A debandada geral do PMDB dos cargos que antes ocupava na Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) e este momento de corda esticada até o limite dos limites, no relacionamento entre PMDB e governo do Estado, acabou atribuindo repercussões ainda mais amplas a um requerimento apresentado ontem, na Assembléia Legislativa do Estado, pela deputada Simone Morgado.
Mesmo sem querer, a deputada deu sua prestimosa colaboração para a corda ficar mais esticada.
Ou mais tensionada, como diriam os coleguinhas chegados a essas análises políticas mais refinadas.
Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária (CFFO), a mais importante da Casa, juntamente com a de Comissão de Constituição e Justiça, Simone teve aprovado à unanimidade, pelo plenário da Alepa, requerimento para que o governo do Estado encaminhe à CFFO os relatórios de todas as auditorias realizadas até agora pelo Executivo, por meio da Auditoria Geral do Estado.
“Estou aprendendo...”
“Eu prezo o lado técnico, até porque tenho uma formação técnica de economista. Eu tenho cinco anos na atividade política, mas só agora é que estou aprendendo”, disse a deputada ao blog.
Como todo peemedebista – para não dizer todo deputado, seja governista ou petista -, ela tem reclamações do governo Ana Júlia.
E como!
Mas Simone foi clara ao dizer que seu requerimento não atende a interesses políticos pessoais e nem tampouco foi apresentado para temperar a crise que apimenta cada vez mais as relações entre governo e PMDB.
“Eu só presidente de uma comissão técnica, uma comissão de fiscalização. Eu não posso desempenhar bem esse desafio de ser presidente dessa comissão se eu não tiver instrumentos, se eu não tiver elementos para acompanhar a execução do orçamento. Como eu vou saber, por exemplo, se uma verba destinada pelo governo do Estado foi realmente aplicada num programa de trabalho que está no Orçamento?”, questiona a deputada.
Emenda ignorada
Ela apresentou um exemplo concreto.
“Eu apresentei em 2007, para o Orçamento de 2008, emenda de R$ 1 milhão para a restauração do Colégio Estadual Mâncio Ribeiro, em Bragança [reduto eleitoral da parlamentar]. O projeto arquitetônico está pronto. Mas não foi liberado um centavo sequer”, deplora Simone. “Se nós, na comissão, não tivermos informações, não poderemos ter noção do que está sendo feito com o dinheiro público”, acrescenta a peemedebista.
Simone não quer apenas dispor de mais informações do governo do Estado para exercer o trabalho de fiscalização.
Ela disse que tem cobrado, além disso, melhores condições físicas para que a CFFO trabalhe a contento. “Quando eu cheguei aqui, nós tínhamos uma impressora de quinta [categoria]. O presidente Domingo Juvenil já providenciou uma impressora mais digna para podermos trabalhar. Então, é preciso que nos estruturemos melhor para fiscalizar o governo”, justifica a deputada.
Contagem regressiva
Começa assim, para a AGE, a contagem regressiva para o envio de toda a papelada, que, segundo o requerimento, deve abranger o período de janeiro de 2007 até este mês de maio de 2009.
Abrange a auditoria feita no Hospital Ofir Loyola, da qual resultou a exoneração de toda a diretoria, formalizada no Diário Oficial de ontem?
Abrange.
É mera coincidência.
Sabe-se lá.
Coincidência ou não, o relatório sobre o Ofir Loyola deverá constar da papelada.
Necessariamente.
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