Vereador senta a pua no piadista. Durante uma hora.

O vereador Carlos Augusto Barbosa (DEM) passou uma hora, de relógio, sentando a pua em Duciomar Costa, aquele que é prefeito de Belém nas suas pouquíssimas horas vagas e vagas e se destaca como piadista em tempo integral, um dos maiores que a cidade já conheceu.
“Eu gostaria de morar na Belém que aparece na propaganda da prefeitura”, disse o vereador, entrevistado nesta terça (27) à noite, no programa “O Jogo do Poder – Amazônia”, apresentado pelo jornalista Sérgio Palmquist, na TVM Canal 17, da Rede CNT. O jornalista Alfredo Garcia, como convidado, também participou do programa.
Carlos Augusto reforçou que Duciomar, quando pressionado pela oposição, “sempre melhora alguma coisa”, ainda que as obras, não raro, sejam cosméticas. Lembrou, por exemplo, que a prefeitura resolveu melhorar o asfaltamento na avenida Nazaré em pleno dia, na semana que antecedeu o Círio. “Ele [Duciomar] poderia mandar asfaltar à noite, de madrugada. Mas fez durante o dia apenas para chamar atenção”, disse o vereador.
Carlos Augusto admitiu que a CPI da Saúde, que terminou sem qualquer responsabilidade de autoridades municipais, foi um dos momentos mais deploráveis do Legislativo Municipal. “Eu saía da Câmara com vergonha de dizer que era vereador de Belém. O que tinham de investigar não investigaram. Denunciei na Câmara o que já havia sido denunciado pelo Ministério Público”, afirmou o democrata.
Ele recordou que a gestão Duciomar recebeu R$ 3 milhões em verbas federais para equipar postos de saúde em vários bairros de Belém, mas até agora os equipamentos estão sumidos. “E a Prefeitura está propondo à Justiça para indenizar, repor os equipamentos com dinheiro do povo. Por que o povo tem de pagar? Quer dizer: a prefeitura pretende cobrir um buraco, o das verbas federais, mas vai abrir outro, nos cofres municipais”, disse o vereador.

Preocupação com a impunidade
Carlos Augusto mostrou-se preocupado com a impunidade. Disse que tem acompanhando vários procedimentos no Ministério Público. Admitiu que o acúmulo de trabalho no MP é excessivo, mas acha que todo o esforço deve ser feito para impedir que a impunidade se dissemine.
“Tenho cobrado do Ministério Público. Mas o MP alega que são muitos procedimentos. No entanto, o que me admira é o tempo, que é muito longo. São três anos para concluir um processo. Isso alimenta a impunidade”, disse Carlos Augusto.
Ele defendeu prioridade e celeridade para questões essenciais, como a que envolve a Saúde. “Todos os dias, a Imprensa denuncia casos de pessoas morrendo nos pronto-socorros. Mas você fica de mãos atadas. Como vereador, às vezes me sinto impotente para fazer as coisas”, lamentou.
Ele lembrou o escândalo dos carros adquiridos pela Prefeitura Municipal de Belém para serem utilizados em ações na área de Saúde, mas que foram desviados para utilização da Guarda Municipal, conforme comprovou o Ministério Público, que chegou a processar Duciomar Costa por improbidade administrativa. O processo tramita no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília.
Sobre as pretensões da Prefeitura em relação aos serviços de abastecimento d’água em Belém, atualmente sob a responsabilidade da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), Carlos Augusto disse não ter a menor dúvida de que a intenção de Duciomar é privatizar o serviço. E de antemão posicionou-se contrário à privatização, da mesma forma que foi contrário à transferência da Celpa para a iniciativa privada. “Se o serviço de água em Belém for privatizado, a população vai pagar tarifa social mais alta”, advertiu.
Sobre as eleições de 2010, Carlos Augusto disse seu partido tem na ex-vice-governadora Valéria Pires Franco uma opção tanto disputar o governo do Estado como o Senado. “Ela está muito bem nas pesquisas”, lembrou.

Alianças sem restrições
O vereador também não descartou a possibilidade de seu partido formalizar uma aliança tanto com o PSDB, aliado tradicional do DEM, como com o PMDB de Jader Barbalho e até mesmo com o PT da governadora Ana Júlia Carepa. Nesse sentido, Carlos Augusto lembrou a direção nacional do DEM já liberou os diretórios regionais para estabelecerem alianças sem restrições a qualquer partido, nem mesmo ao PT.
Carlos Augusto não fez uma boa avaliação do governo Ana Júlia, mas acha que há tempo de reverter essa imagem negativa. “Acho que o governo Ana Júlia precisa melhorar muito. É o que dizem as pesquisas. Eu torço para que o governo dê certo. Quero é que a população do nosso Estado se beneficie de um bom governo, mas acho que ela precisa melhorar”, afirmou.
Ele concordou com a máxima atribuída ao ex-governador do Pará Magalhães Barata, segundo a qual “lei é potoca”. Exemplificou com seu próprio caso. Disse que apresentou na Câmara um projeto que virou lei, determinando que todo ano, na semana que antecede o Círio, a prefeitura deve organizar em Belém um Festival do Açaí. A lei, deplorou Carlos Augusto, passou em brancas nuvens este ano.