Parsifal: “A Sespa sempre foi uma prelazia do governo”

A deserção de toda a diretoria – indicada pelo PMDB - do Ofir Loyola; a entrevista do deputado Jader Barbalho, presidente regional do partido, classificando de “coisa de fofoqueiros” e de “amontoado de bobagens” a auditoria da AGE que resultou na queda da diretoria do hospital, a definição do deputado Parsifal Pontes, líder da bancada peemedebista, de que está no DNA do PT não respeitar os aliados; e a entrevista-bomba do presidente do PMDB de Belém, José Priante, dizendo que o governo Ana Júlia não é do peru, mas do fuxico.
Tudo isso compõe o cenário de um capítulo – mais um – que teve o desfecho ontem, na Assembléia Legislativa do Estado, quando Parsifal anunciou publicamente que o partido resolveu abrir mão de todos os cargos na estrutura da Secretaria de Saúde, inclusive as Regionais da Sespa no interior do Estado.
Repita-se: apenas mais uma capítulo terminou.
Outros vão começar.
Quentíssimos.
Um mais quente que o outro.
“A Secretaria de Saúde sempre foi uma prelazia do governo Ana Júlia”, atacou o deputado Parsifal Pontes, em conversa com o repórter por telefone. “Em verdade, há muito que o PMDB não se sentia mais representado na Sespa com a secretária Laura Rossetti. E, ao entregarmos os cargos, deixamos a governadora à vontade para manter ou trocar quem quiser. E o PMDB mostra que não briga por cargos”, acrescentou o deputado.
Parsifal destacou que o gesto do partido não significa o rompimento. “Mas ficou mais claro que chegou o momento de avaliarmos se vale mesmo a pena ou não continuarmos no governo, e da forma como o governo tem tratado o PMDB”, disse Parsifal.
Nesse ponto, parece até que não era Parsifal falando, mas José Priante, presidente municipal do PMDB.
Leiam o que Priante disse aqui no blog, em conversa com o repórter no dia 7 de maio passado:

“O PMDB deve sair do governo Ana Júlia. Aliás, o partido já deveria ter saído e agora está perdendo uma grande oportunidade de deixar o governo. O momento é agora. É mais ético, mais digno, mais sensato sairmos do governo do que permanecermos nele e ficarmos reclamando.”

Agora, leiam o que Priante disse na entrevista-bomba à Rádio Tabajara, em entrevista ao vivo no sábado passado, dia 16:

“A permanência do PMDB no governo não é mais possível. Quando encontro com prefeitos, deputados, lideranças do interior, todos reclamam do tratamento do governo ao partido. É preciso, então, que o PMDB saia do governo e discuta os seus rumos, o seu destino, o seu projeto. Ou então que fique no governo, mas pare de reclamar. É mais ético, é mais digno.”

E mais: ainda na entrevista à Tabajara, leiam o que Priante disse ao se referir à Sespa na era Halmélio:

“Eu apenas indiquei o Halmélio. Mas ele procurou intimidades, procurou ter prestígio pessoal com a governadora e com familiares dela, que passaram a pautar o Halmélio. E a partir de então ele passou a não mais seguir orientações minhas.”

Se vocês leram bem, é certo que facilmente concluíram.
O PMDB, de fato, havia tempos já pulara fora do barco da Sespa, que primeiro teve Halmélio no timão e depois Laura Rossetti, ambos, vale ressaltar, não mais reconhecidos como indicações do PMDB.
E aí?
E aí que precisamos esperar os próximos capítulos.
Mas a corda continua sustentada apenas por um fiapo.
E a aliança – como também o fiapo -, não passa de um uma ilusão de ótica.
Basta ver, ouvir e ler o desenrolar desses enredos para constatar.