainda na segunda-feira. O jovem foi medicado e encaminhado para uma consulta com um psicólogo no Hospital Abelardo Santos, em Icoaraci. 'Eu não sou doido. Não tenho que ficar em hospício. Só não paro de pensar na Nice um minuto do dia. O meu problema é que eu amo demais'.
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